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Críticas

Cineplayers

Misturando piadas inteligentes com as famosas pastelonas, é garantia de muitas risadas com um bonito final.

8,0

Filmes de comédia não são difíceis de se encontrar nesse extenso mundo de arte que é o cinema, já que é um dos gêneros mais mastigados do mercado. Como diria o mais famoso crítico brasileiro de cinema Rubens Ewald Filho, comédia é "para rir ou não". Eu iria um pouco mais afundo em uma análise desse tipo de filme, exatamente como este trabalho sugere, justamente para mostrar comédias têm muito mais para oferecer do que vagos e momentâneos sorrisos e gargalhadas.

Tá Todo Mundo Louco (Rat Race) é um perfeito exemplo do que acabo de falar. O filme consegue misturar piadas de gêneros pastelões, coisa que americano adora, com algumas inteligentes e bem encaixadas no enredo do filme.

Com os extras que acompanham o DVD do produto, podemos perceber que há um profundo trabalho, tanto interpretativo quanto produtivo, de diversas partes envolvidas no projeto, algo que, para quem somente curte cinema, pode passar despercebido. Mais à frente apresento, detalhadamente, uma completa análise de cada parte do filme, desde a maquiagem até a boa direção de Jerry Zucker.

Quem assina a direção do projeto é Jerry Zucker, o mesmo de Ghost - Do Outro Lado da Vida, Apertem os Cintos! O Piloto Sumiu e Corra que a Polícia Vem Aí. Ele trabalhou muito bem os personagens, já que o elenco conta com uma constelação de famosos atores, tais como Cuba Gooding Jr., Whoopi Goldberg e Rowan Atkinson, o famoso Mister Bean (que de Mister Bean nesse filme não tem nada, como anunciam os cartazes, ele é um personagem comum no filme).

Jerry mostra-se muito feliz em seu trabalho, extraindo o máximo de seu elenco. A prova disso, além do filme, pode ser vista mais uma vez nos extras que vêm com o DVD. Lá, você pode ver, por exemplo, Jerry conversando com Rowan como acha melhor uma participação de seu personagem, aceitando idéias e, outras vezes, até deixando a câmera rodar sem compromisso, pelo simples fato do momento estar divertido e querer ser capitado. Tudo isso contribui para um clima de descontração, melhor ainda pela proposta que o filme apresenta e o resultado que deseja alcançar.

Para uma comédia, a escolha de um bom elenco é o primeiro passo para a definição de qualidade que seu filme terá. Essa seleção não é crucial para o sucesso ou não de um filme, mas ela é bastante importante para que ele ganhe estilo, carisma e, principalmente, chame a atenção em termos de marketing.

Como dito anteriormente, as piadas aqui não são somente pastelões ou totalmente inteligentes, são uma mescla de tudo, tem uma identidade própria. Rowan, por exemplo, leva mais o estilo pastelão, com expressões engraçadas e um personagem o tanto quanto excêntrico. Já Cuba faz mais o estilão desajeitado, atrapalhado e azarado, por causa da confusão que seu personagem aprontou na final de um campeonato americano de futebol.

A super star Whoopi Goldberg faz um papel de uma mãe que reencontra a filha, interpretada por Lane Chapman, após 27 anos separadas. O que era para ser um encontro calmo e cheio de emoções torna-se agitado e favorece a relação de proximidade das duas.

Todo o elenco segue o mesmo nível, apresentando os seus pontos fortes para serem somados com os outros atores. O elenco foi muito bem escolhido e, apesar do falso marketing feito pelo filme (no já citado caso do Mister Bean), você dará muitas risadas, certamente, seja por causa do enredo ou por ver os atores em atuações magníficas.

Já que falamos dele, o enredo fala sobre uma corrida por dois milhões de dólares. Um milionário, fanático por apostas (que, aliás, geraram inúmeras risadas do público no cinema em que assisti, em Janeiro, e que me fizeram rir novamente quando revi o filme outras duas vezes), organiza tudo. De começo, ele coloca sete moedas douradas nos caça níqueis de seu hotel. Sete pessoas normais (?!?) as acham e são convocados para uma reunião onde o todo poderoso dono explica em que eles se meteram.

Uma corrida sem regras, onde tudo é permitido para chegar na frente. Um armário, no México, guarda os dois milhões de dólares, e o primeiro que chegar fica com tudo. Ou seja, é cada um por si pelo dinheiro. Nesse ponto, podemos destacar que o roteiro até, de forma leve e quase imperceptível, mostrou tudo o que um ser humano faz por dinheiro, por mais doentio e surreal que possa parecer. Uma crítica escondida, leve, porém muito bem fundamentada em forma de humor.

Ao final, algo que fez crescer muito o conceito do filme para mim. Não, ele não é feito somente de risadas. Um final belíssimo, onde estimula a todas as pessoas do mundo a fazer caridades, seja pela fome ou o que for. O que o filme quis dizer é que temos muitas pessoas para ajudar, que às vezes o que pode ser pouco para nós pode ser o sonho de muitas outras pessoas, mais necessitadas. Uma belíssima mensagem, que fará você pensar no final, depois de já ter se divertido bastante com as confusões passadas pelos personagens. Mesmo que ela seja somente para equilibrar tudo de errado que aconteceu no filme, eu gostei.

A fotografia e a arte do filme caminham lado a lado. As tomadas procuram realçar bem o que o trabalho de maquiagem, figuração, essa área em geral aprontou para os personagens. Um exemplo disso são as tomadas que fazem do personagem de Cuba, quando ele está no ônibus tomado pelas mulheres chatas. Outro exemplo poderoso disso é sobre as tomadas que tem o balão do filme (por sinal, umas das cenas mais engraçadas).

Não se pode esperar ver belas paisagens, imagens marcantes e cenários de outro mundo nesse tipo de filme, mas ele consegue ser muito bonito visualmente, com cenários muito bem bolados, coloridos e cheios de clima. A iluminação fez um trabalho fantástico. Pelos extras do DVD é possível ver que muitas cenas, despercebidas por um olho desatento por sua duração, foram gravadas em estúdio e com o background animado à moda antiga em chroma key, porém de uma forma tão bem executada que realmente me chamou a atenção.

As roupas representam bem a personalidade de cada um, como a Hippie, o advogado certinho e o maluco do piercing. Um trabalho em conjunto muito bem feito e aproveitado pelo diretor. As músicas, por sua vez, contam com pop-rocks muito animados e para cima, e com a presença ilustre (presença mesmo, participação no filme) do pessoal do Smash Mouth.

Para os amantes de um bom filme do gênero, Tá Todo Mundo Louco cai como uma dádiva. Tem diversas partes técnicas muito bem executadas, atores de primeira e muita diversão para quem procura uma boa ocupação do seu tempo livre. Assista, veja de novo e de novo para morrer de rir com todas as artimanhas desses loucos que fazem tudo por dinheiro. Claro, lembrando que senso de humor varia muito de um para o outro, mas esse foi feito na minha medida certa.

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