Um terror totalmente dispensável, que utiliza-se de uma data do calendário para "se empurrar" para o espectador.
Cercado de um lançamento comercial em nível mundial extremamente cuidadoso por parte do estúdio – o famigerado, para muitos, dia do capeta – 06/06/06, esta refilmagem de A Profecia pode dar a sensação errada: um trailer caprichado e uma boa parte técnica, além de todo o clima montado em torno da data, certamente acabarão influenciando parte do público, que acabará tendo a impressão, muitas vezes errônea, de que viu algum novo filme de terror “bom”. A Profecia proporciona também alguns sustos bem baratos, mas que, encaixados em momentos-chave da produção, trazem um impacto grande, alterando a percepção do espectador mais sugestionável.
O filme, na verdade, é uma grande porcaria, com o perdão da expressão! Apenas, como foi dito, a parte técnica se sobressai. O clima montado por uma caprichada fotografia, em algumas poucas cenas (veja bem, muito poucas mesmo, como uma cena que se passa dentro de um cemitério), é o único ponto menos ruim da produção. Além de um roteiro corrido, que atropela muitos fatos importantes e explicações do romance original, deixando o espectador tentando adivinhar o que diabos estava acontecendo em muitos momentos, o filme possui interpretações no máximo medíocres, e sua principal figura, a reencarnação do Demônio, que aqui é incorporado por um guri de sete anos de idade, proporciona a pior delas.
Seamus Davey-Fitzpatrick, que interpreta Damien nesta nova versão, ocupa praticamente todo o seu tempo em tela tentando convencer com um “olhar demoníaco” (o mesmo do trailer), que encara os personagens e, em dado momento, o próprio espectador, o que é no mínimo algo de mau gosto. O máximo que ele consegue com isso, na prática, é proporcionar momentos de sono, visto que o personagem ficou tão mal construído (a correria do roteiro citada no parágrafo anterior) que não representa ameaça real em nenhum momento, embora o filme teime em insistir que sim, como em uma constrangedora cena de Damien encarando um policial.
A culpa é mais do diretor John Moore do que do ator (que não chega nem perto, por exemplo, da ruindade de Jake Lloyd, de Star Wars Episódio I), pois Moore não conseguiu criar uma atmosfera favorável à sua atuação, com algo mais bizarro ou temível, como um filme desse gênero pediria. A sensação que fica, no final das contas, é de um apanhado de cenas desconexas e forçadas. O restante do elenco, que conta com Mia Farrow (aqui desperdiçada como uma babá irritante, mal justificada pelo roteiro), também não consegue dar sustentação ao filme, que fica dependente totalmente de uma atmosfera bacana (no máximo), só que insuficiente para salvá-lo da total mediocridade.
Bem, 06/06/06 já passou, então deixemos esse filme para o limbo e não demos mais atenção a ele. Assim estaremos contribuindo para possíveis continuações não acontecerem. A série original teve várias, nenhuma melhor do que o primeiro, o que é bem previsível. Essa refilmagem é mais um trabalho que ninguém pediu e ninguém quis, mas que ainda assim vem sendo empurrada em um número enorme de salas de cinema ao redor do mundo. Faltou citar as cenas de morte, dignas da série de terror adolescente Premonição. Para um filme que quer ser levado tão à sério, por aí você vê o nível...
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