[Parodiando filmes adolescentes das décadas de 80 e 90, o filme consegue divertir, ainda que não agrade a todos]
Antes de tudo, é preciso dizer que a tradução brasileira mais uma vez prejudicou parcialmente a imagem de um filme para os espectadores daqui. Este não foi o único problema em sua divulgação (o poster é péssimo), mas ao lermos "Não é Mais um Besteirol Americano" há a impressão de que o filme faz sarro de filmes literalmente besteirois quando, na verdade, parodia filmes adolescentes famosos, que marcaram sua época, seja como comédia, romance ou drama. O filme possui muitas besteiras e algumas vulgaridades típicas, é verdade, mas as imitações de outros filmes são bastante engraçadas e sutis.
A história principal gira em torno da tentativa, por parte do popular Jake Wyler (Chris Evans), de transformar a isolada Janey Briggs (Chyler Leigh) na rainha do baile do colégio John Hughes (belo nome). Por fora, ainda temos os três jovens nerds que querem perder a virginidade (Ox, Bruce e Mitch), a líder de torcida patricinha (Priscilla), o "token black guy" (Malik), o gordinho azucrinado, a garota popular malvada e diversos outros esteriótipos encontrados nestes tipos de filme. Porém, o longa não tenta ser extremamente apelativo ou forçado, como encontramos em algumas porcarias lançadas recentemente (Espartalhões, Liga da Injustiça, etc), fazendo boas sátiras, de modo a não desmerecer o filme representado.
A tentativa da fazer a menina isolada virar a rainha do baile é paródia de Ela é Demais. De American Pie, vem a cena inicial e o menino Ox (paródia do romântico Oz). De Segundas Intenções, a irmã que gosta do irmão. De 10 Coisa Que Eu Odeio em Você, a irmão que depende da irmã e o garoto do aplauso. Isso só pra citar alguns. Ainda há claras referências a Beleza Americana, Teenagers - As Apimentadas, Gatinhas & Gatões, Karatê Kid e diversas outras hilariantes, como nas menções a O Clube dos Cinco e Nunca Foi Beijada. As opções eram imensas, e o filme conseguiu reunir a essência de cada um desses ( e de outros), de modo a causar um reconhecimento quase instântaneo por parte de quem já viu o filme.
O roteiro pode parecer o mais imbecil e simples possível, mas é especialmente engraçado e consegue unir os filmes de forma pertinente e, até diria, inteligente. Cada paródia tem uma cena especial para si, juntamente com outras clássicas do próprio filme, como o número musical na formatura. Não é Mais um Besteirol Americano faz graça dos diversos clichês que são jogados na nossa cara nos filmes do gênero e, por mais que saibamos o que vem pela frente, ainda sim conseguimos rir, já que o retrato é a mais pura verdade. Por horas pode exagerar de forma desnecessária (principalmente com Catherine), como nas cenas de conotação sexual e humor negro, mas é impressionante como o humor se mantêm constante, com atuações decentes e boas sacadas dos roteiristas. As piadas funcionam de modo eficiente.
Porém, é natural reconhecer que este é um filme que não agrada a todos, principalmente aos não fãs de comédias escrachadas. Também pode ser chato pra quem não viu ou não sabe do que se trata os filmes satirizados. Contudo, isso não o impede também de ser altamente subestimado, pois já vimos o seu "irmão" Todo Mundo em Pânico fazer um imenso sucesso partindo da mesma premissa. Premissa essa que impediu Não é Mais um Besteirol Americano de se tornar um pequeno clássico da comédia, talvez por alguns pequeno exageros do longa em si mas, essencialmente, pela péssima divulgação e o consequente pré-conceito gerado em torno dele.
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