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Críticas

Cineplayers

A ilustração da nostalgia.

9,0

Simba é um filhote de leão que nasceu já com grande responsabilidade nos ombros: suceder o reinado da savana africana comandado por seu pai, Mufasa. Todo o cenário imperial, sugerido por uma imensa e simbólica pedra que representa o trono do monarca e a moradia das feras do palácio, declara a alta importância de um líder para aquele domínio. Com seus olhos ansiosos, o pequeno mamífero examina tudo ao seu redor com curiosidade; mais crescido esbanja uma intrepidez inocente a respeito dos perigos do ofício de um rei. Ele não se deixa intimidar por barreiras que venham a contestar sua coragem, se encrencando durante algumas de suas aventuras mais ousadas.

Ele será o novo rei leão. O protagonista de uma das mais fascinantes fábulas já realizadas pelos estúdios Walt Disney. Sua trajetória encantou crianças e adultos não somente por sua excelência audiovisual, mas também pela combinação mágica entre a criatividade narrativa e o resgate de elementos clássicos da Era de Ouro da empresa. O universo das animações entrava em um novo estágio, o recente avanço gráfico propunha uma tecnologia atual aos longa-metragens, contudo, O Rei Leão (The Lion King, 1994) preservou a graciosidade da técnica convencional, e com isso brindou seus espectadores com um dos espetáculos mais gloriosos do gênero em todos os anos.

Com uma qualidade estética impecável, o filme opta por uma precisa divisão narrativa, capturando duas épocas de vida de Simba. Com isso, tem-se início a introdução de novas figuras à trama; a emblemática dupla Timão e Pumba tornou-se querida no mundo da animação, responsável também pelo núcleo cômico da história, bem como da empatia que esta desperta no público. Enquanto Simba se vê abalado por uma culpa que não lhe pertence, o suricate e o javali contagiam-no com o bom humor e a irreverência que transborda de suas personalidades. E assim o público entra no embalo da euforia proposta pelo dilema pessoal desses animais: viver uma vida sem problemas.

O ditado pronunciado - e até cantado - pelos dois mostra-se como uma solução não apenas para os tempos difíceis que vive o jovem leão, mas também como um reflexo para o cotidiano de nós mesmos. Uma proposta para que passemos a relegar mais o que nos aflige e abrir os braços para o que a vida tem a oferecer de melhor, aproveitando tudo como se fosse o último dia. "Hakuna Matata" é uma definição da relevância dos temas dessa animação para nossa realidade, a exemplo da relação entre pais e filhos, do ódio, da vingança, da rivalidade, entre alguns outros tratados com uma sutileza que os torna quase imperceptíveis, mas sempre refletidos a partir do cotidiano, afinal, a história daqueles animais nada mais é que uma projeção do mundo real.

O tempo não conseguiu interferir em uma qualidade sequer dessa obra, esbanjando uma riqueza em detalhes admirável. Invejável até mesmo para produções recentes. O palco da jornada de Simba ainda promove uma fantástica experiência ótica, ilustrada pelo traço marcante das paisagens naturais africanas, bem como de seus fabulosos personagens. O ritmo delicioso da narrativa acompanha a exuberância de uma paleta de cores quentes, tonalidades vibrantes e traços sofisticados, que desenham uma aventura tão divertida quanto emocionante. O filme carrega consigo a essência de obras animadas de outrora, as fórmulas mágicas dos clássicos da empresa, que simbolizavam a genialidade do mestre da imaginação.

Assistir a O Rei Leão é dar forma à nostalgia, trazer de volta o espírito de criança presente em cada um de nós. É olhar para a tela e recordar sessões passadas, lembranças que por ventura o filme venha a lhe recobrar. Portanto, mesmo com a nitidez de suas qualidades artísticas e cinematográficas, é no saudosismo que essa obra-prima encontra sua força, ao tocar profundamente na emoção particular do espectador, em suas sensações pessoais e suas memórias particulares. Assim como um sonho, que ilustra os sentimentos e por um momento os tinge de doces e belas imagens. Afinal, a Disney já foi uma fábrica de sonhos.

Comentários (16)

Heitor Romero | quarta-feira, 31 de Agosto de 2011 - 09:53

Eu quis dizer que o 3D usado nesse filme é péssimo. E por um simples motivo: Rei Leão não foi projetado para ser apresentado em 3D. 😉

Paulo Hoffman | sábado, 03 de Setembro de 2011 - 08:56

Não me lembrava de ter visto esse filme na infância, por isso assisti recentemente. A cena de abertura é uma das melhores que já vi, e o filme tbm está entre as melhores animações. Acho bem melhor do que "A Bela e Fera".

Marcus Almeida | segunda-feira, 05 de Setembro de 2011 - 21:59

Acabei de ver o filme e adorei! Mas o 3D é ruinzão mesmo.

Daniel Duarte | quinta-feira, 06 de Outubro de 2011 - 20:26

Desenho inesquecível, marcou muito a minha infância.

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