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Críticas

Cineplayers

A volta de Jim Carrey às comédias-pastelão. Não é uma obra-prima, mas diverte razoavelmente.

6,0

Depois de muito tempo, finalmente muitos dos fãs do comediante Jim Carrey - um dos melhores dessa safra atual de atores cômicos senão “o” melhor - voltaram a ter nas telonas aquilo que mais gostam de apreciar: as palhaçadas de um dos comediantes mais versáteis do cinema atual.
 
Digo “versátil” porque, como muitos sabem, Jim Carrey não é apenas um ator simples e singular que explora sempre a mesma fórmula, o mais do mesmo, como o comediante Mike Myers, por exemplo. Jim varia seus papéis e não tem medo de se aventurar em projetos dramáticos. E esse “outro lado” do ator vem lhe rendendo bons frutos, pois até agora filmes como “O Mundo de Andy”, “O Show de Truman” e “Cine Majestic” trazem o ator praticamente irreconhecível se você está acostumado com o Jim de “Ace Ventura”, “O Mentiroso” e outras comédias.
 
E por falar em “O Mentiroso”, estava faltando para carreira de Jim mais um filme no mesmo estilo. Uma comédia simples, porém com um tom de humor presente para todas as idades. Enfim, uma “comédia família”, se é que podemos chamar dessa forma. Entretanto ambas as comédias (“O Mentiroso” e “Todo Poderoso”, que por sinal são do mesmo diretor) possuem leves apelos sexuais, o que fez com que os filmes recebessem censura 12 anos em alguns locais. Desses apelos destacamos a cena inicial de “O Mentiroso” onde o personagem de Jim transa com uma secretária enquanto tentava reconquistar sua ex-mulher e em “Todo Poderoso” destacamos a cena em que Bruce, seu personagem, tem lá seus momentos de intimidades com sua mulher, interpretada pela conhecida atriz do seriado “Friends”, Jennifer Aniston.
 
Em “Todo Poderoso” Jim Carrey encara o papel de Bruce Nolan, um repórter televisivo conhecido por suas matérias onde o mesmo se esforça e, como seu chefe diria: “possui o dom de fazer as pessoas rirem”. Entretanto, Nolan não se sente profissionalmente realizado e quer ser o chamado âncora de seu canal. Âncora vem a ser um famoso apresentador de telejornal local, visto com certo prestigio de certa forma por parte de seu grupo e da sociedade. Contudo, Bruce tem um rival muito talentoso em seu caminho que sempre dá um jeito de ficar com as melhores reportagens e Bruce, por sua vez, acaba ficando com as menores e sem tanta importância, o que dificulta sua promoção para “âncora” em seu trabalho.
 
Além de Jim, que está excelente no filme, destacamos a atriz Jennifer Aniston, que faz a mulher de Bruce, e o ator Morgan Freeman, que faz o singelo papel de “Deus”. Ambos estão muito bem em “Todo Poderoso”, especialmente Aniston, que muito bela está.
 
O tom do filme, como já foi dito, é bem light, porém, as piadinhas bíblicas utilizadas pelos roteiristas ficaram ótimas: desde cenas como a sopa se abrindo (reparem na cara que o personagem faz durante essa seqüência, é hilário) até as falas mais simples de Bruce. Até a primeira metade do filme a obra do diretor Tom Shadyac (de “O Mentiroso”, “Patch Adams” e “O Professor Aloprado”) é excelente, entretanto, na segunda metade ela perde completamente o ritmo. O livre fluir do filme é ótimo, com um teor cômico na medida para agradar a gregos e troianos.
 
Porém, na segunda metade da película, a mesma perde todo esse ritmo. O diretor Tom Shadyac parece se preocupar demais em tratar de passar alguma lição de moral às pessoas que no cinema se encontram, uma procura que se dá por diversas formas desde as reflexões de Bruce a respeito de seus feitos até situações clichês como adultério vivido rapidamente pelo personagem de Jim Carrey; situação essa que mais parece uma desculpa esfarrapada encontrada pelo diretor para concluir com um “final feliz” seu filme, mas estamos tratando de uma comédia família (assim como “O Mentiroso”) então, devemos lembrar, isso não é nenhuma surpresa, pelo contrário, já era até esperado de certa forma.

Somente para concluir, claro, o parágrafo acima é apenas uma reflexão mais profunda explicitando que o filme poderia ir mais longe, mas não vai. Porém, para um filme de Shadyac e Carrey isso não é muito visto como um “problema”, afinal, o público que ali está, em sua grande maioria, leva um balde de pipoca no colo, um refrigerante de 700ml e muita vontade de dar risadas, portanto, aproveite mais esta boa comédia de Jim Carrey e divirta-se com o sujeito que tem as expressões faciais mais engraçadas da sétima arte.

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