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Críticas

Cineplayers

Serve, no máximo, para uma daquelas sessões insones na tevê.

1,0

Há tempos que uma produção B não entrava em circuito comercial. Puxando pela memória, o máximo que me vêm à cabeça é Malditas Aranhas!, de 2002,  uma tentativa fracassada da Warner Bros. em ganhar dinheiro com o gênero. É até engraçado ver Scarlett Johansson, antes da fama, fugindo dos aracnídeos superdotados, mas o filme nada tinha de ‘B’, pois contava com figurinhas conhecidas no elenco e um orçamento bem generoso, o que definitivamente não consta na cartilha do gênero.

Afinal, na definição clássica, filmes B eram aqueles produzidos na década de 50, geralmente de terror, faroeste ou policial, que compunham a famosa sessão dupla da época: a exibição de um primeiro filme, de baixo orçamento, com atores desconhecidos, para a sessão posterior do filme principal, de classe ‘A’. Era a época do drive-in, dos filmes tridimensionais, da concorrência com a televisão. Quando a ‘Era Dourada’ de Hollywood acabou, esse tipo de exibição também foi extinta, e, conseqüentemente, este tipo de filme.

A denominação ‘filme B’ então ganhou novos contornos e qualquer filme de produção limitada, geralmente de terror e ficção científica, passaram a receber essa denominação. Nomes como Roger Corman se tornaram referência no estilo e até hoje estes filmes possuem uma legião de fãs. Surgiram até produtoras especializadas neste tipo de produto, como a americana Troma, que há mais de trinta anos investe no filão em filmes que quase nunca chegam por estas terras.

James Gunn, que escreveu e dirigiu este exemplar, Slither no original (algo como serpentear, deslizar – o título brasileiro, por incrível que pareça, é bem mais esclarecedor e apropriado), começou a carreira exatamente na Troma, realizando curtas-metragens e roteirizando longas, como Tromeo & Julieta, o mais famoso exemplar da década de 90 da obscura produtora. Ele, que também já tem um pequeno currículo entre as grandes de Hollywood (afinal, é o escritor dos dois Scooby-Doo e do divertidíssimo Madrugada dos Mortos), parece que se esqueceu que a força-motriz de um bom filme B é sua força criativa e não o quanto de dinheiro se gasta na produção, e entregou um produto capenga, que não assusta nem faz rir, dois dos quesitos fundamentais.

Dezesseis milhões de dólares, uma quantia bastante alta para um filme que se vende como ‘B’ (e que arrecadou pouco mais da metade desse valor nos cinemas americanos), foram usados na história de Grant Grant (o ressuscitado Michael Rooker), um dos manda-chuvas de uma cidade no interior dos Estados Unidos, que, ao dar uma escapulida no casamento, embrenha-se numa floresta e acaba contaminado por um parasita alienígena, que o transforma em um hospedeiro de uma praga que irá devastar toda a cidadezinha. Caberá a Starla (a insípida Elizabeth Banks) destruir o marido mulherengo e a praga do espaço (que neste ponto da trama já são a mesma coisa).

É um curioso cruzamento entre A Bolha e O Ataque dos Vermes Malditos, que acaba por não funcionar. Seja pela falta de habilidade de Gunn em criar situações originais, seja pelo humor quase inexistente – há uma ou outra piadinha ou situação engraçada, mas uma pessoa que escreveu Madrugada dos Mortos deveria ter feito algo mais espirituoso. Soma-se a esse fato que nossa cota de sustos infantis se esgotou lá pela década de 80, este filme torna-se, portanto, dispensável. Serve, no máximo, para uma daquelas sessões insones na tevê.

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