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Críticas

Cineplayers

Não há muito que dizer sobre um filme que pouco diz.

4,0

A palavra que melhor define Robin Hood é tédio. São pouco menos de duas horas e meia de uma verdadeira tortura aparentemente sem fim. O diretor Ridley Scott e o ator Russell Crowe voltam a trabalhar juntos em uma parceria que já se tornou habitual, mas que, pela semelhança de enredos, não convence mais.

Desde o primeiro minuto, o longa-metragem traz a memória Gladiador e Cruzada e ainda remete às demais produções de grande heróis mitificados da história, como Alexandre. Ou seja, é um personagem jogado dentro de uma fórmula prévia comum.

Em Robin Hood não há inventividade e, por isso, a sensação de “já vi isso antes” permeia toda a fraca narrativa. As cores da fotografia obedecem ao padrão Ridley Scott, meio acinzentada, meio azulada; a batalha histórica é mesclada com o romance piegas e inverossímil do herói com Marion Loxley, interpretada por Cate Blanchett. O casal não tem química, a relação é atropelada e os diálogos, quando não previsíveis, são péssimos. A atriz, que dificilmente erra na composição de personagens, aparece burocrática, apenas para cumprir tabela. Da mesma maneira está Crowe, que após ser injustiçado com a perda do Oscar por Uma Mente Brilhante parece ter entrado em greve e apenas repete a composição de Gladiador.

O filme, infelizmente, não consegue achar um foco específico, talvez por tentar mostrar como o personagem central se tornou Robin Hood, ou seja, a narrativa percorre sua história antes de ele ser rotulado como quem roubava os ricos para dar aos pobres. Mas, o que poderia ser uma prerrogativa interessante, simplesmente não funciona. A partir da deserção de Robert (nome antes de Robin) do exército após a morte do rei inglês Ricardo Coração de Leão, o filme parece iniciar uma fábula de amor em tempos de guerra, e não a caracterização do personagem-tema.

Nada consegue surgir de maneira minimamente interessante para o espectador. A subtrama do pai de Robert, por exemplo, é inteiramente inútil e poderia ter sido cortada para livrar mais rápido o público da tormenta. Salve-se, neste caso, a aparição do personagem de Max von Sydow, que atua de forma exemplar ao interpretar o sogro da heroína vivida por Blanchett.

Clímax não há. O que sobra são momentos absurdos que o roteiro inventa para dar continuidade à história. Se a trama do pai do herói não funciona, pior ainda é a transformação repentina, inesperada e absurda de Marion em uma guerreira. Sem contar as adaptações de personalidade e mudanças abruptas de atitude dos personagens quando convém ao andamento da história.

Assim, a trama não desperta interesse e a sequência final, que na concepção de Scott deveria soar real pela opção da câmera trêmula, é absolutamente desprezível pela bagunça visual que o cineasta imprime. Até os letreiros surgirem, o tempo parece não passar.

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