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Críticas

Cineplayers

Lançada diretamente em vídeo no Brasil, esta comédia não é ruim, somente dispensável.

5,0

Com Ricky Bobby: A Toda Velocidade, Will Ferrel continua a mostrar sua força como comediante, já que o filme foi um absoluto sucesso nos Estados Unidos. Contando com um bom elenco de apoio, incluindo Sacha Baron Cohen, famoso agora por interpretar Borat, Ricky não sai muito do que Ferrel vinha fazendo na sua carreira, ou seja, humor visual e grosseiro. Agora, o que mais importa, o filme é engraçado? Bastante! Mas na mesma proporção é irritante, visto que corridas de Nascar são uma febre nos EUA, e o filme é bastante dirigido àquele público. Tanto isso é verdade que ele nem chegou a ser lançado nos cinemas do Brasil.

As piadinhas são constantes, mas eventualmente o filme parte para o apelo emocional, algo que está bem comum nos dias de hoje (vide Click). Ricky tem em seu pai a figura de herói (ainda que o tenha visto uma ou duas vezes na vida) e é com essa imagem que ele passa a ser o grande piloto de sua categoria nos autódromos norte-americanos. Casa-se com uma loira descerebrada (aqui a arte imita a vida) e tem um amigo chamado Cal (John C. Reilly em uma performance engraçada) que lhe dá suporte nas corridas. Ainda há o rival (tinha que haver um) arrogante, um francês que veio da Fórmula 1 e quer a todo custo provar que é melhor do que Ricky. Todos esses elementos são misturados e o resultado é um filme engraçadinho, mas ordinário. Há romance, drama (o tal apelo emocional), comédia e aventura, ou seja, um pouco de tudo, mas nenhum desses gêneros é apresentado de forma excepcional.

Ricky é um sujeito arrogante, estúpido, burro e um pai horroroso (seus filhos são iguaizinhos). O filme usa essas suas "qualidades" para criar suas piadas, mas em nenhum momento redime o personagem - ele termina não mais inteligente nem menos arrogante. Dessa forma, percebe-se que o intuito único do roteiro (escrito por Ferrel em conjunto com o diretor Adam McKay) não foi passar nenhuma lição de moral (algo que aconteceu, ainda que de forma banal, em Click), e sim somente jogar um monte de piadas na tela sem maiores pretensões. Ou não. Quem sabe o filme quis criticar os pais despreparados (tanto ele quanto seu próprio pai são assim). Se foi isso, utilizar como exemplo um piloto de corrida famoso não deveria ser algo em que pessoas normais poderiam se espelhar.

Então já que o filme é assumidamente vazio de conteúdo e de intenções honrosas, deveria ao menos divertir. E é o que ele faz, mas como já foi comentado, nunca de forma realmete satisfatória. Algumas piadas vencem pelo seu exagero (uma envolvendo uma faca em um hospital) e outras valem a pena somente pelo talento natural de Will Ferrel - algumas de suas expressões são impagáveis. Fora isso, não há muito o que se comemorar. Sacha como o piloto francês tem um papel irritante, pois a insistência com piadas sobre gays funciona somente no começo, depois cansa. Quem se sai melhor ainda é John C. Reilly, como o amigo submisso de Ricky. As mulheres estão lá somente como instrumento sexual, então nem devem ser levadas em consideração.

Lançado diretamente em vídeo (mesmo que o filme não seja lá essas coisas, isso é uma vergonha para os distribuidores nacionais), e ainda que tenha tido sucesso em seu país de origem, Ricky Bobby deve encontrar um público minúsculo aqui no Brasil. É norte-americano demais, a bandeira ianque é exibida em todos os momentos como forma de orgulho exarcebado, o que deve ser simplesmente cansativo para o público de outros países (para mim foi). Não é exatamente ruim, somente dispensável.

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