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Pompeia

(Pompeii, 2014)
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Sua nota

Críticas

Cineplayers

Arena e vulcão.

6,0

Há filmes que se destacam pelo que sabiamente evitam. Pompeia (idem, 2014) é livre da grandiloquência que esperaríamos de um Ridley Scott em suas investidas nos épicos similares. E suas sequências de combates dos gladiadores e entre romanos e bárbaros transformados em escravos, apesar de sanguinolentas, tampouco remetem ao jeito MMA em voga no novo marco civilizatório dos esportes nesses nossos tempos (e cujo alcance é refletido em filmes ou séries abjetas de TV como a Spartacus: Blood and Sand).  As consequências podem ser medidas tanto na rejeição de um público que sente falta desses elementos há muito transformados em vícios de linguagem, acusando o filme de Paul W.S. Anderson de insuficiência, como no louvor de uma parcela de críticos e espectadores que distinguem obsessões estéticas recorrentes na filmografia do realizador. Há um cuidado suficiente de produção e efeitos visuais para que Pompeia passe longe de ser visto como trash (acusação a que nenhum detrator seu chegaria), e ao mesmo tempo o emprego natural das tendências de Anderson em lidar com o cinema de gênero e filmar a vulgaridade com a ideia que o diretor tem de elegância. Ainda assim, é um reconhecimento um tanto duvidoso, como se estivéssemos elogiando um individuo por ele saber o que está colocando em prática, por não tropeçar nos próprios cadarços.    

Longe de um típico filme histórico, com algum espaço à intriga política e o contexto apenas o suficiente para nos localizarmos na Pompéia do século I d.C. em que o escravo celta Milo (Kit Harington) é feito gladiador e a nobre Flavia (Emily Browning) é prometida pelo seu pai a um senador romano (Kiefer Sutherland) para que este invista na arena de gladiadores da cidade. Tudo é resumido ligeiramente como numa graphic novel, com uma preocupação maior para em tomadas diversas, muitas delas aéreas, visualizarmos como o imaginário de uma cidade perdida reconstruída pela nossa época, e as distâncias entre os locais em que transcorrem as ações. Por outro lado, há figuras que parecem retiradas de personagens idênticos de Peter Ustinov e Woody Strode em Spartacus (idem, 1960), como o gladiador negro que divide a mesma cela com o protagonista com o qual poderá lutar até tornarem-se amigos.

Pompeia se mantém razoavelmente forte em dois arcos dramáticos principais, os dos combates na arena e a explosão do vulcão perto do final, e a passagens de um para o outro garante o reforço de nossa atenção. Acostumado a realizar adaptações mais ou menos dentro de sua visão particular de cinema em cima de festejados jogos de videogame, Anderson utiliza tanto as cenas de lutas quanto as de fuga e desespero pela sobrevivência provocada pelas larvas jogadas pelo vulcão para transformar suas figuras em personagens de um jogo, onde o essencial é resistir e passar de fase, ainda que fugindo sempre da estética visual ofensiva aos não-adeptos de games convertidos em cinema.

O romance em Pompeia é um de seus elos ruins, e com ele Anderson não perde tanto tempo, servindo apenas para reforçar o drama pelo prenúncio da morte iminente com a erupção do vulcão. Muito filme B e de gênero resistiu bem a atores fracos, no entanto os que interpretam aqui o casal principal são de uma inexpressividade que anula a possibilidade de os vermos como figuras especiais. O fogo vindo do alto do Vesúvio como se proveniente do céu atingindo e incendiando os corpos, estatuas de pedras e os locais de um mundo prestes a ruir injetam fortes cargas de adrenalina O melhor é a sensação experimentada em ter visto um museu histórico cuidadosamente erigido para vê-lo desabar logo após. É o velho filme de catástrofe que irresistivelmente nos prende, mas de efeito com prazo de validade expirado pouco depois do seu fim. Tudo se desvanece, sem que nos instigue o retorno ao objeto conhecido. Experiência longe do memorável.

Comentários (18)

George Fercalli | quinta-feira, 07 de Agosto de 2014 - 10:03

Paul W. S. Anderson = ação descerebrada + diversão >>>>> Bay + Emmerich

Gosto muito de Mortal Kombat e Corrida Mortal, bem divertidos!

Eduardo da Conceição | quinta-feira, 07 de Agosto de 2014 - 16:10

Melhor que Bay em cenas de ação é, ao menos nunca fiquei de saco cheio durante uma cena de ação do W.S.

Cristian Oliveira Bruno | quinta-feira, 07 de Agosto de 2014 - 22:18

Ainda não vi um filme bom do Paul W.S. Anderson. Tomara que este seja o primeiro.

Thiago Cotta | sábado, 09 de Agosto de 2014 - 15:06

O único filme dele que passa é Mortal Kombat, mais por achar engraçado do que qualquer outra coisa. Não vi Pompeia mas os demais filmes dele são medonhos.

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