Nova investida do quarteto nos cinemas está longe de ser ruim como apontaram, mas carece de melhor acabamento.
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6,0
Após os fracassos e decepções trazidos por Tim Story em Quarteto Fantástico e Quarteto Fantástico e o Surfista Prateado, uma reformulada em cima do grupo de heróis, apesar do pouco tempo de espaço com os filmes anteriores, não deixou de ser animadora, especialmente aos mais aficionados pelo Quarteto fora das telas. Era a oportunidade para que os erros cometidos anteriormente pudessem ser revistos e evitados, podendo assim finalmente os heróis ganharem sua versão fidedigna nos cinemas. A escolha de Josh Trank, oriundo do elogiado Poder Sem Limites, para a direção da nova aventura apenas cimentou as expectativas para algo que realmente prometia.
E qual foi a surpresa geral quando este Quarteto Fantástico, de imediato, começou a colecionar uma legião de comentários negativos detratando-o ao máximo, ao ponto de muitos o colocarem no “pedestal” dos piores filmes de super-heróis já feitos? Uma afirmação realmente forte, se tivermos em mente o resultado de outras adaptações como Mulher-Gato ou Lanterna Verde, apenas para citar exemplos. E, no fim disso tudo, este novo Quarteto Fantástico fracassou nas bilheterias, deixando incerto o futuro dos heróis após esta malfadada investida.
Mas no fim das contas, Quarteto Fantástico é realmente tão ruim? Sendo seco e direto, a resposta inicial seria não. Apesar das reclamações compreensivas sobre as falhas do filme (que serão apontadas mais adiante), o reboot de Josh Trank é um bem-sucedido misto entre filmes de heróis e ficção cientifica, com aquele toque de realismo que já se tornou característico de muitas produções similares. Em suma, houve comentários negativos em excesso.
Para quem assistiu aos longas de Toy Story, Quarteto Fantástico reserva algumas similaridades em seu ponto de partida, com a exceção de que, desta vez, são inseridas viagens por realidades alternativas, onde o aspirante Reed Richards (Miles Teller) aceita desenvolver a ideia do teletransporte com o apoio do cientista Franklin Storm (Reg E. Cathey) e seus filhos Susan (Kate Mara) e Johnny (Michael B. Jordan), além da presença primordial de Victor Domashev (Toby Kebell), que parece nutrir sentimentos por Susan. Em meio a uma viagem para um universo alternativo, um acidente durante a exploração causa as conhecidas reações que irão conceder os poderes ao quarteto, inclusive ao amigo de Richard, Ben (Jamie Bell), que também fora levado para a experiência a pedido de Richard.
De ritmo extremamente paciente (o que certamente incomodou os mais impacientes, pois quase não há ação durante os quase 100 minutos da fita), Trank e os roteiristas se aproveitam para apoiarem-se em um desenvolvimento mais detalhista dos personagens, algo inexistente nas versões anteriores. A amizade de Richard com Ben é bem delineada já nos primeiros quinze minutos, assim como a interação do grupo como um todo. Os elementos de ficção cientifica também ganham contornos curiosos quando Josh Trank os insere em meio a uma atmosfera de constante suspense, no que o próprio diretor afirmou ter buscado inspiração em filmes do mestre David Cronenberg para alcançar tal clima. O resultado, nesse sentido, é satisfatório.
O filme também acerta ao jamais tratar os poderes adquiridos pelos personagens como uma dádiva, e sim como uma espécie de maldição irreversível, um castigo por suas demasiadas ambições, um detalhe que humaniza os personagens e até traz um toque de horror para a experiência, novamente evidenciando as inspirações em Cronenberg, remetendo a clássicos como A Mosca.
Quarteto Fantástico, infelizmente, sofre de um poderoso mal chamado “dedo do estúdio”, algo divulgado abertamente pelo próprio Josh Trank após os números de arrecadação do filme anunciarem seu fracasso, onde o diretor acusou o estúdio de limitação criativa ao impor cortes e mudanças a sua real versão. Tais equívocos do estúdio podem ser sentidos especialmente nos minutos finais da projeção, quando “magicamente” um vilão surge quase em meio ao nada e já inicia um combate apressado com o quarteto. É de impressionar a preguiça do clímax, cujos quinze minutos finais são resumidos a uma pancadaria genérica e mal construída, onde o vilão não consegue transmitir nenhuma sensação de ameaça e, consequentemente, jamais sentimos o real perigo em cima dos protagonistas, anulando por completo a tensão do combate. Alguns plots que poderiam ter rendido momentos de maior interesse também são inexplicavelmente deixados de lado, como o triângulo Richard-Susan-Victor, ou mesmo a culpa de Reeds em ter levado seu amigo Ben, que nem estava participando do desenvolvimento da experiência, para a viagem que modificou a vida dos personagens. São tropeços que, reunidos, adquirem força suficiente para diminuir consideravelmente o impacto da obra.
E, ainda assim, Quarteto Fantástico passa longe de ser o fracasso que seus detratores tanto apontaram, embora todas as reclamações sobre ele tenham sido justificadas. Se a Fox acabar insistindo numa sequência, é torcer para que o potencial do grupo seja melhor aproveitado e finalize em uma sequência com melhor acabamento.
Sou o único que achei válida a versão do Story, porém isso não me incomoda, uma vez que todos tem uma bomba que gostam, alguns têm medo de revelar. Quanto a esse reboot, pretendo nem passar perto, talvez uma espiada depois. Só o visual do Destino nesse filme já ficou muito ruim, com aqueles leds verde, eu sei lá o que era aquilo..
Na minha opinião, o que estraga o filme é a segunda metade. É tão (tão) forçado aquilo de "nós somos o quarteto fantástico" zzzzzzz.
Introdução excelente dos personagens, carismáticos e a história deles realmente gera interesse, o final tinha a obrigação de manter o nível.
É tão bom ler uma crítica coerente sobre esse filme, porque já tava cansado dos comentários vazios e destrutivos de quem curte sempre o mais do mesmo e adora destilar hate sem motivo.