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Críticas

Cineplayers

Seth Angel se decepciona pela segunda vez consecutiva com o diretor Shyamalan, perdendo a fé em suas obras.

3,5

Depois de sair de uma sessão de O Sexto Sentido, logo pensei: “Nossa, acho que estou presenciando o ”nascimento” de mais um grande diretor de filmes de suspense no cinema atual, o que é ótimo, visto que a grande maioria dos que atuam nessa área a muito tempo não apresentam mais projetos de tanta qualidade, salvo raras exceções”. Entretanto, dois filmes subseqüentes ao magnífico O Sexto Sentido me deram uma opinião absolutamente diferente a respeito do diretor M. N. Shyamalan, passando de grande promessa à “diretor-de-um-filme-só”.

Em Corpo Fechado M. N. Shyamalan decepciona ao criar uma história de super-heróis numa ambientação que poderíamos até chamar de real. Contudo, o filme é tomado por uma série de diálogos monótonos e por uma péssima forma de caracterização de personagens, o que torna o filme mais exaustivo ainda, visto que o mesmo trata-se apenas disso. Tenho até arrepios quando lembro vagamente que uma vez li durante uma entrevista em que o diretor pretendia fazer do filme uma trilogia. Ainda bem que projetos como esse (e outros como A Reconquista, que também inicialmente era pensado como uma trilogia) simplesmente não decolaram.

Em Sinais, o diretor novamente tinha tudo o que precisava para tramar um filme com uma ambientação fantástica, cheio de sustos, enfim, nada espetacular, mas ainda assim esperava algo pelo menos no nível de Os Outros, um ótimo filme do gênero.

Estrelado por Mel Gibson (de O Patriota, O Preço de Um Resgate e Coração Valente) e Joaquim Phoenix (de Gladiador), o filme conta a história da família Hess, que mora na Pensilvânia. Durante uma manhã, os Hess acordam de madrugada e descobrem que coisas estranhas estão acontecendo na plantação de sua fazenda. Mais tarde, depois do nascer do sol, eles notam que suas plantações estão com estranhas marcas, em formas de figuras não identificadas. Depois de algum tempo, são avisados que aquelas marcas foram feitas por alienígenas e, minutos depois, começam a ver nos noticiários as primeiras imagens do mesmo fato ocorrendo com outras pessoas nas mais variadas localidades do mundo.

As atuações até que são boas. Joaquim e Gibson conseguem dar expressões muito realistas em relação a situação em que vivem, entretanto, essa relação é completamente estragada por um roteiro risível e falas de doer. Shyamalan erra muitas vez ao tentar colocar no filme pitadas de humor em momentos completamente absurdos. Como exemplo, citamos a cena logo no final em que o personagem de Joaquim (Merrill Hess) está segurando uma porta com uma cadeira onde um ser extraterrestre tenta entrar. Ele diz: “Isso é apenas uma solução temporária”. Então, Graham Hess (Mel Gibson) se volta para o irmão e pergunta: “Quão temporária?”. E Merrill responde: “Uns 22 segundos a mais”. Realmente não acredito como esse diálogo tenha ido parar nessa seqüência, não acredito que esse seja um diálogo aceitável protagonizado por dois personagens (dois irmãos!) numa situação em que suas vidas correm perigo, a menos que você realmente esteja protagonizando uma comédia da Broadway. E Sinais não deveria ser uma comédia ao melhor estilo Broadway, deveria ser um filme onde os chamados “sinais” feitos na fazenda da família Hess deveriam ser analisados de forma consistente e, também, um filme a respeito de como um ex-padre reganha sua confiança e amor por Deus diante de todos esses acontecimentos.

Acredito que M. N. Shyamalan tenha tentado se esforçar demais ao filmar Sinais e aparecer no final (ou em qualquer outra parte do filme) com um “grande momento”. Não há duvida alguma que o diretor é constantemente influenciado por diretores como Hitchcock e artistas como Norman Rockwell, como ele mesmo cita nos extras do DVD do filme. Entretanto, Shyamalan tenta forçadamente criar situações de cunho emocional desesperadamente ao invés de deixar que essas situações surjam naturalmente, decorrentes de uma boa direção e um bom script.

SPOILERS: Talvez mais ridículas que as situações já citadas, e as tentativas de sustos e situações emocionais equivocadas provocadas por Shyamalan, o filme tenha em seu ponto mais fraco um roteiro pífio, muito abaixo de algo considerado “regular”, cheio de furos e passagens absurdas. Como essa, por exemplo: se os tais extraterrestres fossem seres tão mais evoluídos (capazes de viajarem através do espaço e se comunicarem por “sinais” em planetas que não fossem os “seus”), tendo uma única fraqueza que seria “água”, o que diabos eles estariam fazendo em um planeta (que não representa ameaça alguma a sua existência) composto em sua totalidade por mais de 70% de água e superfícies aquáticas? Sem contar com os temporais que eles provavelmente devem ter percebido (do lado de fora da terra) antes de adentrar em nosso planeta.

Realmente não da para entender. O que parece é que o diretor filmou o filme até sua metade sem ter vindo na cabeça com nenhuma idéia de como eles (humanos) inverteriam a situação contra os alienígenas e, às pressas, inventou essa de “água”, que foi horrível para o roteiro como um todo, jogando-o lá embaixo.

Outro ponto que o filme (roteiro e direção) é péssimo em explanar é a situação do ex-padre interpretado por Mel Gibson e seu constante enfrentamento com sua fé e sua crença. O que parece é que Shyamalan tenta bolar um emaranhado de conceitos pré-formados a respeito de teologia e joga tudo isso na cara do público frente aos acontecimentos que tomam lugar na película.

Infelizmente, “Signs” tinha uma temática que poderia ser bem melhor aproveitada se tivesse uma direção melhor e um roteiro melhor elaborado. Como esses dois aspectos técnicos são relacionados a uma pessoa apenas, M. N. Shyamalan, atribuo a ele o fracasso desse filme que, repito, tinha um grande potencial.

Ironicamente falando, Sinais foi simplesmente a melhor “comédia” de 2002.

Comentários (4)

Luís Daniel | quarta-feira, 17 de Agosto de 2011 - 14:14

Pior crítica do site. 😏

Marcus Almeida | segunda-feira, 12 de Setembro de 2011 - 22:26

Fala, fala, fala, e não justifica nada.

Guilherme Santos | quarta-feira, 20 de Fevereiro de 2013 - 11:28

meu deus que critica mais tonta

ps: a parte da agua que vc tanto falou é bem mais simbolica do que você pensa, veja a outra critica e entenda uma das soluções, na verdade acho que voce não olhou o filme como um todo

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