Sequência é bastante inferior, mas ainda diverte e provoca razoável tensão.
Lançado apenas um ano após o Sexta-Feira 13 original, “Parte 2” foi o primeiro filme a apresentar Jason Voorhess como o assassino sanguinário que acabaria por conquistar milhões de fãs com o passar dos anos, porém aqui ele ainda não tinha utilizado sua famosa máscara de hóquei. No original, foi sua mãe a responsável pela matança (você já sabia disso se assistiu a Pânico, certo?). A série deslanchou em quantidade daí para frente: quase todos os anos daquela década viram um Sexta-Feira 13 sendo lançado, mais ou menos como vem acontecendo agora com a série Jogos Mortais. Os filmes nunca obtiveram respeito em termos de qualidade, mas a maior parte dos Sexta-Feira 13 sempre foi boa o suficiente para os fãs de slasher movies, e este segundo capítulo não é diferente: há algumas cenas muito interessantes e um clima bastante tenso.
Como curiosidade, o filme tem uma das maiores cenas de introdução antes dos créditos de abertura de toda a história do cinema, com aproximadamente 15 minutos de duração. O ato inicial, provavelmente o melhor deste segundo capítulo, fecha a história do filme original em uma única sequência, praticamente em tempo real, lotada de bom suspense e alguns clichês que já haviam ocorrido no filme original e viriam a ocorrer em todas as sequências (falsos sustos, atmosfera de terror crescente, etc.). Essa cena passa-se longe de Crystal Lake e traz um tom bastante distinto de tudo que fora visto no filme anterior.
O diretor Steve Miner viria a trabalhar no terceiro filme da série e em outros filmes do gênero no futuro. Seu trabalho não é em absoluto ruim, sabendo ritmar o filme de forma a não deixá-lo aborrecido, característica ajudada pelo fato do filme ter uma duração bem pequena (característica essa comum à toda a série, aliás). Basta não esperar algo surpreendente ou fora do comum. Estamos falando, afinal, de um terror para adolescentes cujo maior objetivo é proporcionar alguns sustos e um pouco de excitação erótica. Esses sustos acontecem (e se rever o filme não tira a graça dos sustos, pelo menos o clima de suspense é mantido) e trazem bastante diversão ao filme.
Possuidor de momentos muito bons de suspense, “Parte 2” perde-se no ato final, absolutamente falho e com características irritantes. O assassino frio e habilidoso de outrora dá lugar a uma pessoa praticamente descerebrada, que deixa escapar a sua vítima inúmeras vezes de forma incoerente, tirando o impacto que o filme havia deixado até então. Para adicionar dramaticidade e uma cena de perseguição, o roteirista Ron Kurz (que trabalhou na série até o episódio número IV) praticamente vendeu todo o seu trabalho, transformando a tensão gerada até então em uma quase piada. Isso é especialmente irritante se estamos torcendo para o assassino, como geralmente é o meu caso.
Em relação aos jovens, não há nada de excepcional para se relatar, é o mesmo grupo genérico de pessoas atrás de drogas, sexo e bebidas. A loirinha Amy Steel ganhou o papel principal, mas não há nenhuma cena dentro do filme que faça a moça demonstrar qualquer tipo de talento. Obviamente, esse não é um gênero para isso. Apesar de ser muito bonitinha, infelizmente (ou não, considerado que não teve chance de provar real talento) sua carreira daí para frente limitou-se a produções menores dentro desse gênero e de outros gêneros, muitas feitas para a televisão apenas, além de aparições esporádicas em seriados também televisivos.
Apesar dos personagens rasos e dos clichês – alguns irritantes – a pergunta mais importante para qualquer fã de terror: o filme é tenso? Sim! No início da década de 1980 assustou um monte de gente, e comparado com os lançamentos do século XXI até então, pode-se dizer que esta sequência barata do slasher movie de 1980 é bem melhor que a média. Não sei dizer como estes filmes funcionam com a nova geração de jovens, sedenta por uma quantidade de sangue muito maior e mais vísceras expostas, mas este aqui e os outros filmes da série (e obviamente de outras séries de terror daquela década) divertiram muita gente quando passavam na televisão.
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