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Críticas

Cineplayers

Uma animação que desacata em todos os sentidos a obra-prima literária de Tolkien.

1,0

Este filme foi lançado na obscuridão no final da década de 70. Com o lançamento da trilogia épica de Peter Jackson, a Warner decidiu colocar no mercado um relançamento desta versão animada da trilogia de O Senhor dos Anéis. Bem, pelo menos as duas primeiras partes – A Sociedade do Anel e As Duas Torres.

A pergunta é: o que se pode esperar de um filme com pouco mais de 130 minutos que engloba mais de 600 páginas de livro? David Lynch enfrentou o mesmo problema na década de 80 ao adaptar o clássico de ficção científica Duna para o cinema, e o resultado foi desastroso. Uma obra daquela importância e tamanho não merecia tal filme. Aqui o caso é ainda pior.

Considero-me uma pessoa de mente aberta em relação às mudanças que Peter Jackson está realizando na trilogia de O Senhor dos Anéis. Mas com a obra de Ralph Bakshi você tem de ter toda a boa vontade do mundo para aceitá-la sem críticas negativas. A adaptação ficou horrível, não apenas horrível, mas cômica. Em certo momento, o filme nem sequer consegue manter os nomes dos personagens intactos, e “Saruman” vira momentaneamente “Aruman”. Atrás dos motivos deste erro, encontrei a explicação boba de que a platéia confundiria Saruman com Sauron, o inimigo maior do filme. Oras, então porque não chamar o mago de Isengard de “Aruman” logo de início? É simplesmente hilário...

Tanto conteúdo em tão pouco tempo de filme simplesmente acaba matando os personagens, e o filme faz pouco sentido para quem já leu os livros, imagine para quem nunca leu. Obviamente, uma tonelada de partes foram cortadas, como era de se esperar. A edição também não ajuda nem um pouco, e o filme apenas vai jogando nomes de pessoas e lugares um atrás do outro sem explicação nenhuma.

O filme, como já foi falado, engloba apenas os dois primeiros livros da trilogia. Após uma vitória momentânea das forças do bem (que está presente no livro) no Abismo de Helm, ele acaba com uma historinha do tipo: “e o Mal foi expulso finalmente da Terra-Média...”. Enquanto isso, Frodo, que deve destruir um anel mágico para acabar com o mal (também) não possui nenhuma finalização na história. Em um momento eles estão adentrando uma caverna na companhia da criatura Gollum, em outro... O filme acaba!

Mas o pior ainda está por vir: tecnicamente o filme é horrendo. Os personagens têm pouquíssima personalidade, os ambientes são feios, descoloridos, e o diretor ainda escolheu usar uma técnica que deixa tudo ainda mais feio. Ele pegou filmagens de pessoas reais e colocou um filtro em cima, para dar uma aparência cartoonesca a elas. O resultado é um misto de animação com realidade. Mas espere: ainda tem mais! Essa técnica foi usada somente em alguns momentos, ou seja, você em um segundo está assistindo um desenho animado; em outro, já assiste a um filme que mistura desenho com realidade. Os inimigos mais comuns – os Orcs – são um mistura dos macacos de O Planeta dos Macacos com o palhaço Bozo.

Pelo menos tudo isso é muito engraçado de se assistir. Vale como uma estranha curiosidade e nada mais. Porém não espere fidelidade ao livro, boa animação, e nem sequer entretenimento razoável. Ralph Bakshi deve ser um dos maiores odiadores de Tolkien deste planeta... Li em algum lugar que ele ficou chateado com Peter Jackson por não tê-lo colocado na produção da sua trilogia, agora sei o porquê.

Curiosidade: há um desenho para a televisão, datado de 1980, que complementa o filme de Bakshi: é o capítulo O Retorno do Rei. Este desenho é extremamente difícil de ser encontrado.

Comentários (4)

Matheus Veiga | segunda-feira, 30 de Setembro de 2013 - 13:26

deve ser bizarro

Ricardo Nascimento Bello e Silva | segunda-feira, 30 de Setembro de 2013 - 14:41

O louco, tem 10 anos essa crítica mas é bem engraçada mesmo. Não pensei que fosse tão odiada essa animação 😏

Dáiron César Waick Schuck | domingo, 05 de Março de 2017 - 18:19

Visto hoje em dia é tudo isso mesmo, mas na época em que foi lançado foi um sucesso comercial. Arrecadou um bom dinheiro. O "grito'' vinha quando as sessões terminavam e as pessoas queriam saber o final da história. Bakshi alegava que queria subtitular o filme como "Part I" mas que o estúdio assim não quis.

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