Saltar para o conteúdo

Críticas

Cineplayers

Um filme de ação com personagens tridimensionais.

9,0

Muitos espectadores inteligentes de cinema têm certa aversão a filmes de ação; uma explosão jamais substituirá um bom diálogo. Assim, quando surge um filme desse gênero que consegue ter bons personagens e motivar uma reflexão, merece ser valorizado. Em O Profissional, a ação externa é magistralmente combinada à interna. Cada cena com tiroteios ou movimentação serve para compor os personagens, que têm motivações próprias, têm ambiguidades, têm vida.

O Léon do título é um matador frio e solitário. A primeira seqüência do filme, com a qual o diretor de início conquista o público, já aponta para a criação de um personagem interessante. Ele promove uma pequena matança para chegar até seu alvo e passar um recado para ele. Depois, desaparece sutilmente. 

O filme começa a ganhar em profundidade quando uma família, cujo pai está envolvido com tráfico de drogas, é chacinada a sangue frio por um grupo de policiais liderado pelo sádico interpretado por Gary Oldman. Nos poucos minutos em que fica na tela, esse personagem brilha e causa uma impressão de intensa ameaça com sua violência demente.

A bela cena que dá início à trama traz a inocente Mathilda, filha de 12 anos da família assassinada, chegando à sua casa no momento em que lá estão os matadores. Ela passa reto por eles e bate, em meio às lágrimas, à porta do vizinho, que o público já sabe quem é: Léon.

Partindo dessa premissa, o roteiro consegue equilibrar as cenas de ação, muito bem orquestradas pelo diretor Luc Besson, com as de reflexão. É possível ver passo a passo a criação de personagens vivos, tridimensionais, com uma dose de humanidade tão grande que é impossível não se compadecer dos solitários Léon e Mathilda, que vão trocando a individualidade por uma relação de pai e filha que jamais apela ao setimentalismo ou se deixa levar pelos clichês.

Ao mesmo tempo em que Léon passa a ter – e mostrar – sentimentos, ele segue matando, o que aumenta a ambugüidade do personagem. Mais que isso, ele acaba por inciar Mathilda nessa atividade, o que faz parte do forte laço que surge entre os dois.

Além do roteiro muito bem estruturado, que sabe contar uma bela história de forma simples e eficiente, a direção de Luc Besson merece destaque. Ele consegue tirar duas boas atuações do par central (Jean Reno e a jovem Natalie Portman) e moldar criativas cenas de ação que ficam bem no clima do filme. Para completar, o antagonista vivido por Gary Oldman é um vilão perfeito, que rouba a cena com sua loucura perversa e só aumenta a tensão do filme.

Na meia hora final, existe um frenesi irresistível, que gera um epílogo enérgico, perfeito. O clímax voraz é o fechamento ideal para essa bela história de amor e violência, contada com poesia e explosões que devem satisfazer até o espectador mais exigente.

Comentários (1)

Faça login para comentar.