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E o Oscar vai para...

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Com a temporada de premiações chegando perto, os melhores filmes do ano coincidentemente (ou não) chegam às telas americanas nestes últimos dias de 2015, sendo Trumbo (idem,2015) um deles. Ganhador de dois Oscar durante a perseguição comunista em Hollywood enquanto seu nome estava na lista negra, Dalton Trombo ganha vida pela impecável performance de Bryan Cranston, que assim como seu personagem, pode também acabar levando uma estatueta dourada para casa.

Filmes sobre Hollywood sempre são uma diversão a parte para os amantes da sétima arte e não houve nenhum filme significativo sobre o mundo das estrelas desde o ganhador do Oscar O Artista (The Artist, 2011). Perdoem-me se estou falando muito sobre a Academia, mas ela não é só parte do tema do filme, mas como o mundo que ela premia em si. Em Trumbo, Hollywood é retratada num período obscuro, onde a greve dos roteiristas que aconteceu em meados dos anos 40 traz revolta e levanta questões sobre membros que estão se juntando ao partido comunista, resultando no que hoje em dia é conhecido como A Lista Negra de Hollywood ou Os Dez de Hollywood. Dalton Trombo foi um dos milhares de artistas que entrou para a lista e que acabou ficando sem emprego - o que não foi o suficiente para que ele parasse de escrever e vendesse suas obras sob pseudônimos, sendo uma delas os ganhadores de Oscar A Princesa e o Pebleu (Roman Holiday, 1953) e Arenas Sangrentas (The Brave One, 1956).

Apesar de tudo, a genialidade de Dalton Trombo não é o tema principal desse filme dirigido por Jay Roach, mas sim, a audácia e persistência desse homem que de fato existiu e passou por difíceis circunstâncias ao lutar a favor de seus princípios com a ferramenta mais forte e preciosa que tinha, sua arte, que acabou custando não só a relação com sua família e amigos, mas como vidas de pessoas queridas. Com isso dito, John McNamara adapta um roteiro biográfico que não navega em territórios tradicionais e usa um período importante da vida de Trumbo para construir uma obra que toca em assuntos controversos ainda hoje, como a intolerância, o preconceito e a hipocrisia.  

Ainda que tais temas são explorados praticamente todos os anos e premiados anualmente na Academia, o filme funciona por literalmente falar sobre Hollywood em si e colocar grandes nomes como infames - o próprio John Wayne aparece aqui sendo extremamente conservador e imbecil por trás das câmeras. A indústria cinematográfica americana é retratada como um cão que corre atrás do próprio rabo e os filmes se tornam instrumentos de guerra numa batalha onde os soldados são roteiristas. Pelo menos Trumbo é um dos poucos que tem a garra de continuar fazendo o que ama, independente do que falem dele.

Com isso, o roteiro de Trombo é ironicamente a característica mais forte do filme - um fator desnecessário se Jay Roach tivesse se preocupado em dar mais personalidade a sua direção um tanto tímida e conservadora, que se esconde por trás do figurino e dos grandes nomes que o elenco acarreta. Quando se coloca pessoas como Bryan Cranston, Diane Lane, Helen Mirren e John Goodman num filme só, não há muito o que fazer além de simplesmente assistir a eles fazerem suas próprias mágicas. Falando nisso, Bryan Cranston dá vida a Trumbo com uma das melhores performances de sua carreira, se não a melhor! Sem ele e grande parte do elenco, Trumbo não teria a mesma força que tem.

Ainda sim, o roteiro também tem suas falhas, com cenas fracas que só servem para incrementar temas que já são discutidos em tramas mais fortes, onde muitas delas acabam tendo desenvolvimento e desfechos fracos. Como a participação de Otto Preminger, que aparece para dar uma certa graça, mas sua parceria com Trumbo ao realizar o filme “Exodus” é quase desnecessária. Ainda sim, o personagem é interpretado por Christian Berkel com graça e elegância. Ou até mesmo a relação de Trumbo com Arlen Hird, interpretado por Louis C.K, que parece ser mais forte e importante do que o roteiro mostra, mas acaba deixando a dinâmica entre os dois um tanto confusa.

Num ano onde nomes como Jurassic Park, Mad Max e Star Wars voltam a ser os lançamentos na tela grande, 2015 parece não ter alcançado a expectativa em termos de qualidade. Seria falta de roteiro? O que teria feito Dalton Trumbo se tais projetos caíssem em suas mãos? Nunca iremos saber, mas seu legado definitivamente continuará e Trumbo é parte deste processo - e vamos admitir, um filme um tanto melhor do que tais lançamentos mencionados.

Comentários (5)

Cristian Oliveira Bruno | quinta-feira, 10 de Dezembro de 2015 - 22:35

Legal!!! Onde foi essa sessão especial em que você assistiu Star Wars VII, que ainda nem saiu?

Ravel Macedo | terça-feira, 26 de Janeiro de 2016 - 01:41

Filme fraco esse.

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