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Críticas

Cineplayers

Melhor que o segundo da série, mas ainda totalmente dispensável.

4,0

Após a vergonhosa seqüência de Velozes e Furiosos ter dado as caras, era-se de se esperar que a série não visse dias melhores e mesmo não fosse mais para os cinemas. Poderia, no máximo, ter uma dessas continuações diretas para vídeo, para atender à demanda dos adoradores de filmes automotivos (e há milhares deles somente no Brasil). Mas o tal ditado popular não existe sem motivos: quanto mais se reza, mais assombração aparece. E um novo Velozes e Furiosos apareceu. Desconectando-se quase que completamente dos enredos dos dois filmes originais, exceto pela última e adorável cena (vejam o filme), Desafio em Tóquio é um filme ainda mais adolescente e liberto de realismos.

O mundo é paralelo ao nosso, onde riquinhos podem gastar milhares de dólares (ou milhões de ienes, se preferirem) em carros de ponta e seus acessórios luxuosos, mas totalmente inúteis e desinteressantes para quem não gosta de carros em especial. Há mulheres lindas por todos os cantos nas competições, e as máquinas sempre estão brilhantes – mesmo as amassadas. Nesse universo paralelo, nosso protagonista, Sean – um adolescente rebelde que teve que ir morar com o pai no Japão após estragar mais um carro – acaba conseguindo um passaporte de entrada na turma facilmente. Os motivos não se sabe, afinal a primeira coisa que ele resolve fazer é desafiar um sobrinho da máfia local e destruir o carro do amigo dele.

Roteiro inconsistente à parte, vale destacar que Lucas Black, o ator que interpreta Sean, é a cara de Paul Walker, e isso deve ter valido bastante na sua escolha para o papel principal. Lucas já possuía alguns trabalhos interessantes, como Soldado Anônimo e Loucos no Alabama, e quando recebeu o desafio de liderar um filme sozinho não fez feio. Ok, as suas falas são pífias e o roteiro é medíocre (ver próximo parágrafo), mas ele não ficou devendo, em nada, a Walker, por exemplo. Obviamente não é em um filme assim que se medem as capacidades artísticas de um ator, então pode ter certeza que os adolescentes (que formam o público-alvo do filme) vão vibrar com seu caráter pseudo-rebelde e corajoso. As moças então, nem se fala.

O roteirista Chris Morgan (de Celular) abandonou completamente o background policial dos filmes anteriores e colocou apenas conteúdo suficiente para minimamente justificar os pegas em quatro rodas. Creio que tenha sido a decisão acertada, já que o roteiro policial de + Velozes + Furiosos foi esdrúxulo, e com a saída do elenco principal seria simplesmente [mais] desinteressante acompanhar outra aventura com tiras disfarçados e bandidos retardados. Não há o que se destacar no roteiro, até a desculpa para Sean ir parar em Tóquio é totalmente risível, quanto mais os motivos que levam os jovens a brigarem irresponsavelmente pelas ruas.

Este terceiro Velozes e Furiosos não fez tanto sucesso quanto os anteriores, mas a surpresinha que ficou para a cena final vai agradar aos fãs da série. Por ser mais leve e abandonar a tentativa de se levar a sério, além de continuar trazendo belas máquinas e competições razoavelmente divertidas, o filme não é um fiasco enorme. Ainda bastante inferior ao episódio original com Vin Diesel, Velozes e Furiosos continua sendo a única série recente de filmes sobre carros  que vale a pena assistir. Não é necessariamente um elogio, apenas uma afirmação sincera de quem está cansado de olhar para as prateleiras das locadoras e ler títulos com palavras como “velocidade” e “rodas” no meio deles.

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