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Críticas

Cineplayers

Pocahontas é bonitinho visualmente, mas sua história já era batida décadas antes de seu lançamento.

3,0

Pocahontas é um filme pós-era O Rei Leão, quando a Disney atingiu seu ápice em animações nos anos 1990, para nunca mais chegar perto de tal nível. Pelo menos no sentido financeiro, claro, e sem considerar sua até então inexistente parceria com a Pixar. As animações da empresa não mudam desde que Branca de Neve e os Sete Anões foi lançado em 1937. O estilo narrativo sempre foi praticamente o mesmo, o visual idem. Às vezes, suas animações tendem para um lado mais cômico; outras, mais dramático. Geralmente a empresa tenta conseguir mesclar os dois, e o que consegue é apenas irritar.

A história do Novo Mundo encontrando o Velho Mundo na época do descobrimento da América poderia possuir ares épicos, porém seus personagens são tão batidos e retardados que o filme não passa de uma grande piada de mal gosto. Toda cena é uma nova tentativa de encantar, de emocionar, de fazer rir e chorar. A trilha sonora também tenta fazer ajudar. Mas tudo tem uma roupagem tão comercial e tão descaradamente pretensiosa que fica difícil absorver tais sentimentos e torná-los para si sinceros.

Tecnicamente, claro que Pocahontas é um ótimo filme. Como sempre foi o caso nos filmes da empresa. Mesmo filmes menores e menos pretensiosos como Nem Que a Vaca Tussa apresentaram-se belos de se olhar. Pocahontas tem traços delicados e seus movimentos são suaves e sensuais. John Smith, o mocinho de nossa história também tem a vencida cara de galã. Enfim, um foi feito para o outro, basta os dois vencerem os preconceitos e divergências entre seus povos - os índios selvagens e os ingleses gananciosos. Outros elementos - bichinhos engraçadinhos, a velha senhora sábia (aqui, representada por uma árvore), etc. são também chupados de tantos outros trabalhos da empresa.

Os públicos-alvo nos filmes da Disney geralmente são o infantil e o adolescente do sexo feminino. O tipo de narrativa apresentado aqui é o calcanhar-de-aquiles desses tipos de público. Quando lançado, houve um estouro de produtos comerciais, desde xampus, passando por brinquedos, toalhas e centenas de outros trecos. Foi uma marca muito popular, e mesmo o próprio filme foi suficientemente bem vendido para ser referenciado em várias produções mais tarde, mostrando a força do departamento de marketing da empresa. Seus filmes são, atualmente e mais do que nunca, produtos sem alma.

Depois de quase 70 anos, a Disney resolveu não produzir mais animações tradicionais (certamente um dia ela voltará atrás, pois sempre haverá demanda para esse estilo, mas serão exceções). De certa forma é positiva essa tentativa na mudança do foco da empresa, esperemos apenas que o conteúdo das histórias, nas suas novas animações 3D, também ganhe uma nova dimensão.

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