Um drama sólido: boas interpretações, roteiro e direção. Vale a recomendação.
Baseado no que parece ser um competente romance de John Irving, Provocação (no original, The Door in the Floor, um título muito mais interessante e contextualizado com o filme) foi lançado timidamente nos cinemas brasileiros e não promete muita fama também nas locadoras. Porém é um bom filme, muito bem dirigido, interpretado e com um roteiro decente. Forma-se, com essa "tríplice aliança", um trabalho recomendável para uma boa sessão dramática de cinema.
O filme possui ares depressivos. Seus personagens estão em constante agonia - um por ser muito jovem e inexperiente; outro por saudades dos filhos; outro por problemas com o seu trabalho. Jeff Bridges volta ao gênero depois do premiado e divertido Seabiscuit - Alma de Herói (embora seja um filme vazio de grandiosas qualidades narrativas - mas isso é assunto para outro lugar) para interpretar um escritor de contos infantis obscuros (uma espécie de Tim Burton para as crianças. É de um dos contos de seu personagem que se origina o título original do filme) em crise de casamento após a perda de seu filho. Sua esposa (a ainda bela cinquentona Kim Basinger) vive agora uma existência vazia e confusa.
Para completar o triângulo amoroso temos um jovem aspirante a escritor que vai passar uma temporada na casa dos dois. Seus desejos de conhecimento logo serão substituídos pelos seus desejos pela mulher, que vê nele um lugar para escapar dos pensamentos em relação aos filhos mortos. A história bastante clichê aparentemente - não é exatamente o primeiro triângulo amoroso envolvendo um casal desgastado e um jovem - foi bem filmada, com um roteiro consistente de bons diálogos. Há algum humor de boa qualidade e que realmente funciona bem, intercalando-se com o ambiente depressivo de uma paisagem linda, mas sempre nublada.
Brigdes e Basinger formam um bom casal (embora na história não sejam exatamente isso). O rapaz que envolve-se com ele é interpretado por um novato competente que tem, obviamente, pouca bagagem na carreira (Tempo de Recomeçar é um de seus únicos trabalhos famosos). Os três dão o suporte ao filme, e há também a menininha, filha de ambos (irmã de Dakota Fanning, o que está na cara), que também não atrapalha na qualidade artística do filme. Tecnicamente destaca-se a fotografia. Uma bela cidadezinha do interior, numa ilha, não poderia ser melhor para situar uma trama tal qual a do filme.
Em nenhum momento Provocação consegue ser genial, mas mesmo a característica de ser clichê não o torna desprezível. Muito pelo contrário. Como já foi comentado, pelas boas qualidades da produção há de se recomendá-lo com poucas ressalvas. O ambiente é deprimente e o final não é feliz para todos os personagens, mas o filme emociona e por ser tão bem interpretado e bonito vale seu tempo investido. Um trabalho modesto para a grande Hollywood, mas que está acima da sua média.
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