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Críticas

Cineplayers

Um filme simples, coerente e que não se compromete.

6,5

Veronika Decide Morrer é uma adaptação para o cinema do best seller homônimo do escritor Paulo Coelho. Entretanto, a primeira obra do brasileiro transposta para a telona não é falada em português, mas sim em inglês, já que o longa-metragem é uma produção norte-americana. Dirigido pela pouco conhecida Emily Young, o filme surpreende por manter uma coerência em sua narrativa, por não cair no piegas, e por atingir seus objetivos. Em uma sociedade cada vez mais fragmentada, na qual o sucesso e a felicidade surgem como o caminho a ser seguido a todo instante, faltam contato entre as pessoas e espírito de coletividade, e, infelizmente, sobra egoísmo. Essas são as questões principais sobre as quais o longa se baseia.

A infelicidade e a depressão são sentimentos que acometem diversas pessoas na sociedade moderna. Veronika Deklava (Sarah Michelle Gellar) é mais um exemplo de como a aparente perfeição pessoal e profissional das pessoas pode esconder frustrações, inseguranças e incertezas sobre a vida. Bonita e bem sucedida, a garota não consegue entender o verdadeiro significado de sua vida e decide morrer. A sua tentativa de tomar uma quantidade excessiva de remédios acaba sendo frustrada, e depois de duas semanas em coma, Veronika acorda com o diagnóstico de que a ingestão de medicamentos prejudicou seu coração e de que a ela resta pouco tempo de vida.

O primeiro tema abordado pelo enredo da trama é, inevitavelmente, a questão da eutanásia. Como o próprio título deixa claro, Veronika decide morrer, entretanto, pelas leis ela não tem esse direito. Ao tentar cometer o suicídio, a garota acaba sendo resgatada e, posteriormente, quando recebe do médico a notícia de que lhe restam poucas semanas de vida, o pensamento que primeiro toma conta de sua cabeça é o de que morrer naquele exato momento é a solução. Evidentemente, os médicos não compactuam dessa escolha de Veronika, que precisa encontrar meios para se sentir viva à espera da morte.

Internada em uma clínica psiquiátrica, Veronika sente-se deslocada em um ambiente que parece inapropriado para ela. Entretanto, a moça descobre que o lugar pode proporcionar novas descobertas, novos valores para sua vida, e assim ela começa a se dar conta daquilo que realmente importa para se sentir completa e feliz. Evidentemente, o filme vai pelo caminho da importância das relações humanos, do carinho e do afeto. Contudo, para passar a mensagem do amor universal, o longa consegue fugir do piegas, e constrói uma narrativa atraente, que exclui qualquer vestígio de moralismo de sua história.

A diretora Emily Young optou por conduzir a trama de uma forma natural, tornando os personagens bastante humanos. A fotografia preza pelas cores mais escuras e por planos mais fechados, criando a sensação de clausura dentro de seu próprio espaço, como se aqueles personagens não conseguissem encontrar a luz que conduzirá a vida deles para a felicidade de espírito.

As atuações contribuem em muito para fazer com o que espectador se solidarize com cada personagem, torcendo para que encontrem as soluções para aquilo que os atormenta. O grande destaque é a curta, mas boa participação, de Melissa Leo, indicada ao Oscar desse ano por Rio Congelado.

Veronika Decide Morrer é um filme simples, que acerta na abordagem da história, e que, em momento algum, compromete-se. Um passatempo válido, que além de entretenimento pode servir para pequenas e rápidas reflexões sobre a sociedade e os seres humanos.

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