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Críticas

Cineplayers

Seth Angel apreciou um romance cheio de belas imagens, ambientado nos anos 30 e conta todas suas impressões.

9,0

Por que Choram os Homens? foi um filme feito e lançado há algum tempo atrás que não despertou muito a curiosidade da crítica, mas que me agradou bastante. Com um elenco muito bom, a diretora Sally Potter realizou um filme sobre as mulheres que usaram a arte e os artifícios para escapar das regras da sociedade. No elenco principal temos os seguintes nomes:

- Johnny Deep & Christina Ricci (formando novamente um par romântico depois de A Lenda do Cavaleiro Sem Cabeça)
- Cate Blanchett
- John Turturro

O filme começa na Rússia, em 1926, quando o pai da pequena “Fegele” vai para os Estados Unidos, chamada comumente de América, em busca de trabalho árduo e, naturalmente, sucesso financeiro. Algumas noites após deixar sua filha com a avó na vila, a mesma fica sabendo de um ataque ao local, onde todas as casas seriam incendiadas. Calmamente, a avó coloca algumas moedas de ouro no bolso da pequena Fegele, dá-lhe uma foto de seu pai e coloca-a numa carroça junto com outros camponeses que iriam embarcar de forma irregular num navio em direção à América. Sem saber falar uma palavra de inglês, a pobre menininha desembarca na Inglaterra, onde recebe o nome de Suzie (Christina Ricci) e é encaminhada a uma família adotiva. O tempo passa e Suzie cresce, e com ela cresce seu desejo e talento para com a música. A menina, que era de família judia, esquece seu idioma natal e passa a falar somente em inglês.

Seu talento a leva à França, onde junta-se com outros integrantes da companhia de eventos locais tais como ópera, ballet e afins. Logo quando chega ao país, Suzie conhece Lola (Cate Blanchett), uma mulher mais velha que sabe o que quer e determinada a encontrar um homem rico que a satisfizesse, e para isso ela usa todos seus artifícios possíveis. Até que Lola encontra e se apaixona por Dante (John Turturro), o maior cantor de ópera da localidade, muito rico. Suzie, durante algumas apresentações, conhece o cigano Cesar (Johnny Deep), que acaba por conquistá-la. E é nesse contexto que a história passa a ser desenvolvida. Os dois casais passam por algumas situações peculiares da época e a história é extremamente bem apresentada pela diretora Sally Potter. Enfim, a Alemanha invade a Polônia e tem-se o início da Segunda Guerra Mundial, os problemas dos jovens amantes estão apenas começando...

As atuações são exímias, muito boas mesmo. Christina Ricci conseguiu captar muito bem todo o sentimento e o estado de calma que a pequena “Fegele” nos passava no início do filme. Johnny Deep não interpreta um homem de muitas palavras, mas gesticula muito bem e suas ações são bem significativas. Ele passa uma perspectiva muito boa do que aparenta ser seu personagem: demonstra emocionalmente a visão de um povo sem raízes, os ciganos. John Turturro ficou muito bem no papel de Dante, o talentoso, ambicioso e orgulhoso cantor de Ópera.

Mas talvez o que tenha mais me surpreendido nessa obra venha justamente de alguns quesitos técnicos que procurarei citá-los aqui:
- A fotografia: é perfeita, um show. Das tomadas iniciais da Rússia à Inglaterra e França dos anos 40, realmente, fiquei sem palavras.
- A direção: confesso que não conhecia o trabalho de Sally Potter, posso até ter assistido já algum filme da diretora, mas não ligo o título à pessoa. Entretanto, a mesma se mostrou competente durante muitas partes do filme, a obra é fiel a sua temática e não recorre a alguns clichês já dados como cartas marcadas.
- O roteiro e a montagem: a transição entre algumas partes do filme é bem feita e agrada.

Entre outras coisas, merece destaque também a caracterização do povo cigano e o estilo musical presente no filme, clássico de primeira qualidade.

Concluindo, Porque Choram os Homens? foi mais uma boa surpresa e um ótimo filme que tive a oportunidade de assistir em DVD. É um romance exuberante que mostra a irresistível fusão de estilos musicais da época.

Atenção: Se você ainda não assistiu ao filme não leia o parágrafo abaixo:

Gostaria de acrescentar, também, que gostei dos clichês não adotados e até mesmo dos adotados no filme, em especial em duas ocasiões: na primeira, tínhamos Suzie e Cesar tendo sua última noite em Paris, quando vemos Suzie dizendo “deixe-me ficar com você, vou lutar do seu lado, junto com seu povo, sua família...”, pensei “pronto, quer clichê mais passado que esse!?”. Mas ainda bem que a diretora não optou por esse caminho que a levaria para um final pra lá de manjado. Na segunda ocasião refiro-me ao fato da facilidade com que Suzie (ou Fegele) achou (reencontrou) seu pai nos Estados Unidos, o artifício usado pela diretora (que também escreveu a obra) onde o pai de Fegele tenha, a custo de muito trabalho se tornado um homem rico e até de certa forma famoso e bem-sucedido, ajuda bastante na concepção e na cena (ou ato) final.

Surpreendente. Um belo romance, recomendo.

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