Muito se falou sobre este Prometheus (idem, 2012) quando ele foi anunciado, o famoso ‘prequel’ de Alien – O Oitavo Passageiro (Alien, 1979). A desconfiança era grande, afinal, o retrospecto recente de Ridley Scott não é dos melhores: se O Gângster (American Gangster, 2007) apresenta-se como um grande filme, Robin Hood (idem, 2010), Um Bom Ano (A Good Year, 2006) e Cruzada (Kingdom of Heaven, 2005) não são títulos lá muito animadores. Porém, conforme os trailers e novas informações foram sendo divulgados, criou-se uma certa esperança de se ter o retorno daquele cineasta que um dia entregou filmes como o próprio Alien e Blade Runner - O Caçador de Andróides (Blade Runner, 1982). Bom, certamente Prometheus está longe de ser um desses trabalhos mais conceituados de Scott, mas também não pode ser visto com um olhar indiferente.
A boa verdade é que de prequel de Alien essa fita nada tem. Sim, há uma ponte com o original, assim como é o mesmo universo. Também é o retorno de Scott para a ficção científica voltada para a ação, com uma fotografia perfeita que conecta genialmente os filmes ao recriar aqui a mesma ambientação alcançada lá no final dos anos 70. Mas só. O tipo de abordagem é diferente, os objetivos são diferentes. Não estamos enclausurados em uma nave em busca de sobrevivência, mas sim em um planeta distante da Terra em busca de respostas sobre a existência humana. Depois de indícios de que o homem pode ter vindo de uma raça alienígena, uma expedição embarca na nave Prometheus e segue pistas até um planeta distante, onde descobrem perigos que não colocam apenas suas vidas em risco, mas também de toda a humanidade.
Lógico que Scott não é Kubrick e muito menos Tarkovsky, mas as inspirações tanto em 2001: Uma Odisséia no Espaço (2001: A Space Odyssey, 1968) quanto em Solaris (Solyaris, 1972) são óbvias. Prometheus é muito mais filosófico em seu discurso do que Alien, e isso cria um clima mais épico, principalmente pelas imagens distantes; planos gerais que mostram naves imensas, que perto de planetas ficam minúsculas, assim como montanhas, chuvas e demais ambientações magníficas. Visualmente, Prometheus é riquíssimo e proporciona uma experiência como poucos filmes do gênero conseguem hoje, ainda mais se visto em alta definição.
A ambientação é forte e, mesmo que o público comum não perceba, é levado a reconhecer esse ambiente. Deixando os efeitos especiais impecáveis apenas para quando são necessários, há muitos cenários sendo feitos em estúdio de maneira convincente, à moda antiga, resgatando um tipo de ficção que não se faz mais, suja, explícita, escura, caótica, sem frescuras. O sentimento é de que estamos vendo um trabalho dos anos 80 feito nos dias de hoje, com direito a luz contra a lente e tudo, tanto por seu desenvolvimento paciente quanto por suas decisões e personagens. Por falar neles, algumas ações da equipe podem ser vistas como ingênuas ou estúpidas para o naipe de seus currículos, porém, o lado humano e sua reação ao inesperado são conhecidos não de hoje. Então, quando um personagem tenta interagir com um ser de porte ameaçador, sabemos que muita gente faria o mesmo, ou pela curiosidade, ou pelo medo.
Apesar de contar com um vasto elenco, há dois nomes que devem ser destacados dos demais. Michael Fassbender é David, o robô apresentado no começo do filme que auxilia a equipe com informações e tudo o que for necessário. Apesar de estar sempre com um discurso amigável, suas intenções nunca ficam claras e ele é, de longe, o personagem mais complexo e interessante de Prometheus. Sua inspiração em Hal 9001 de 2001 é clara e pertinente. Já Elizabeth Shaw (Noomi Rapace) é a nova Ripley e sofre com a sombra da heroína do filme original. Porém, Noomi se sai maravilhosamente bem e convence não apenas como intelectual, mas quando precisa lutar por sua vida – Scott sempre se deu bem com personagens femininas fortes. A cena da operação é uma das mais tensas do filme e certamente fará algumas caras virarem quando estiver em tela.
Encerrando sem fechar tudo o que abriu para discussão (o que era esperado, afinal, um dos roteiristas é ninguém menos que Damon Lindelof, de Lost), Prometheus é uma viagem sensacional que se prende um pouco demais na parte filosófica e que provavelmente decepcionará quem esperar um discurso um pouco mais profundo. Porém, quando o filme esquece disso, volta a ser aquilo que faz de melhor e que todos esperavam dele: entretenimento eficiente, abastecido por uma produção impecável e personagens com força para marcar história. Potencial tem, basta lembrar que Prometheus é Prometheus, e não Alien, como alguns assim esperam.
Só gostei dos efeitos especiais e só. Esperava mais do filme.
Esperava mais, apesar de tudo foi um bom filme!
Pra que levantar questões existenciais (e não responder) para no fim explicar (de forma nada convincente) o surgimento de uma criatura nada complexa (criatura assassina sem cultura ou sentimentos)?
Achei fraco. Bem fraco.