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Críticas

Cineplayers

Um belo thriller de ação, embora um pouco exagerado em seu final. Ótima fotografia.

6,0

Com um elenco recheado de ótimos atores e um roteiro cheio de truques mirabolantes, Uma Saída de Mestre foi um dos sucessos-surpresa da última temporada de verão nos Estados Unidos, ao lado de  Piratas do Caribe. O ator Mark Wahlberg comanda um grupo de ladrões profissional, que é formado por Jason Statham, que é o motorista da equipe (o ator a cada dia se parece mais com Bruce Willis, e pode, quem sabe, se tornar seu substituto natural em Hollywood, talvez ao lado de Vin Diesel), Seth Green, que é o hacker, além de Mos Def e, claro, a lindíssima Charlize Theron. O objetivo deles é recuperar uma carga de barras de ouro que tinham conseguido roubar anteriormente, mas que foi “adquirida” por um traidor dentro do grupo (não contarei detalhes importantes do enredo, pode continuar lendo).

A cena inicial do filme mostra o roubo original, e é também a melhor cena de Uma Saída de Mestre, que é uma refilmagem de um título de mesmo nome (no original, The Italian Job) filmado em 1969, protagonizado por Michael Caine. O filme conta, de uma maneira geral, com boas cenas, humor numa medida adequada, boa química entre os integrantes do grupo de ladrões, e um vilão muito interessante, possuidor de mais defeitos do que habilidades – o que o torna, juntamente com a bela interpretação do personagem pelo ator... - opa, sem contar o enredo, certo? - ... um personagem acima da média se contarmos os últimos vilões do cinema. Resumindo então: o filme parece ser ótimo, certo? De fato é! No mínimo bom. Mas também falta substância, e eu já explicarei o porquê disso.

Acontece que o “grande” plano do grupo para recuperar o ouro é totalmente dependente de inúmeras tralhas tecnológicas (e é aí que entra o personagem de Seth Green). Com o uso dessas tralhas, tudo torna-se fácil demais e sem charme real (como certamente o filme original tem). Ao final do filme, se você recapitular os acontecimentos, vai se lembrar que nenhum dos personagens realmente passou por algum perigo real e o plano para o roubo nunca sofreu nenhum revés importante. Além do quê é mais um filme que abusa da inteligência do espectador no uso da tecnologia e informática: mesmo que seja divertido conferir os aparatos que são mostrados no filme, quem tem o mínimo de entendimento – ou mesmo quem lê algumas revistas como leigo – em informática saberá que mais da metade dos truques mostrados no filme são hoje inviáveis no mundo real.

Mesmo assim, o propósito claro do filme é dar ao espectador pouco mais de 100 minutos de diversão descerebrada. Se for encarado desta forma, Uma Saída de Mestre justifica seu sucesso, embora, por exemplo, o recente filme O Assalto (com Gene Hackman), que possui quase as mesmas características, tenha ido mal nas bilheterias, ainda que na minha opinião seja um filme superior em quase todos os sentidos, inclusive em termos de diversão. Alguns filmes simplesmente têm mais sorte que outros (ou melhores campanhas publicitárias).

Todo o elenco parece estar se divertindo. Mark Wahlberg inclusive brincou em uma entrevista que gostaria de ter ganho de presente, ao final das filmagens, um dos Mini Coopers que são utilizados durante o filme (e os carrinhos se encaixam muito bem na história). Obviamente ele não possui dinheiro próprio para comprar o seu compacto...

Tecnicamente o filme é de primeiro nível. O diretor F. Gary Gray tinha acabado de filmar O Vingador, filme mais recente do Vin Diesel, quando entrou neste projeto. Os dois filmes possuem características parecidas em termos de fotografia, por exemplo, só que aqui ela deixa de ser um tanto escura e passa a ser mais nublada, sempre aproveitando as características das locações, na Europa e Estados Unidos. Visualmente o filme relembra também o recente sucesso A Identidade Bourne (inclusive nos tais carrinhos de antes). E por falar em locações, há algumas cenas na neve que fazem as de O Senhor dos Anéis: O Retorno do Rei, por exemplo, derreterem de inveja. De tão belas que são, eu até poderia dizer que é o mais belo aparecimento de uma montanha de neve num filme já visto por mim. Infelizmente, são poucas as cenas que se passam aí, na região da Áustria. Uma Saída de Mestre ainda conta com alguns momentos de trilha sonora inspirada (ainda que raros), incluindo até mesmo Pink Floyd no pacote.

No geral, este é um bom filme em termos de diversão, só que não justifica o seu sucesso (mas afinal, poucos filmes hoje em dia o fazem). Seus elementos não são nada originais, o roteiro possui alguns furos feios, só que o elenco é poderoso e cheio de talento. E, claro, o filme conta com Charlize Theron... Ahhhhh, Charlize...

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