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Predadores

(Predators, 2010)
5,3
Média
268 votos
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Sua nota

Críticas

Cineplayers

A boa presença de Adrien Brody e Alice Braga não esconde o fato de se tratar de um produto comum até mesmo para o gênero.

5,0

Desde que surgiu para o cinema, em 1987, sempre achei interessante a mitologia das criaturas que vieram a ser conhecidas como Predadores. Há um grande potencial a ser explorado na história de uma espécie que viaja pelo universo buscando aperfeiçoar o seu instinto de caçador. Infelizmente, este potencial nunca foi bem aproveitado nos quatro filmes estrelado pelos alienígenas de tranças: o original, O Predador, ainda que um bom filme de ação, pouco tratou sobre quem era o Predador, enquanto a continuação e as duas produções contra os Aliens até trouxeram relances sobre esta mitologia, mas eram obras de qualidade, no mínimo, duvidosa.

Pois mudar este fato parece ter sido a intenção de Robert Rodriguez ao produzir Predadores, o novo filme sobre as criaturas. Desta vez, não são eles que chegam à Terra, mas os terráqueos que são levados a um planeta estranho para serem caçados. O grupo de humanos, formado por assassinos, mercenários e militares, acorda numa selva sem saber como chegou lá. Aos poucos, eles começam a ser atacados por animais estranhos e descobrem que não estão mais na Terra. Não demora muito para perceberem que foram escolhidos a dedo para se tornarem a caça de uma espécie de guerreiros alienígenas e, por isso, devem encontrar uma forma de combater os Predadores antes que se tornem vítimas fatais.

Não deixa de ser boa a ideia de situar os acontecimentos do filme em outro planeta. É uma forma de dar um novo ânimo e um sopro de originalidade à franquia, que já se tornava repetitiva. Ao criarem esta situação, os roteiristas Alex Litvak e Michael Finch podem, pela primeira vez, construir uma obra inteira sobre a mitologia dos Predadores, uma vez que os personagens se veem presos em um ambiente escolhido pelos caçadores. Infelizmente, o roteiro não consegue se beneficiar desta ideia para acrescentar algo novo ao que a plateia já conhece a respeito das criaturas, preferindo seguir uma estrutura óbvia e apoiada em lugares-comuns. Predadores é um filme de ação comum e genérico.

E isto é uma surpresa considerando o fato de que o diretor Nimród Antal havia chamado a atenção exatamente por conseguir fugir dos clichês em seu primeiro filme norte-americano, o suspense Temos Vagas. Se naquele trabalho o cineasta habilmente contornava possíveis armadilhas, aqui ele cai nelas como se fosse uma vítima das criaturas que estrelam o filme. Predadores usa e abusa de situações batidas: dos personagens estereotipados, passando pelas cenas de susto com a trilha sonora alta e  chegando aos momentos em que os heróis são salvos na última hora, Antal não consegue exibir aqui a abordagem original que primeiramente o colocou sob os holofotes.

No entanto, ainda que não passe de um produto sem personalidade, Predadores acerta em alguns aspectos. Em certos instantes, o cineasta exibe um bom olhar para a composição de planos, sendo o mais destacado aquele após a luta entre um predador e o japonês, na qual Antal filma a cena de cima, com o vento mexendo as folhagens. Outra boa escolha é começar o filme sem qualquer perda de tempo: a primeira cena já traz o personagem de Adrien Brody caindo no planeta. Com isso, Antal deixa claro desde o início que a história não é o mais importante e que o espectador está diante de um filme sem maiores pretensões, com o único objetivo de oferecer uma aventura movimentada.

Neste sentido, o diretor também é feliz ao escalar atores de talento para os papéis principais. É graças a eles que os personagens se tornam minimamente interessantes, o que certamente não aconteceria caso Antal fosse pelo caminho mais óbvio do gênero de optar por atores musculosos e sem muita expressão. Assim, Adrien Brody, mesmo sendo um improvável herói de ação, demonstra a sua versatilidade surgindo à vontade no papel de Royce e conseguindo carregar bem o filme. Da mesma forma, Alice Braga comprova seu carisma natural e talento ao contornar o pouco material oferecido para a construção de personagens e fazer de Isabelle a única pessoa do grupo com alguma complexidade (mais uma demonstração de que a atriz brasileira tem muito a crescer no cinema norte-americano).

Já o restante do elenco, também por não ter o mesmo tempo de tela de Brody e Braga, pouco consegue fazer com seus papéis. Antal comete a blasfêmia de descartar o ícone do cool Danny Trejo logo do início da produção, enquanto Topher Grace, o outro nome mais conhecido do grupo, é prejudicado pela péssima reviravolta do roteiro em relação ao seu personagem. Situação semelhante ocorre com Laurence Fishburne, com uma aparição que em nada ajuda o filme: além de quebrar de forma gigantesca o ritmo que vinha sendo desenvolvido até então, seu personagem é escrito de forma desleixada, inclusive tomando atitudes sem qualquer lógica.

Mesmo que seja pouco ambicioso e não procure criar qualquer espécie de significado, Predadores ainda consegue ficar abaixo da média. As criaturas demoram a aparecer e os personagens não possuem a presença de um Dutch (papel de Arnod Schwarzenegger no filme original), por exemplo. Mais uma vez, os predadores sofrem com a baixa qualidade narrativa dos filmes que estrelam. Talvez seja hora de deixá-los de lado.

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