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Whiplash: Em Busca da Perfeição

(Whiplash, 2014)
8,2
Média
650 votos
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Críticas

Cineplayers

Sangue, suor e cortes.

7,0

Ao longo do último século, Jacques Aumont, Noel Burch, André Bazin e Sergei Eisenstein, para citar alguns nomes, se debruçaram criticamente sobre o estudo da forma do filme e consequente diálogo com o público. A chamada decupagem, que com o passar do tempo ganhou nova definição e função, da imagem ao roteiro, amplifica a noção de como se comunicar através de uma imagem impura  - tendo o corte como o ponto principal.

Um filme sobre um baterista em busca da performance ideal expande a relação da decupagem através do mais instintivo dos instrumentos. Damien Chazelle, que continua sua saga sobre o jazz após Guy and Madeline on a Parker Bench (2010), faz um filme de explosões. Whiplash se resume a acender pavios muito curtos em eixos dramáticos para o êxtase regido pela figura vilanesca de Fletcher (J.K. Simmons), este o maior suporte narrativo e representação dos contrastes sobre os sentidos e limites do filme. 

Em resposta protocolar - a necessidade de justificar e se afirmar como um drama -, Whiplash se preserva como um filme de manipulações trágicas visualmente apoteóticas. O jovem Andrew, como qualquer protagonista de filmes motivacionais, está à procura de afirmação e respostas para o seu sonho. A saga é interrompida diversas vezes, como qualquer filme, repito, motivacional, pela negação, pelo acaso e claro, por Fletcher. Estes eixos são cronometrados para a assimetria ideal com os números de Andrew à frente do kit de tambores e pratos.  É a dominância crescente da fórmula: Andrew poderia estar em um ringue para remeter a Rocky - Um Lutador ou sofrer feito Zack Mayo em A Força do Destino e o escopo seria mantido: não desistir, continuar até à perfeição - o que é inerente ao gênero.

A cada quadro, Whiplash exibe a ciência de Chazelle pela identificação com conceito de caos progressivo entre tantos momentos de bonança. A escuridão dos estúdios e do palco evidenciam o escape de Andrew em espaço externo para que a surpresa do transporte para um mundo pouco explorado - o gênero musical e principalmente o instrumento - se renove a cada aparição. Nestes momentos a decupagem se faz dona do filme, onde sangue, suor e lágrimas representam, a cada close, um passo dado pelo jovem.

Em sequências regidas pelo diálogo imagético, no qual Andrew se depara apenas com a pressão exterior psicologicamente, Whiplash é bem sucedido. As manobras dramáticas se evidenciam pela força que transcende todo arco construído por Chazelle. A entrega do protagonista até o corte final coloca em evidência o peso da decupagem em casos como este. O paralelo entre o instinto humano com o instinto cinematográfico é o grande acerto, principalmente por se tratar de um filme sobre boicotes.

Comentários (37)

Daniel Oliveira | segunda-feira, 12 de Janeiro de 2015 - 10:22

Gostei muito do filme, tem uma direção e atuações impecáveis. Um clímax fantástico e arrojado, mas me decepcionei um pouco com o roteiro, bem aquém do restante da obra.

Também escrevi uma crítica no meu blog pessoal, se quiserem conferir, segue o link 😉
http://cinefiloemserie.blogspot.com.br/2015/01/critica-whiplash-em-busca-da-perfeicao.html

Pedro Henrique | terça-feira, 13 de Janeiro de 2015 - 23:18

O trailer é fantástico, só ele já me motivou a ver o filme. E olha que um trailer tem que ser muito bom pra me obrigar a assistir algo.

Cristian Oliveira Bruno | quinta-feira, 15 de Janeiro de 2015 - 19:40

Desde que assisti pela primeira vez o seriado OZ, virei fã de J.K. Simons. Que baita ator!!!

Ana C. S. Castro | domingo, 02 de Agosto de 2015 - 15:07

Não sou nenhuma especialista em cinema, como muitos aqui. Então, só me resta dar uma opinião não-técnica. Adorei o filme, achei-o pouco previsível. Também gostei muito da cena em que a Nicole dá um fora nele, haha. Às vezes ficamos tão obcecados pelo nosso trabalho que esquecemos que somos seres naturalmente sociáveis. Até mesmo aqueles que se dizem anti-sociais precisam de algum feed back das pessoas.

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