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Sonic: O Filme

(Sonic the Hedgehog, 2020)
6,1
Média
61 votos
?
Sua nota

Críticas

Cineplayers

Apenas uma ingênua e divertida aventura. E não há nada de errado com isso.

6,0

Talvez Sonic: O Filme tenha feito muito mais barulho pelo péssimo modelo que o personagem exibiu no primeiro trailer do que pelo interesse com o filme em si. Depois de colocado no ar, o apedrejamento virtual em cima do visual do protagonista foi tão grande que fez com que o diretor Jeff Fowler conseguisse convencer a Paramount a atrasar o longa, investir alguns milhões a mais e redesenhar toda a CGI do ouriço para algo mais cartunesco e parecido com o que lembrava dos games. E não é que acabou funcionando como um marketing não intencional? Das pessoas que conheço ou acompanho virtualmente, várias falaram bem do filme que, para ser sincero, é apenas uma ingênua e divertida aventura juvenil. Nada mais.

Há de se tomar cuidado com o escudo que a nostalgia pode criar na obra; isso vindo de, talvez, a pessoa mais nostálgica do Cineplayers. Quando em tela grande vemos o logo da Paramount substituir suas características estrelas pelas argolas douradas, para logo depois um imenso logo da SEGA aparecer, formado por um mosaico das imagens de seus maiores hits com o som característico de SEEEEGAAAAAA sublinhado por belas notas musicais, para sem nem piscar já estarmos em Green Hill Zone com Sonic como personagem sendo introduzido para a plateia, já era: você estará vendido. É Sonic na tela de cinema, cacete, do jeito que conhecemos, e não aquela bizarrice que apresentaram pela primeira vez que parecia mais saída do infame jogo de 2006 e que quase matou o projeto logo de cara.

Esse Sonic (dublado por Ben Schwartz) vaga de planeta em planeta através de argolas mágicas, que o levam para um novo local sempre que, no anterior, descobrem a sua existência e colocam em risco sua vida, já que estão constantemente atrás do seu poder especial da super velocidade. Na Terra não é diferente. Por muitos anos vivendo sozinho, Sonic vai até um campo de baseball e causa um blackout no planeta, chamando a atenção do governo, que agora quer capturá-lo e dissecá-lo através do maluco Dr. Robotnik. Cabe ao ouriço azul fugir com a ajuda de Tom (James Marsden), um policial local da pacata cidade de Green Hill (háááááá) que estava prestes a se mudar para São Francisco para tentar ser um “policial de verdade” e ajudar os outros, já que em sua cidade natal, como toda pequena cidade americana, nada acontece. O personagem acaba sendo um fio condutor entre o ouriço azul e seu principal vilão, quase que como um pai que conta histórias de aventura para o filho antes de dormir.

Sonic sempre gostou de Tom por vê-lo, em segredo, ajudando diversos animais pela cidade, algo que casa tematicamente com o jogo de origem. A partir do momento em que Tom decide ajudar Sonic, torna-se um road movie dos mais básicos, passando por diversos clichês de filmes americanos para chegarmos a uma moral infantil sobre realizar objetivos na vida, ter alguém com quem se importar e demais americanices para o público médio que vai ao cinema sem se preocupar com nada além disso. Claramente não é um trabalho para os quase quarentões e quarentonas que, em 1991, não estavam acreditando naquilo que viam na televisão de tubo logo após ligarem o seu Mega Drive com controle de 3 botões, mas sim para os filhos dessas pessoas que estão aprendendo tanto a gostar de games quanto de filmes. Não há pretensão alguma de ir além disso e também não há nenhum problema nisso, ainda que nem todo mundo tenha esse discernimento de público alvo ao criar uma obra; no caso de Sonic, até pelos trailers que passaram antes da sessão, claramente foi um filme feito para as crianças.

No núcleo secundário, uma pequena participação da família de Tom, esposa, cunhada e sobrinha, além de um policial bobão que não sabe o que fazer que rendem algumas boas risadas, mas nada fora do padrão já estabelecido antes - poderiam até ter sido mais utilizados ao invés de pontualmente. Sobra ainda nessa fórmula um divertido Dr. Robotnik feito por Jim Carrey, com todos os seu trejeitos liberados e sem nenhum freio de mão para puxá-lo. O diretor, aliás, faz questão de presenteá-lo com closes e demais regalias para um ator que sempre foi carismático e fez parte dessa mesma geração recém citada de quarentões e quarentonas que conheceram o jogo no seu lançamento. Ele usará aquelas máquinas super caras, irá mostrar toda sua inabilidade social e até mesmo se reinventar com a matéria bruta do Sonic em nome da ciência. Seu final é um presente.

Existem alguns easter eggs bem legais, como o detalhe no mapa de planetas que Sonic tem (um deles é o logo do Sega Saturno!), a referência clara ao seu principal concorrente Mario (Sonic não quer ir para o mundo dos cogumelos), há um destaque especial quando consegue o seu clássico tênis vermelho (com direito a patrocínio e tudo), conseguiram encaixar organicamente a perda de argolas (da segunda vez, né?), além de uma versão de uma música bastante conhecida por todo mundo que é rearranjada em formato cinematográfico no final. A real é que fica meio difícil dissociar essas adaptações dos jogos narrativamente mais simples dos anos 90, pois são duas mídias completamente diferentes e tanto o cinema quanto os games evoluíram muito de lá para cá, principalmente depois que os games começaram a chupinhar as narrativas do cinema, que por sua vez hoje integram várias características dos games em alguns filmes. Mas Sonic consegue ficar acima da média geral em longas do tipo, principalmente por sua simplicidade e por não querer entregar mais do que deveria. Vale a pipoca da criança.

Comentários (1)

Gabriel Antonio | quarta-feira, 26 de Fevereiro de 2020 - 15:30

"Mas Sonic consegue ficar acima da média geral em longas do tipo, principalmente por sua simplicidade e por não querer entregar mais do que deveria." >> Exatamente!

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