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Críticas

Cineplayers

Superbad confirma 2007 como um ano que renova (pelo menos um pouco) o gênero da comédia.

7,0

Duas constatações: os nerds estão de volta, em grande estilo! E 2007 continua produzindo boas comédias. Hot Fuzz, Saneamento Básico, Ligeiramente Grávidos e agora este Superbad não apenas são bons filmes, mas são filmes que ficam muito acima da média de seu gênero em relação ao que vem sendo produzido nos últimos anos. Quanto aos nerds, o filme volta ao estilo dominado por esses infelizes seres, que havia sido um tanto quanto esquecido depois da febre proporcionada pelo sucesso de American Pie, que fez eles serem ignorados quase que totalmente. Diridigo por Greg Mottola, o filme possui identidade e originalidade próprias, ainda que na superfície pareça apenas mais um filme sobre adolescentes.

De fato, Superbad não deixa de ser mais um filme sobre adolescentes. Mas com sucesso, o roteiro consegue quase sempre fugir do óbvio, inclusive brincando com o espectador, apresentando situações inesperadas o tempo todo: pensamos que já conhecemos a piada, mas o que nos é apresentado é o oposto, e geralmente esse oposto é extremamente divertido. Há uma porrada de personagens interessantes, e creio que eles sejam assim interessantes pois não são os mesmos filhinhos-de-papai arrogantes que nos acostumamos a ver em comédias adolescentes nos últimos 10 anos. Há uma ligação forte e sincera entre o trio principal, o que rende, inclusive, uma ótima cena perto do final, quando um personagem se despede de outro de forma simples mas comovente.

Além de possuir bons personagens, o roteiro extrapola e consegue ser vulgar sem exagerar. Digo, a pornografia e os palavrões estão lá, mas encaixados de uma forma não artificial, não gratuita. Fazem parte do espírito do filme e Superbad não seria um terço tão bom quanto é se não fosse por esses elementos. Viraria uma comédia ordinária. Há todos os elementos do gênero: bebidas, garotas, policiais, drogas, vômito... o filme mistura tudo isso e consegue fazer sentido e proporcionar diversão real. Não é para ser levado à sério (óbvio!) e deveria ser assistido conhecendo-se suas limitações. Ao mesmo tempo que possui momentos inspirados, há muitos clichês, mas o ritmo é tão frenético que não há tempo para irritação com eles.

Jonah Hill é a peça fundamental do sucesso do filme. Um total “anti-mocinho” (gordinho e desajeitado), é ele quem possui os melhores momentos do filme, incluindo a cena que citei mais acima. O ator vinha em uma sucessão de filmes comercialmente bem sucedidos, e teve aqui sua chance como protagonista. Fica difícil não simpatizar com o personagem. Apesar de seu objetivo principal ser “transar”, ele é um poço de boas intenções e possui uma alma bondosa. Enfim, é um personagem mais complexo do que aparenta ser, e isso graças à boa atuação de Hill. As garotas, como não poderia deixar de ser (e isso é esperado para quem viu muitas comédias “nerds” dos anos 1980) são meros objetos sexuais, que estão lá apenas para justificarem as loucuras que os garotos aprontam.

Superbad recebeu apreciação crítica e pública fora do comum para esse tipo de filme nos Estados Unidos. Convenhamos, não é para tanto. É muito bom e muito divertido. Mas é apenas “maravilhoso” dentro do que o tema proporciona. A verdade é que não dá pra fazer algo muito melhor misturando todos aqueles elementos de que falei mais acima. Cheio de referências pop modernas (repare que os policiais conhecem Star Wars não pelos clássicos de 1977 e 1980, e sim pela nova trilogia), Superbad não é “a melhor comédia do ano”, mas fica perto disso. Isso porque, em 2007, dificilmente alguém ultrapassará o impressionante Hot Fuzz. De qualquer forma, é bom ver o gênero se renovando pelo menos um pouco, depois do marasmo que foi a febre de filmes clonados a partir de American Pie.

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