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Críticas

Cineplayers

Um belo retorno da Disney às animações em 2D.

7,0

A Princesa e o Sapo é a volta da Disney às animações em 2D depois de uma sucessão de fracassos como Atlantis - O Reino Perdido, Planeta do Tesouro e Nem que a Vaca Tussa. O resultado foi o fechamento do departamento de animação tradicional do estúdio, que só voltou a funcionar com a entrada de John Lasseter, responsável pelos filmes da Pixar. Para ter uma noção da diferença que esse homem pode fazer, é só comparar O Galinho Chicken Little, filme em 3D da companhia da fase pré-Lasseter, com WALL·E. Parece que os filmes em duas dimensões têm tudo para entrar de volta nos eixos.

A primeira decisão acertada foi a de voltar para o tema que o consagrou as animações da Disney, com uma nova princesa. Agora Branca de Neve, Cinderela, Aurora, Ariel e Bela ganharam a companhia de Tiana, uma jovem batalhadora que sonha em abrir seu restaurante em Nova Orleans, um lugar onde todos possam freqüentar. O seu par na trama é Naveen, um príncipe folgado, que só quer saber de diversão, e que tem que casar por interesse. Os dois vão embarcar numa espécie de road movie pelos pântanos para aprender o que realmente importa. Nada de viagens espaciais, efeitos alucinantes, pirotecnias animadas, ou algo parecido. Simples história de valores tradicionais, enfeitados com músicas divertidas e uma direção de arte impecável. O diferencial está em sutilezas do conteúdo e, é claro, na embalagem. Pela primeira vez na história a Disney tem uma princesa negra, embora o filme trate isso com a naturalidade que merece.

Contando a favor de A Princesa e o Sapo está o fato de Tiana não ser uma vítima. Ela trabalha, assim como Cinderela, Aurora e tantas outras, mas dessa vez seu esforço não é um castigo, não faz parte de um plano maligno, e não é obra de nenhum vilão. Tiana trabalha porque gosta, porque tem um sonho, e não mede esforços para realizá-lo. A animação parece acreditar também na volta dos antigos valores, e os traços lembram muito mais A Bela Adormecida do que a perfeição humana de Pocahontas. Lasseter entende bem do riscado, sabe que o 3D não é a evolução da animação, e sim uma outra linguagem. E tudo que a animação tradicional precisa é de um bom roteiro.

A única lição que A Princesa e o Sapo não aprendeu com o currículo do estúdio diz respeito aos personagens secundários. Não existe Aladdin sem o gênio, Mulan sem Mushu, Ariel sem Sebastião ou Simba sem Timão e Pumba. E a maior falha dos diretores Ron Clements e John Musker foi não conseguir criar personagens tão cativantes quanto a história necessitava. Não que eles não tentem. Temos um vaga-lume apaixonado e um jacaré que sonha em tocar música com os homens, mas nenhum deles é o suficiente para carregar o humor rápido e inteligente a que ficamos acostumados.

Embora não seja o melhor exemplar de animação de 2009, é uma boa variação para a enxurrada de filmes em 3D que aconteceu esse ano, e tem tudo para reiniciar uma próspera carreira dos filmes de animação tradicional. A Disney já tem engatinhado pros próximos anos uma versão de Rapunzel, e as imagens liberadas até agora são espetaculares. É esperar para ver se o público também está ansioso por mais princesas.

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