Uma cópia - bem - piorada de Sociedade dos Poetas Mortos. Julia Roberts mais uma vez superestimada.
Se os filmes do Stallone ou do Schwarzenegger podem ser considerados, de maneira geral, filmes “pra homem”, os da Julia Roberts certamente são o oposto. Explorando temas de interesse do seu público, essa nova investida da atriz nas telas é uma tentativa segura de manter sua base de fãs na mesma, ou seja, nada de tentar inovar, apenas fazendo o papel que sempre fez: mocinha que passa por altos e baixos, tentando encontrar a felicidade no amor e no trabalho, com uma pitada de tudo - romance, humor e drama. O diretor é Mike Newell, o mesmo de Quatro Casamentos e Um Funeral (vai fazer o Harry Potter and the Globet of Fire, provavelmente para 2005), que também exerce um trabalho burocrático, num filme nada original e, falando bem seco e francamente, muito chato.
O que dizem, quando comparam com Sociedade dos Poetas Mortos, que este é praticamente uma cópia feminina daquele filme, é a pura verdade. O roteirista é o maior cara-de-pau ao copiar elementos do bom filme do diretor Peter Weir: uma professora novata chega numa rigorosa faculdade exclusiva para moças e deve superar as dificuldades com a diretora e com suas alunas rebeldes (ou algo assim), ao mesmo tempo que encontra dificuldades amorosas (com a existência do velho clichê do triângulo amoroso). Ela deve enfrentar um regime de ensino altamente antiquado, que mostra que as mulheres servem apenas como meras empregadas dos maridos, libertando tais idéias das mentes de suas alunas, incitando-as a conseguirem a liberdade de pensamento numa sociedade que dita as normas do que é certo e errado.
O Sorriso de Mona Lisa é bem mais leve do que Sociedade, em alguns momentos até faz refletir sobre temas como machismo na sociedade (tal pensamento da mulher submissa ainda é comum hoje em dia). Por ser mais leve, teoricamente deveria ser até mesmo mais divertido. Só que tudo se passa no modo “ultra-lento”. O filme parece comprido pacas (e olha que tem somente por volta de duas horas de duração) e, sendo a sua história previsível como é, não havia motivos de tanta demora para chegar onde todos já sabiam que chegaria.
Julia Roberts, uma atriz que em minha opinião é ordinária no máximo, boa em momentos raros, e excelente em momento nenhum, que ganhou fama como prostituta (!!!) em Uma Linda Mulher, que ganhou um Oscar desmerecidamente por Erin Brockovich (por justiça Ellen Burstyn deveria ter ganho em 2000 por Réquiem Para Um Sonho), está fazendo o que sempre fez na maioria dos seus papéis: sendo simpática, gesticulando muito (a atriz possui uma boa linguagem corporal, sabe se movimentar em cena) e sorrindo muito (até porque seu sorriso tem ligação com o título do trabalho).
O filme, antes do lançamento, foi muito esperado por ter um elenco feminino de grandes estrelas, além da protagonista Julia Roberts. Kirsten Dunst e Julia Stiles: cada uma sozinha já faria muita gente ir aos cinemas, então imagine-as juntas, lado a lado. O problema é que suas personagens não são lá muito interessantes (uma é a rebelde da turma; a outra é a santinha), então a sensação que fica é de que o filme possui um grande elenco mal aproveitado. Na parte masculina não há nada que valha ser considerado: os homens são apenas uma sombra no meio de tantos talentos femininos. E dentro de um assunto que realmente os torna vilões, é melhor que seja assim. Que o filme seja somente delas, então!
De maneira geral, O Sorriso de Mona Lisa é apenas uma cópia piorada, uma tentativa de reciclagem de um subgênero – o drama de faculdade – bastante limitado. Coloca algumas idéias bacanas na tela, mas é lento demais e nem sempre chega no lugar certo, tanto que muitas questões são simplesmente ignoradas ao final (o clube secreto das garotas – outro elemento presente em Sociedade – é algo totalmente imbecil dentro do roteiro, que não serve para nada na história). Se fosse pelo menos divertido, eu recomendaria, mas não é o caso. Um filme superficial sobre um assunto desinteressante. Passável, altamente passável.
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