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Críticas

Cineplayers

Um filme clichê, extremamente clichê, mas que pode lhe fazer rir um pouco.

6,0

Tratamento de Choque é uma comédia comportamental com dois atores de extremos. Um deles é Adam Sandler, um sujeito que não costuma ser levado muito à sério, que lança suas comédias doidas de vez em quando, mas tem um grande número de fãs que aguardam sempre ansiosamente por elas; o outro é um sujeito que talvez seja levado à sério demais, Jack Nicholson, dono de inúmeros prêmios na carreira e mais conhecido por papéis dramáticos, como o escritor que fica maluco em O Iluminado ou o aposentado triste do recente As Confissões de Schmidt. Sendo esta uma comédia que combina muito mais com o primeiro sujeito, à princípio fica estranho vermos Nicholson numa comédia sobretudo visual como esta.

Sem ver o filme, ninguém diria que Sandler e Jack combinariam num filme, mas os dois até que se saem muito bem neste filme. Sandler é acusado de ser esquentadinho, dentro de um avião, onde fazem questão de relembrar o atual momento de medo por que passam os EUA, já que o filme foi rodado não tanto tempo após os grandes atentados terroristas de 2001 (inclusive com uma participação especial do ex-prefeito de Nova York, Rudolph Giullianni, aclamado como uma das forças da reconstrução da cidade após aqueles acontecimentos). Pois bem, o personagem de Sandler vai ao tribunal pela confusão que lhe arrumaram no avião, e recebe a pena de ter que passar por uma espécie de terapia contra a raiva.

O analista dele, obviamente, é Nicholson, um sujeito que trabalha de forma bizarra. No meio de tudo isto, ainda está a namorada de Sandler, interpretada por Marisa Tomei, que é uma das peças fundamentais para o final surpresa que o filme possui (e que também é incrivelmente absurdo). O diretor Steve Segal conseguiu criar diversas situações engraçadas, contando com um roteiro esperto para o gênero, mas sempre previsível e simples. O que não é necessariamente ruim, é claro. Tratamento de Choque é um filme que diverte mesmo com sua tonelada de estereótipos e clichês. E acredite, são muitos.

Tem muita gente por aí que quer ver Adam Sandler na forca, e para essas pessoas Tratamento de Choque deve ser evitado. O ator faz o mesmo tipo da maioria de suas comédias, como por exemplo na sua mais recente, A Herança de Mr. Deeds. Um sujeito calmo, brincalhão, de fala lenta, e que realmente não possui muita expressão na tela. Pessoalmente, eu acho ele um bom comediante, e Tratamento de Choque é mais um veículo perfeito para ele. Seus filmes geralmente fazem um sucesso tremendo nos EUA, e este não foi diferente. Prova de que o ator é mais adorado do que odiado, então esse tipo de comédia vai continuar existindo por um bom tempo.

Jack Nicholson mostra-se um ator versátil ao aceitar participar dessa grande brincadeira em forma de filme. O ator parece se divertir fazendo caras e bocas, sempre com sua característica presença forte na tela. Mesmo que não tenha na sua carreira comédias deste estilo (sua mais recente foi uma um tanto mais séria: Melhor é Impossível), ele conseguiu formar uma dupla bem interessante ao lado de Sandler. Ponto para o ator, que mostra que variar seus papéis sem medo (já que este filme poderia acabar sendo uma bomba) não é para qualquer um. O filme ainda conta com uma participação rápida do sempre excelente John C. Reilly (fez Chicago, Magnólia), que está quase irreconhecível na pele de um monge.

O maior pecado do filme talvez seja nunca arriscar demais. Pode soar chato, mas no final esta não passa de apenas mais uma comédia com um roteiro correto demais, piadas “seguras”, e o típico finalzinho bobo, feito pra tentar agradar a todos os espectadores, ofendendo o menos possível. Mas continua sendo um passatempo divertido para quem não está afim de um filme mais inteligente, até porque – abrindo um rápido parênteses aqui – este tipo de filme é cada vez mais raro nos cinemas populares. Uma frase que poderia definir o filme seria: “Sandler e Nicholson, uma parceria estranha que deu certo”. Clichê como o filme, mas engraçadinha...

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