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Críticas

Cineplayers

Totalmente batido, intensidade das cenas de ação compensa fraco roteiro. Rambo em grande forma.

7,0

Rambo volta em um quarto filme, praticamente como se ressurgisse das cinzas, sob a direção do próprio, Sylvester Stallone, que em 2006 lançou Rocky Balboa com a apreciação de crítica e público. Pois bem, novamente Stallone acerta ao reviver um personagem seu de sucesso. Rambo é intenso e, mesmo não sendo o jovem de outrora, continua firme e forte, literalmente. Despejando mais sangue e tripas que a média dos filmes de terror vem fazendo nos últimos anos (incluindo aí a série Jogos Mortais), não é um filme para qualquer estômago – a quantidade de mutilações e maltratos a inimigos é exorbitante. O filme não foi exatamente um sucesso comercial, mas vai fazer seu lucro com o lançamento em DVD e Blu-Ray, quando os jovens poderão assistí-lo livremente sem a necessidade de acompanhamento de adultos.

Ao contrário do retorno de Rocky Balboa, aqui não há muito tempo para discursos sentimentais, embora Rambo tenha seus problemas e sua cabeça continue cheia de conflitos resultantes do seu condicionamento recebido quando fora para a Guerra do Vietnã (o que nessa altura parece ter sido em uma outra vida), o que vale mesmo é matar. Não há dó, não há segundas intenções, o alvo é seu inimigo e ele investe contra ele com ferocidade. Continua um herói quase infalível, quase imortal. Não há cena em que o público possa realmente temer por sua vida ou duvidar que ele vá conseguir salvar a mocinha. Mas a caminhada proporcionada pelo filme, como foi comentado lá em cima, é intensa. É um filme de ação como os da década de 1980, com pouco cérebro e muita matança. Só que o nível dessa matança está maior do que nunca.

A curta duração do filme – 90 minutos aproximadamente – é perfeita! Faz com que o trabalho de Stallone não fique redundante, pois quando este começa a ficar cansativo chegamos ao seu final, que faz um link com o filme original da série, então é provável que o ciclo do personagem tenha finalmente se fechado (ou seja, esqueça um quinto filme). A direção é deveras competente, não há tempo para exibições, as imagens são cruas e diretas. Mas ainda assim há alguns planos belíssimos, fruto de uma fotografia bem cuidada (quando de dia). O roteiro, claro, é bem limitado, não há personagens multidimensionais e o próprio John Rambo não evolui como pessoa (talvez como assassino apenas) em momento algum. Seus conflitos são os mesmos de sempre, mas isso é o suficiente para carregar o filme.

Uma trilha sonora empolgante (tema já conhecido da série utilizado de diversas maneiras) ajuda a manter a tensão. As cenas de ação, embora absolumente batidas, são vibrantes. Ficou apenas devendo um tratamento melhor nos efeitos especiais. Às vezes o sangue é artificial demais, e uma cena envolvendo a explosão de uma grande bomba parece que veio de um desses episódios de séries de ação feitas para a televisão. Felizmente, não estraga a experiência, apesar de distrair um pouco. O fato – tão discutido, mais do que o próprio filme – de Stallone estar fazendo este tipo de filme com mais de 60 anos, com a ajuda de  drogas para chegar na forma física que apresentou, é totalmente irrelevante, pois não há sensação alguma de que as ações de seu personagem dentro do filme sejam forçadas. O que acontece nos bastidores cabe a ele próprio apenas.

Os críticos (e parte do público) de forma geral esnobaram o filme, “violência gratuita e estereotipada”, dizem eles. Mas Rambo é isso, sempre foi isso. Não sou fã em especial do personagem e não há uma grande explicação porque Rambo IV é um bom filme. Na realidade não é especialmente bom como cinema, mas como filme de ação, está muito acima da média. Ninguém realmente pediu pela volta do personagem, mas a experiência, embora gratuita, vale bastante a pena para quem gosta do gênero. Fique apenas avisado pelo alto grau de violência do filme, e se você for um pai responsável, por favor mantenha seus filhos longe desse produto. De resto, é diversão descompromissada para marmanjos, em sua melhor forma.

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