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Críticas

Cineplayers

Um filme para os fãs.

7,0
"Na Era do Caos, duas facções lutaram por dominação.

O Reino de Azeroth era próspero.
Os humanos que lá habitavam transformaram a terra em um paraíso.
Os Cavaleiros de Stormwind e Os Clérigos de Northshire Abbey percorriam por toda parte, servindo o povo com honra e justiça.
Exércitos bem treinados do Rei mantiveram a paz por muitas gerações.

Então, as hordas de Orcs chegaram.

Ninguém sabia de onde aquelas criaturas haviam vindo,
E ninguém estava preparado para o horror que eles causaram.
Seus guerreiros usavam machados e lanças com propriedade mortal,
Enquanto outros montavam lobos negros como uma noite escura sem lua.
Sua mágica tinha um poder destrutivo inimaginável, provindo do fogo do submundo.

Com um arsenal engenhoso e magias poderosas, essas duas forças colidiram em uma batalha de destreza, intelecto e força bruta.
Onde o vitorioso clama pela dominação de toda Azeroth.

Seja bem vindo ao Mundo de Warcraft."

Lançado em novembro de 94 para os computadores da época, Warcraft era um jogo que colocava frente a frente duas raças, os Humanos e os Orcs, lutando por um território chamado Azeroth. Esta simples premissa é o mote para o esperado filme que chegou aos cinemas essa semana pelo mundo, corajosamente partindo do princípio de uma história muito mais complexa do que essa.

Os vinte anos que separam o jogo original de Warcraft - O Primeiro Encontro de Dois Mundos (Warcraft, 2016) serviram para expandir essa narrativa para algo muito mais profundo. Quem acompanhou o desenvolvimento do lore da série sabe que as coisas não são preto e branco assim; os Orcs, manipulados por Gul'dan, não querem apenas destruição, mas sim evitar a aniquilação de sua raça, enquanto os Humanos tentam, desesperadamente, proteger sua população. É uma guerra de duas visões, onde há heróis e vilões em ambos os lados, e o filme deixa isso bem claro ao apresentar Lothar, um dos cavaleiros reais, e Durotan, um dos Orcs que questionam tal matança, de maneira destacada.

Por ser fã confesso da franquia, é importante deixar claro uma coisa: assim como Final Fantasy VII: Advent Children (idem, 2007), Warcraft é um filme feito por um fã para os fãs, então o espectador comum não irá captar nem de perto todas as referências que estão em tela. Não que ele seja obrigado. Sempre defendo que um filme tem que conter tudo o que a pessoa que está assistindo irá precisar para sua compreensão, e nesse ponto Warcraft até que faz um bom trabalho, mesmo volta e meia soando meio apressado. Apesar de usar nomes e mais nomes, eles apenas aprofundam a história, pois sua compreensão é simples e clara - tudo foi simplificado para a iniciação da jornada nesse universo. 

Gul'dan e os Orcs deixam sua terra para Azeroth através de um portal, e os humanos lutam contra tal invasão. Ponto. A história é essa, bem simples, e a pessoa que gosta de fantasia e aventura estará bem servida. Não há uma variedade (ainda) tão grande quanto em O Senhor dos Anéis porque a Blizzard, corajosamente, resolveu contar a história da série do micro para o macro, desde o início do confronto, ao invés de começar por sua parte mais comercial, que talvez seja o embate entre Arthas e Illidan - algo que George Lucas fez lá nos anos 70 quando começou a franquia Star Wars pelo episódio 4 (não estou fazendo comparações direta entre os filmes). O tempo e a bilheteria irão dizer se foi uma decisão acertada.

Duncan Jones é fã confesso e o nome perfeito para conduzir Warcraft. Diretor de talento, emprestou o seu conhecimento e habilidade para construir o 'Eastern Kingdoms' (continente onde a história se passa) lotado de rimas visuais com os games; cenários serão facilmente identificados e até um Murloc, criatura mais querida da franquia, faz uma participação especial. Ao mesmo tempo, as inevitáveis adaptações feitas para a história se passar em outra mídia funcionam e respeitam os acontecimentos originais na medida do possível - Dalaran, por exemplo, já aparece voando para causar um impacto visual maior e o destino de Blackhand e Garona foram alterados do original para engrandecer atos.

Mas vamos falar de cinema? Narrativamente, o filme começa de forma abrupta: já vemos os Orcs caminhando para um Dark Portal praticamente pronto. Poderia haver uma introdução para situar os acontecimentos e não deixar as pessoas tão perdidas logo de cara. Como dito, isso é explicado de forma eficiente depois, mas cinematograficamente falando não dá para deixar o público tão perdido assim em uma introdução. Uma animação de uns 5 minutos não influenciaria tanto na duração do longa (que teve um corte de 30 minutos) e ajudaria a quem não está habituado a se situar melhor na urgência da situação.

Esteticamente falando, as armaduras dos humanos são impressionantes, assim como todo o trabalho feito em cima da caracterização dos Orcs - imponentes, gigantes, selvagens e brutos. O mais legal: eles não são todos iguais, pois cada um possui características únicas marcantes e o público jamais ficará perdido em quem é quem naqueles personagens verdes. Isso é um ponto alto da produção. Já os atores que fazem os humanos não foram tão bem escolhidos, com a exceção de Lothar: meio genéricos, sem graça e parecem não combinar tão bem com aquele universo. Vamos ver se o casting capricha mais conforme a franquia for expandindo. Apesar da lore original não cobrir as demais raças, podemos ver High Elfs, anões, demônios, além de alguns personagens importantes apenas sendo mostrados rapidamente, deixando claro que aquele mundo é muito maior do que vemos agora.

Ainda pode melhorar? Claro, e muito. A introdução foi feita, agora é esperar como as pessoas não habituadas ao jogo irão reagir à série e torcer para que ela ganhe força para seguir em frente. Ainda há muito para ver em Warcraft, desde a explicação da corrupção dos Orcs, o passado de Medivh, a fuga de Thrall, a criação de Orgrimmar, as alianças das duas facções com outras raças, o surgimento e o declínio de Arthas, toda a história dos elfos e de Illidan, Deathwing e por aí vai.

Como um fã, fiquei absolutamente maluco assistindo ao filme e a todas as suas referências. Gostei bastante.

Como cinéfilo, vi um bom filme de aventura, com efeitos excepcionais, mas que ainda precisa amadurecer muito na ação e aprofundar nesse universo amplo e curioso.

- Dedico esse texto ao amigo Thiago Melo, que ajudou na pesquisa, e a todos os amigos da guilda KM, que fez parte da minha história no jogo e agora na vida real.

Comentários (8)

Ianh Moll Zovico | quarta-feira, 08 de Junho de 2016 - 19:26

Tio Lucas "Bolsomito". Você está certa, porém, tem que levar em consideração o orçamento do filme. Nenhum produtor é doido de arriscar tanto dinheiro num filme de game, que tem um histórico de fracasso.

Alexandre Koball | domingo, 12 de Junho de 2016 - 20:20

$156 milhões em cinco dias na China. Tem chance de uma sequência acontecer, quem diria.

Jules F. Melo Borges | segunda-feira, 13 de Junho de 2016 - 02:13

Tomara que saia das mãos do Duncan Jones e vá pro Sam Raimi.

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