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Críticas

Cineplayers

Uma tentativa boba de se criar uma nova comédia, mas sem nada de novo ou engraçado fica complicado.

4,0

Jennifer Lopez já foi xingada de tudo, menos de boa atriz. Jane Fonda, por outro lado, é comumente conhecida por sua excelência no campo da atuação. Sendo assim, é no mínimo curiosa essa união de dois opostos, supervisionada pelo diretor de uma das surpresas de 2001, Legalmente Loira, Robert Luketic. Claro que não há nada de novo aqui, e seria tolice esperar muito de uma comédia romântica que pelo trailer já mostrava suas limitações: piadas óbvias e situações que já encontramos em inúmeros outros filmes há muitas décadas. Eu adoraria afirmar aqui que a lógica não prevaleceu, e o filme funcionou, se não como um refresco de novidade, pelo menos como um passatempo adequado para um sábado à noite a dois. Quem dera! A Sogra é um filme ordinário em sua primeira metade e horrível no seu ato final. Fazer o quê...

Em favor de J. Lo (!) está o fato de que ela não é a responsável pelo fraco desempenho qualitativo do filme. Sua beleza e simpatia prevalecem na tela quase o tempo todo (mesmo quem a odeia deveria reconhecer que seu sorriso tem muita força), e ao lado da bruxa (papel que combina muito bem com o rosto de Jane Fonda, pelo menos em sua atual idade) que é sua futura sogra, temos um duelo muito promissor nas telas. Michael Vartan entra como o noivo e filho mimado, mas sua atuação serve mais para suportar e criar uma ponte entre as duas mulheres. Seus maiores créditos até hoje em Hollywood eram a fraquinha comédia romântica Nunca Fui Beijada e o bom suspense (não por sua causa, claro) Retratos de Uma Obsessão. Enfim, temos um trio bacana como núcleo central, uma produção bem acabada, então qual seria então o grande problema de A Sogra?

Mais uma vez (isso canso de dizer) é a falta de qualidade na produção de um roteiro pelo menos decente, pela fábrica de lixo (em boa parte dos casos) conhecida como Hollywood. A roteirista novata Anya Kochoff parece que resolveu pegar um amontoado de cenas e clichês de vários filmes de sucesso no mesmo estilo (desde O Pai da Noiva, passando por Entrando Numa Fria, até Adivinhe Quem Vem Para o Jantar?), misturar tudo, retocar superficialmente, e entregar para os produtores. Estes, por sua vez, acéfalos que são, pensaram logo no diretor do recente sucesso Legalmente Loira, vislumbraram uma Jennifer Lopez com carreira em declílio (o cachê deve ter sido mais barato), mas ainda com um bom público que a adora, e restagaram Jane Fonda, que não aparecia nas telas desde 1990, com Stanley & Iris. "Isso não pode dar errado!". De certa forma, não deu, o filme deu lucro e se pagou muito bem. Mas isso não faz com que o roteiro seja mais que totalmente medíocre.

Os conflitos entre a nora e a sogra são óbvios e raramente divertidos. A preparação para eles - o primeiro ato do filme - é justamente a melhor parte do filme, onde a esperança do que poderia vir pela frente ainda pode excitar os espectadores. Na hora H, tudo falha, e as risadas são rasas e geralmente forçadas - pelo menos se você já viu alguns filmes do estilo. O filme traz uma porrada de coadjuvantes - um mais estereótipo do que o outro, desde a empregada negra (alívio cômico que, no final das contas, diverte mais que a relação entre as duas atrizes principais) até o amigo gay. Pelo menos é um bom filme, tecnicamente falando, embora artisticamente seja nulo, pois a direção é básica demais e as atuações não conseguem decolar pela limitação dos textos e da construção das cenas (algo que o diretor Luketic teve com melhor qualidade em Legalmente Loira).

De qualquer forma, o filme nunca prometeu nada demais, então de maneira nenhuma pode ser considerado uma decepção. É apenas uma perda de tempo, com tantos (bem, nem tantos) trabalhos de melhor qualidade circulando pelos cinemas nos dias de hoje. Embora tenha um roteiro muito ruim e não seja especialmente engraçado, ao menos pode-se considerar que ele NÃO queimou nenhuma das atrizes. Lopez continua NÃO sendo respeitada e é sempre interessante ver o retorno de uma estrela à tela depois de tantos anos.   Entre prós e contras, o filme não é uma boa recomendação.

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