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Poderoso Chefão: Parte II, O

(Godfather: Part II, The, 1974)
9,0
Média
1561 votos
?
Sua nota

Críticas

Cineplayers

Poucas seqüências conseguem ser boas, e mais raros ainda são os casos onde a película posterior supera a original. Conheça um desses casos.

9,5

Raro é, atualmente, encontrar seqüências de qualidade admirável, por conseguinte, raridade maior é a seqüência superar o filme original. O Poderoso Chefão II foi o primeiro a garantir esta qualidade e reverência sem precedentes junto à crítica e ao público.

Coppola realiza sua primeira obra-prima (não desmerecendo a primeira parte da saga) que dá continuidade à história da família mais conhecida e consagrada da história do cinema: Os Corleone. Baseado na obra do escritor Mario Puzo (também co-roteirista), o diretor aplica estratégica e esteticamente a estrutura da narrativa paralela, filmando a origem e a sucessão de dois chefões que lideravam o clã dos Corleone. Desde o início do século XX, relata as raízes e motivações que formaram o primeiro “Don” – Vito Andolini Corleone – aos feitos de seu herdeiro Michael, ao nos revelar suas habilidades “gerenciais” e de “gestão”. Confrontando-se com problemas de “negócios”, que tornaram-no no temido, odiado e solitário mafioso em contraste a seu pai, que fora amado, respeitado e, logo, menos infeliz no comando da Cosa Nostra ítalo-americana, constrói-se aqui uma profunda análise de uma personalidade corrompida pelo dever atávico de proteção dos interesses e de seus entes mais próximos.

Nesta seqüência, a ênfase no enredo sobre Michael Corleone se dá no período da caça às bruxas do senado americano contra as facções imperiais do poder “paralelo”, fazendo a limpeza de imigrantes ilegais da honrada e “injustiçada” nação yanke; este momento histórico serve como uma espécie de elemento deflagrador da verdadeira personalidade do outrora patriótico, íntegro e encantador bom moço que, desde o término do primeiro filme, passamos a experimentar animosidade a Michael e seus métodos de execução à sua estirpe. E Vito Corleone é retratado de modo poético e amargamente nostálgico de sua infância na Sicília e nos tempos da imigração à terra da liberdade – uma questão politicamente atemporal –, desvelando as verdadeiras origens e facetas do American Way of Life, sem opacidades de uma realidade histórica que fora por vezes romanceada por seus maquiadores hollywoodianos.

Plasticamente, a película apresenta, como na anterior, um visual épico e operístico. Sua fotografia característica, somada a uma direção de arte impecável, retrata fielmente o momento histórico e exprime ainda um tom obscuro e ligeiramente granulado, representando as trevas que ambientam as negociações abjetas do submundo norte-americano. Gordon Willis (diretor de fotografia) subexpõe o negativo que resulta, por pouca iluminação e baixa sensibilidade, em uma granulação e escurecimento da imagem, servindo pertinentemente à atmosfera proposta por Coppola.

Sem esquecer o material sonoro, a música do filme destaca bem a origem étnica e o tema que sublinha o estilo da família Corleone. Um tema indelevelmente antológico composto por Nino Rota, cujas músicas são constantes nos filmes do também italiano e genial cineasta Federico Fellini. Nesta segunda parte, Carmine Coppola, pai do diretor, acrescenta suas composições à trilha sonora, cuidando especificamente das músicas e  canções italianas que marcam a obra, fazendo com que elevem o filme a um status estético de uma ópera siciliana violenta e poética.

Poucos longas-metragens alcançam um patamar de obra mestra, que permeia a tênue camada entre arte e cultura de massa nas fitas da Meca do cinema e Coppola o faz magistralmente, entregando-nos história americana, drama e entretenimento popular. Posso afirmar que estes foram os primeiros blockbusters que inda detinham qualidade artística. Destarte O Poderoso Chefão II preenche o currículo de um dos maiores mestres e estetas do cinema que estaria, postumamente, a nos oferecer muito mais de seu brilhantismo e talento em suas obras subseqüentes que são, sem exageros, dignas de um consagrado gênio barroco.

Comentários (6)

Cristian Oliveira Bruno | terça-feira, 03 de Dezembro de 2013 - 16:19

Considero O Poderoso Chefão como um só filme, dividido em três partes, o que o tornaria um fillme perfeito, se não fosse um final ( a parte III) bem abaixo de tudo visto até então.

Guilherme Santos | domingo, 27 de Julho de 2014 - 22:04

Achei o primeiro mais épico, com mais cenas marcantes, mais empolgante e tauz, porém esse aqui também é ótimo, uma sequência que honra seu antecessor

César Barzine | terça-feira, 23 de Maio de 2017 - 23:51

Achei o primeiro mais épico, com mais cenas marcantes, mais empolgante e tauz, porém esse aqui também é ótimo, uma sequência que honra seu antecessor [2]

César Barzine | terça-feira, 23 de Maio de 2017 - 23:51

"Coppola realiza sua primeira obra-prima"

WTF?! 😲

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