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Críticas

Cineplayers

Canastrão, roteiro ruim, mas com efeitos impressionantes e diversão nas alturas. Transformers é um ótimo filme ruim.

6,0

Nunca estive tão dividido em uma crítica de filme quanto a de Transformers. Considero Michael Bay quase um símbolo de tudo o que de ruim existe sobre Hollywood e, em seu último filme, ele não faz nenhum esforço para alterar essa imagem. Não sei se foi o resultado da influência de Spielberg, mas eu finalmente me diverti assistindo a um filme de Michael Bay e não me incomodei com as (inúmeras) falhas.

Diversão é exatamente o que se espera de um blockbuster de Hollywood, não é mesmo? O que salva Transformers do desastre é não se levar a sério e entregar aos fãs exatamente o que eles esperavam, robôs gigantes destruindo tudo com efeitos especiais estonteantes, embalados com muito humor. Aqui tudo funciona como num cartoon de carne e osso, e como essa foi a fonte de inspiração do filme a escolha é bastante lógica. A trama acompanha duas linhas narrativas, numa seguimos um grupo de soldados que sobrevive ao ataque de um Decepticom (os vilões, para aqueles que não eram crianças dos anos 80) no Oriente-Médio, o ataque desencadeia um incidente internacional. Na outra, mais interessante, acompanhamos Sam, um adolescente típico americano que está para ganhar seu primeiro carro e acaba sendo "escolhido" por um velho camaro amarelo, que obviamente já sabemos ser um Autobot (um dos heróis, claro). A partir daí, descobrimos que são duas facções de uma raça alienígena que lutam por um artefato que caiu na Terra há milhares de anos, dando início à ação.

O roteiro não prima pela qualidade, nem tenta, mas o filme não dá muito tempo para a platéia raciocinar, tudo é muito rápido, barulhento, canastrão e engraçado. Para minha surpresa, a empatia com os personagens é tamanha que mesmo as poucas cenas dramáticas sendo tão manipuladoras, com a habitual falta de sutileza de Bay que abusa de clichês como aumentar a música sentimental nessas horas, acabam por fazer com que você se importe com um robô de quatro metros que vira um Camaro, uma das muitas propagandas explícitas da película. Ninguém vai chorar, é claro, pois Transformers é filme de macho, mas você vai torcer pelo final feliz.

O elenco carrega o filme com a mesma despreocupação, o astro teen do momento, Shia LeBouf, foi uma escolha acertadíssima como protagonista, ele tem um bom timing cômico e os marmanjos se identificam com o clássico adolescente desajeitado mas esperto, que acaba ficando com a gostosona e salvando o dia, como um Michael J. Fox da geração iPod. Eu diria até que essa é a melhor parte do filme, as investidas de Sam para pegar a garota, ajudadas por Bumblebee (o camaro), são ótimas, mas o filme tem que chegar na batalha final que por pouco não cansa pelo exagero, e pela câmera e edição confusas das cenas de ação.

Mesmo assim, os efeitos são tão impressionantes que hipnotizam a platéia a cada transformação e a cada carro explodido e prédio demolido. Os fãs mais puristas vão reclamar que o Robô-tal não teve o destaque merecido, mas por favor, alguém tem dúvidas de que vai ter uma continuação? Se Bay continuar como diretor nem vou achar ruim desta vez, se tem um filme que ele nasceu para fazer, é esse.

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