A mesmice de sempre das comédias românticas, apenas trocando o casal de protagonistas.
Ben Stiller é um cara engraçado, disso não há dúvidas. Com suas caretas sempre construiu personagens extremamente cativantes, só que essa falta de variedade já está começando a provar que sua imagem está caindo em uma péssima mesmice. Dessa vez ele vem em parceria não com um homem, como no seu sofrível Zoolander (par com Owen Wilson, com quem voltara a trabalhar no seu próximo filme, Starsky & Hutch, ainda inédito no Brasil), e sim faz um par romântico com a nova queridinha da américa Jennifer Aniston (de Por um Sentido na Vida e do seriado Friends), em um gênero que todos os atores famosos hoje em dia parecem querer ter no currículo: a comédia romântica.
Digo isso porque o número de títulos do gênero que saem é muito grande, sempre com pares cada vez mais diferentes, mas dificilmente acrescentando alguma coisa a essa biblioteca tão vasta de opções. E Quero Ficar com Polly (um nome nacional que não tem nada a ver com o original em inglês - Along Came Polly - claramente tentando pegar carona no maior sucesso de Stiller, o ótimo Quem vai ficar com Mary?), não foge a regra e se mostra bem limitado em tudo o que tenta produzir. Se não fosse uma ou outra piada reciclada que ainda funciona, quase sempre com teores nojentos, e o carisma de seus protagonistas, teríamos outra bomba nas mãos.
Ben Stiller interpreta Reuben Feffer, um homem que trabalha analisando os riscos dos clientes em uma asseguradora. Casa e, na sua lua de mel, é traído pela mulher. Sozinho, deprimido, começa a encontrar novamente uma razão de viver com a louca Polly Prince (Jennifer), com quem estudara anos antes, em sua infância. Os dois vão se descobrindo, situações bizarras vão acontecendo até cair no bom e velho clichê do dilema que o protagonista deve tomar a decisão pelo grande amor antes que ele vá embora para sempre. Não, não contei nada demais, afinal, quase toda comédia romântica cai para esse lado hoje em dia, então não era de se esperar que um filme tão sem criatividade fosse cair para essas bandas ao seu final.
Enquanto Stiller parece estar no piloto automático de seus filmes anteriores, Jennifer dá o charme necessário para que a desleixada Polly funcione positivamente na tela. As diferenças entre ela e Feffer ficam claras a cada momento. Enquanto ele tem diversos problemas, inclusive alimentares – já tendo calculado até mesmo o risco de se comer um simples amendoim em um bar -, Polly é solta, adora dançar salsa agarrada em boates, não faz seu trabalho com atenção e não está nem aí para as chamadas que recebe, tudo isso com o charme que Jennifer consegue transmitir perfeitamente.
Os personagens secundários são muito mal aproveitados. Um exemplo disso é Sandy Lyle (Philip Seymour Hoffman, de Cold Mountain, Dragão Vermelho), que é extremamente carismático, mas suas cenas não têm função nenhuma dentro da narrativa, já que seu personagem está totalmente excluído de algo central – ou até mesmo secundário. Tudo bem que é exigir demais que todos os personagens funcionem dentro desse tipo de gênero, mas tomando por exemplo um outro que o próprio Philip fez, Embriagado de Amor, dá para ver como relaxadas estão as comédias de hoje em dia. São um emaranhado de cenas engraçadas com uma tentativa forçada de emocionar no final que podem funcionar com os casais de finais de semana. Fora isso, Quero Ficar com Polly não é nada demais, sem ser ruim e chegar a ofender, apenas não tem nada demais. É a mesmice de sempre.
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