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Críticas

Cineplayers

É um programa agradável, que arranca algumas risadas, mas nada mais.

6,0

O divórcio nunca foi um tema muito bem quisto pelo cinema americano. Está certo que lá no final da década de 70 a balela Kramer vs. Kramer fez enorme sucesso e conseguiu um punhado de Oscar, mas de lá para cá o tema foi praticamente esquecido. Tivemos A Guerra dos Roses, uma comédia impagável que brincava com a situação de forma histriônica, e, mais recentemente, A Lula e a Baleia mostrou um olhar adulto e dolorido.  Mas, com algumas outras exceções, foi só. É um tema que os americanos, principalmente os mais conservadores, tem verdadeiro pavor.

Portanto, é no mínimo curioso o enorme sucesso que esse filme fez. Arrecadou muito dinheiro, mesmo sendo um trabalho titubeante, como os personagens que retrata.  Uma indefinição que já ocorreu na hora de vender o filme: o trailer trazia a idéia de uma comédia romântica, o que na verdade não é. Tem seus momentos engraçados, obviamente, mas é muito mais um interessante estudo sobre a falência do casamento como instituição. A alternância entre momentos de extrema delicadeza e veracidade com outros que poderiam estar em comédias das mais chulas também dá indícios dessa heterogeneidade.

Até o currículo do realizador Payton Reed é curioso: tem um filme para ser apagado da memória, Teenagers – As Apimentadas, e um chuchuzinho subestimado, o delicioso Abaixo o Amor. É até então plausível que ele tenha usado essas duas vertentes neste novo trabalho, o que explica um pouco a sua indefinição quanto ao desenvolvimento da história. O que é certo é que ele trabalha bem demais os cenários de seus filmes, tornando-os catalisadores de suas tramas. Aqui, é um apartamento o elemento-chave causador da ação e onde ela transcorre.

A idéia do roteiro partiu de Vince Vaughn, que também estrela e produz o longa.  Vaughn, que de uns tempos para cá deu uma guinada repentina na carreira, consolidando-se no mercado como comediante, encarna um papel perfeito para suas características: Gary, um guia turístico extrovertido, bonachão, quase uma criança grande, que se envolve com Brooke (Jennifer Aniston), vendedora de uma galeria de arte linda e bem resolvida. O prólogo do filme mostra o primeiro encontro entre os dois, divertidíssimo, em que Vaughn já explicita seu personagem – que é extremamente bem construído – e conquista logo de cara a simpatia do espectador.

O texto pula para ambos já casados, e uma pequena briga envolvendo limões descamba para algo que toma grandes proporções. Vem então um jantar e descobrimos que a relação já não está em seus melhores dias. A partir daí, cada ato revela-se um passo à frente do abismo até que a situação fica irreversível. Fim de casamento e o que resta é um apartamento que os mantêm juntos, e palco das barbaridades que ambos cometerão uns contra os outros. 

O filme segue mostrando essas situações que muitos diriam absurdas, mas um olhar mais preciso mostra algo com mais pé na realidade do que poderíamos imaginar. Há algum tipo de apelação, alguns diálogos afiados e uma eficiente Jennifer Aniston fazendo contraponto à extrema habilidade de Vaughn, que definitivamente rouba a cena e tem as melhores falas (mesmo com o roteiro o sabotando de vez em quando).

Ao final, sente-se que foi um programa agradável, que arranca algumas risadas. Pode não ser muito, mas pelo menos está um pouco acima da média do que estamos vendo por aí. O final, simpático, mas longe dos clichês do gênero, mostra isso. Um pouco de maturidade não faz mal a ninguém.

Comentários (1)

Cristian Oliveira Bruno | sexta-feira, 22 de Novembro de 2013 - 14:24

Jennifer Aniston nua de costas....mas o filme é bom e só.

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