Duelo de gigantes em filme que mostra tudo que uma obsessão pode destruir.
Whiplash: Em Busca da Perfeição vem dando o que falar já há quase um ano, desde que surgiu em Sundance último. Visto agora, percebo como todo e qualquer elogio parece justificado e merecido. De cara, a pergunta a ser feita é "onde diabos esteve Demien Chazelle todo esse tempo?", porque um talento desse não deveria nascer da noite pro dia. A segunda pergunta seria "Miles Teller vai parar de crescer?", e ai esperamos que a resposta seja não, porque o guri ganha potência a cada novo trabalho, e aqui sua entrega não somente é impressionante como encontra eco.
Desde a primeira distanciada cena o filme se entende e vende como um estudo sobre a obsessão, e como um cada um de nós lida com os desafios que nos auto empunhamos. O roteiro dedicado se apresenta aos poucos e sorrateiramente vai enredando o público numa trama que a princípio teria mais a afastar do que a agregar, mas é impossível resistir depois de meia hora, ou até antes. Graças ao esforço conjunto de montagem, sutilíssima trilha e uma direção que alinhava muito bem grande convergência de atos, o filme nunca esquece de seus tempos e tipos, que na verdade são bem poucos; mais precisamente e de foco principal, dois.
Para cada obsessão seria necessário um obcecado e o um agente/fator que deflagraria tais atos? Ao menos aqui no filme sim, nosso protagonista não sonha em ser um grande baterista, mas entrar para a história do seu instrumento. Para tal feito, Andrew parece ver apenas um foco: Terence Fletcher, o renomado instrutor musical da faculdade que ele freqüenta. Mas nem Andrew é o aluno habitual, muito menos Fletcher o instrutor comum. Num jogo que de cara se mostra perigoso e tenso, colheres encharcadas de insanidade serão inseridas nessa relação, literalmente um barril de pólvora.
Se Teller é um dos jovens atores do momento, cujo talento só se expande, a figura de Fletcher ganha personificação em JK Simmons, que aqui sai de uma zona de conforto para se tornar um furacão. O duelo entre professor e aluno fica cada vez mais intenso pelo valor que ambos impregnam a seus personagens, e Simmons se transfigura a cada nova cena, cada vez mais irascível e descontrolado, mesmo ele também sendo um obcecado por controle. Trabalhos de enorme quilate num filme que só peca ao pincelar a vida pessoal do aluno, que de tão pouco interesse que suscita só poderia ficar em segundo plano, abrindo alas para a obsessão como uma patologia de difícil cura.
Visto durante o Festival do Rio 2014
Milles Telles só vem crescendo. com certeza vou conferir
Poxa, eu não estava botando fé, mas parece ser fantástico!
Filme bastante bom. Mas no mínimo, faltou aplausos no final do filme, no mínimo. Aplausos no filme mesmo, a platéia do show de Jazz tinha que ter aplaudido, pelo menos é isso que o filme me fez entender, que Andrew tocou muito bem a música final. Talvez Fletcher também aplaudiria. Mas como o filme acaba no fim da música, ficamos sem saber: Os dois fizeram as pazes? São inimigos? Andrew vai seguir carreira de bateirista?
Denovo, se tivesse os aplausos pelo menos, da platéia e do Fletcher, ficaria subentendido que os dois formariam um conjunto.
A obstinação - literalmente sangrenta - do rapaz em busca da batida perfeita junto com a atuação insana de J K Simmons mantém o filme de pé.