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Críticas

Cineplayers

Terapia do Amor é exatamente o que se espera de uma boa comédia romântica.

7,0

Um dos aspectos mais fascinantes de se assistir a um filme é acompanhar o trabalho dos atores. Assim como uma má interpretação é capaz de arruinar uma obra com potencial, boas performances podem elevar consideravelmente a qualidade de uma produção. Terapia do Amor, graças à presença de Meryl Streep e Uma Thurman, encaixa-se nessa segunda definição.

Escrito e dirigido por Ben Younger, o filme conta a história de Rafi, uma mulher recém-divorciada que começa a se encontrar com Dave, 14 anos mais jovem que ela. Além do problema da diferença de idade, Dave é filho da terapeuta de Rafi, algo que ela ainda não sabe, ao contrário da doutora.

Terapia do Amor parte desta premissa um tanto absurda para tornar-se uma competente comédia romântica, que funciona majoritariamente graças ao seu elenco. Não que as atuações sejam dignas de prêmio ou coisa parecida, mas percebe-se o quanto um ator qualificado pode fazer a diferença em determinado papel.

Isto porque Meryl Streep e Uma Thurman são as responsáveis por transformar Terapia de Amor em um programa extremamente agradável. Enquanto o roteiro segue uma estrutura convencional de narrativa (casal se conhece, depois separa, depois volta), Streep e Thurman superam esta falta de criatividade ao construírem duas personagens extremamente convincentes e tridimensionais.

A grande qualidade da interpretação das atrizes é a forma extremamente natural com a qual dizem suas falas. É recompensador acompanhar duas artistas talentosas dando novas dimensões a um texto apenas correto. Ambas ainda protagonizam interessantes – e engraçados – momentos a partir do instante em que a personagem de Streep descobre que o namorado do qual Thurman tanto fala é seu filho. A dinâmica entre as duas é excelente e o espectador ri tanto da forma de falar levemente lasciva de Thurman quanto das reações impagáveis de Streep (como quando Rafi conta sobre o pênis do namorado para a terapeuta).

Se as duas atrizes se destacam, o mesmo não pode ser dito de Bryan Greenberg, que interpreta Dave. Falta-lhe alcance dramático necessário para incorporar seu personagem e transformá-lo em uma pessoa real diante dos olhos do espectador. No entanto, Greenberg possui ótima química com Thurman e não é necessário muito esforço para que o público acredite no romance do casal.

Se a estrutura da narrativa é comum, o diretor Ben Younger é hábil na realização de determinadas cenas, oferecendo alguns graus de profundidade aos personagens. Ainda assim, Terapia do Amor, ocasionalmente, parece indeciso entre o tom jocoso da história entre o casal e a terapeuta e o aspecto sério do relacionamento entre Rafi e Dave. Como resultado, o filme acaba deixando de lado a personagem de Meryl Streep, centrando-se quase que exclusivamente nos problemas do casal.

Mesmo assim, ainda que acabe, de certa forma, renegando seu próprio argumento, Terapia do Amor mantém-se interessante até o final, uma vez que o espectador realmente acredita na veracidade dos sentimentos dos personagens – mérito muito mais dos atores do que do roteiro. Este final, aliás, é outra qualidade, surpreendendo ao fugir das convenções e concluir a história de forma realista e satisfatória.

Sem grandes ambições, este é um filme pequeno, competente e interessante. A obra de Ben Younger surge com uma válida opção em meio ao lançamento de badaladas superproduções (M:I 3, O Código Da Vinci e X-Men 3), oferecendo ótimas atuações, momentos engraçados e uma história de amor convincente. Exatamente o que se espera de uma obra como essa.

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