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Críticas

Cineplayers

Não é sutil o suficiente e nem especialmente original, mas é um bom filme sobre o amor.

6,5

O mundo sempre nos parece diferente quando tentamos entendê-lo pelo olhar de outra pessoa. Mais ainda quando o outro está em um momento de vida completamente diferente do nosso. Este é ponto de vista no qual o roteirista e diretor Adam Brooks se baseou para desenvolver a história apresentada em seu Definitely, Maybe.

Se falar em amor de um jeito totalmente original é um desafio quase impossível de ser vencido, pois o assunto já foi abordado à exaustão em todas as formas de manifestação artística, também é verdade que pequenas sutilezas podem garantir que uma obra tenha identidade própria, justificando sua existência. Brooks apostou nas sutilezas de uma história quase singela, o que se torna mais evidente sob a luz do título original. 

Ryan Reynolds é Will Hayes, um jovem executivo que atua na área de marketing. Em meio a um divórcio ele se vê às voltas com a curiosidade e incompreensão da filha, Maya (Abigail Breslin). A menina, então com dez anos, não aceita muito bem a separação dos pais e começa a fazer perguntas. Para fazer a vontade da filha, Will passa a lhe contar seu passado e detalhes de seu envolvimento com três mulheres, as únicas com as quais se envolveu seriamente.  Porém, eles combinam que Maya deveria advinhar qual das três é a sua mãe. 

Ao rever as três histórias diferentes, Will passa a reavaliar sua vida e junto com ele o público se questionar sobre o que é mais importante. Trata-se de um filme sobre a própria dinâmica da vida, sobre possibilidades, sobre oportunidades perdidas ou aproveitadas, sobre escolhas e, acima de tudo, sobre como o tempo tece sua teia sobre todos nós, em processo contínuo, enquanto seguimos por caminhos que se encontram e se distanciam para, talvez, se reencontrarem mais tarde. Também é um filme sobre crescimento pessoal e esperanças, sobre a eterna necessidade de encontram quem nos complete, sobre a necessidade de voar para crescer, encontrar a si mesmo para poder se encontrar no outro, naquele que se torna o espelho de nós mesmo, naturalmente, mesmo à distância. 

Adam Brooks, no entanto, parece ter falhado em pelo menos dois pontos: não conseguiu extrair o melhor de cada ator e se perdeu no processo de edição. Abigail Breslin faz uma Maya inteligente e sensível, com a curiosidade, inquietudes e inseguranças próprias de uma criança que vive um momento de grande transformação. Breslin cativa o público sem fazer esforço e faz de sua personagem o foco de equilíbrio de todo o filme. Já Reynolds não me parece ter justificado sua escolha para o papel. Sua interpretação é apenas básica, o mesmo se podendo dizer de Elizabeth Banks (como Emily) que se saiu ainda pior. Enquanto Isla Fischer (April Hoffman) até se salva,  Rachel Weizs (Summer Hartley) é a que demonstra mais desenvoltura.

Já na edição, Brooks deixou de fora cenas que poderiam ter justamente ressaltado as sutilezas, a doçura que caracteriza o singelo. Há tempos e ritmos que precisam ser observados para se criar um sentimento de despertar e de descobertas, um certo lirismo típico dos sentimentos mais delicados. Brooks excluiu da montagem imagens de externas e diálogos entre pai e filha que poderiam ter feito a diferença. Assim, não conseguiu representar significativamente as descobertas de Maya ou do próprio Will. O diretor, ao que parece, até pressentiu o caminho, mas não apostou o suficiente. O filme acaba sendo uma boa opção para quem deseja uma história leve, que aborde alguma das mil e uma facetas do amor.

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