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Sombra do Vampiro, A

(Shadow of the Vampire, 2000)
6,9
Média
64 votos
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Sua nota

Críticas

Cineplayers

A sombra de Max Schreck

5,0

A Sombra do Vampiro parte de uma premissa pra lá de inusitada: questionar se Max Schreck era apenas um grande ator ou de fato era um vampiro, pois não se acreditava que a atuação de uma "pessoa normal" poderia ser tão boa para aquele personagem. Então, o filme mostra toda a obsessão do cineasta alemão F. W. Murnau (vivido por um John Malkovich no limite do overacting) de transpor uma espécie de sinfonia de horror para a telona.

Ciente de que todo o mito de Max ser um vampiro vem da obsessão do ator, que muitas vezes incorporava o personagem mesmo longe das câmeras, o roteiro consegue ter boas sacadas. Por exemplo, ao se apoiar nessa mitologia e conseguir mesclar um tom mais realista com algo fantasioso, dialogando diretamente com o público e mostrando todo o processo de produção de um filme o que instiga um excelente debate sobre os limites da arte, a grandiosidade de um artista e os mitos que se criam nos bastidores de obras consagradas como Nosferatu (1922).

O que impede A Sombra do Vampiro de ser um filme melhor é a péssima escolha do diretor. E. Elias Mehrige (do cultuado Begotten) tem a mão muito pesada para a proposta da obra, que resolve passear por gêneros e em alguns momentos parece perder sua identidade, saltando do humor negro à emulação do horror expressionista sem muita naturalidade. E não posso esquecer de mencionar o desnecessário alongamento dos planos, que nada acrescentam ao filme e causa uma imensa falta de ritmo que acaba por tornar a obra um tanto cansativa, mesmo que sua duração seja de apenas 92 minutos.

Já o ponto alto do filme reside no esforço de Willem Dafoe, que desde a sua primeira aparição em cena rouba o filme para si ao abraçar o tom sinistro e realista dado ao personagem, além de brincar com sua persona cinematográfica que ficou marcada justamente por tipos excêntricos. O ator também ganha pontos por nunca sumir dentro da excelente maquiagem (o que poderia acontecer com um intérprete menos talentoso), sempre se fazendo valer de sua forte presença cênica para manter a dúvida da natureza do personagem até seu desfecho.

Ao fim, fica a sensação de que o filme não atingiu o seu potencial máximo. Mas ainda é válida a experiência de assisti-lo, seja pela perspectiva interessante de que Max Schreck era um vampiro de verdade, seja pela excelente atuação de Willem Dafoe na pele do coadjuvante que é quase um protagonista. Além disso, serve como estímulo para correr atrás de outras histórias fascinantes dos bastidores de grandes obras do cinema.

TTexto integrante do Especial Nosferatu

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