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Sacrifício, O

(Wicker Man, The, 2006)
3,1
Média
221 votos
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Críticas

Cineplayers

Não surpreendentemente, mais um remake desnecessário e infeliz.

4,0

Entrei no cinema sem saber exatamente o que esperar de “O Sacrifício”. Já no começo me decepciono – como sempre - com a péssima tradução do título original “The Wicker Man” (O Homem de Palha). Aliás, a tradução totalmente equivocada dos títulos no Brasil prejudica a história. No caso de O Sacrifício o título acaba sendo um spoiler do roteiro e entrega o clímax do filme.

Fugindo um pouco do tema, sinceramente, gostaria de saber quem é o responsável pela tradução dos títulos. Pôxa vida, é um trabalho que exige perícia e não pode ser feito de qualquer maneira. Um caso clássico de tradução mal feita é o título do livro “Animal Farm”, de George Orwell. No Brasil ela recebeu o excelente título “A Revolução dos Bichos”, entretanto, em Portugal eles não foram felizes e traduziram para “A Vitória dos Porcos”, ou seja, outro spoiler da história.

Voltando ao tema: o Sacrifício é um remake do original de 1973, numa tendência notória da indústria cinematográfica na produção de regravações. A essência é a mesma, entretanto, o atual muda um pouco o enredo. A história começa boa, mas logo nos primeiros 30 minutos de projeção percebemos que se trata apenas de mais um “suspense-policial-com-roteiro-manjado”. Nem Nicolas Cage, no papel principal, consegue segurar bem a história e tem atuação que beira o medíocre. Quem fica a frente da direção e do roteiro é Neil LaBute. Aliás, não é a primeira vez que LaBute mostra em seus filmes a relação entre os sexos em seus trabalhos. Na atual versão, o roteiro é feminista ao extremo. Chego a pensar que há até uma mensagem subliminar nessa história toda: “nunca confie em ex-namoradas”.

A história é assim: um policial recebe uma carta de uma ex-namorada que pede para que ele a ajude encontrar sua filha desaparecida. Acontece que para isso ele deve viajar para uma ilha isolada onde sua ex mora. Lá ele encontra uma sociedade pagã, cuja líder é uma mulher. Essa sociedade se organiza como as abelhas, onde existe a abelha rainha, portanto a responsável por guiar política e espiritualmente a população. Os homens não passam de meros reprodutores e operários e não têm voz ativa na sociedade.

O original, da década de 70, traz consigo uma legião de fãs, que certamente se decepcionarão com este remake. Afinal ele fica longe de se igualar à primeira versão. O que era para ser um filme de terror e suspense se transforma num tragicômico espetáculo da supremacia feminina. Por falar em supremacia feminina, um dos pontos dignos de destaque é a beleza fenomenal de Leelee Sobieski, que mesmo com figurino de camponesa nos brinda com sua ótima presença em cena.

Entre as cenas que beiram o cômico está o diálogo entre Cage e Kate Beahan (Willow), onde ele diz: “algo ruim está para acontecer”, dita quase no final do filme quando milhares de “coisas ruins” já aconteceram. Além disso, no clímax da história vemos a veterana atriz Ellen Burstyn – que fez O Exorcista – pintada de uma maneira que lembra a pintura dos guerreiros do filme Coração Valente (sic).

Não menos surpreendente é o final. Quem viu o original já sabe por antecipação o que acontece na história toda, entretanto, que não teve a oportunidade de ver o clássico da década de 70 irá se surpreender com o memorável desfecho da investigação do policial que se arrisca nessa ilha repleta de crenças exóticas e mistérios.

Uma curiosidade, LaBute homenageia nos créditos finais Johnny Ramone. Famoso roqueiro da década de 70, morto recentemente de câncer e aparentemente quem levou Nicolas Cage a se interessar a fazer o remake.

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