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Críticas

Cineplayers

Quando High School Musical encontra Mitologia Grega.

2,0

Em 2010, já se antecipando ao fim da série Harry Potter e Crepúsculo, Hollywood começou uma caça a novas franquias que pudessem se aproveitar do vazio deixado por essas obras. O caminho mais óbvio foi vasculhar as prateleiras de livros infanto-juvenis, esperando que uma base de fãs já formada fosse o suficiente pra justificar os gastos exorbitantes que esse tipo de filme demanda. Entre erros, como A Hospedeira (The Host, 2013), Dezesseis Luas (Beautiful Creatures, 2013), e acertos, como Jogos Vorazes (The Hunger Games, 2012), a Disney decidiu apostar em Percy Jackson, personagem de uma série de livros escritos por Rick Riordan que mistura pre-teens com mitologia grega.

A primeira incursão, Percy Jackson e o Ladrão de Raios (Percy Jackson & the Olympians: The Lightning Thief, 2010), decepcionou nas bilheterias americanas, mas conseguiu alguma sobrevida ao redor do mundo. Aparentemente foi o suficiente para garantir uma continuação. Afinal, se até Harry Potter conseguiu se recuperar depois de um primeiro filme ruim, também dirigido por Chris Columbus, porque Percy Jackson não poderia? Trouxeram um diretor mais condizente com o material, Thor Freudenthal (de Diário de um Banana [Diary of a Wimpy Kid, 2010], Um hotel bom pra cachorro [Hotel for Dogs, 2009]), chamaram o roteirista “brilhante” Marc Guggenheim (Lanterna Verde (Green Lantern, 2011]), e posicionaram a estreia no meio de um verão americano já inflado, mas onde as pessoas não costumam escolher o que vão ver baseado na qualidade, ou no talento dos envolvidos.

O primeiro erro de Percy Jackson e o Mar de Monstros (Percy Jackson: Sea of Monsters, 2013) foi não conseguir manter o seu elenco. Por mais que o primeiro filme não fosse um primor, era no mínimo interessante ver Sean Bean como Zeus, Pierce Brosnan como um centauro, Uma Thurman como Medusa, ou Catherine Keener como uma coadjuvante que não está à altura do seu talento. Talvez fosse mais o prazer de ver outras pessoas passando por situações constrangedoras, mas ainda assim era um prazer proporcionado pelo filme. Em Mar de Monstros, tirando o elenco juvenil, ninguém voltou. Nem o pai Poseidon, com quem Percy tenta falar o tempo todo, responde. Kevin McKidd aparentemente não saiu de Grey’s Anatomy nem para gravar a voz em off. Fica apenas a curiosidade para fãs de Joss Whedon, já que Anthony Head substituiu Pierce Brosnan como Chiron e Nathan Fillion substituiu Dylan Neal como Hermes. Mas pra não dizer que todos escaparam incólumes, Stanley Tucci entrou nesse filme em mais um papel desnecessário para a sua carreira, como Dionísio. É Hollywood nos lembrando que todos temos contas a pagar.

Outra que parece não ter voltado para a continuação foi a personalidade de Annabeth (Alexandra Daddario), que no primeiro filme era ótima lutadora, rivalizava com Percy, destemida, aventureira. Em Mar de Monstros, se restringe a cair no chão e gritar por socorro. A posição de amazona do grupo infelizmente já estava preenchida por uma nova personagem, Clarisse (Leven Rambin). Annabeth sofre do mal de que interesse amoroso não pode ser tão masculinizada, nem competir com o seu homem, e esse parece ser o destino de sua personagem: ser a namorada de Percy. Com isso, transformaram a personagem mais interessante do trio protagonista em mais uma menina bobinha. Até loira ela ficou, mais apropriado para uma donzela em perigo, mais próxima da descrição dos livros.

Mas o maior problema de Percy Jackson e o Mar de Monstros é a forma com que trata seu público: como pessoas desprovidas de inteligência. Todas as viradas da trama são percebidas a quilômetros de distância; como quando um personagem é atingido e cai de um desfiladeiro em um rio. Seria grave, se já não tivéssemos sido apresentados ao fato de que filhos de Poseidon têm poder de cura quando em contato com a água. Ainda assim, passamos por todo processo de luto dos personagens, lágrimas e remorsos. São vários momentos assim que nos fazem perceber que Percy não tem 12 anos, como no livro original, mas esqueceram de adaptar também a história. Um ritmo acelerado, e muitos efeitos especiais (alguns bem ruins) não levam a história muito longe. E espero que não levem Percy Jackson a um terceiro filme.

Comentários (19)

Victor Ramos | sexta-feira, 16 de Agosto de 2013 - 17:12

O Ladrão de Raios e A Maldição do Titã são muito bons. huehue, pois é.

Thiago Lopez | sexta-feira, 16 de Agosto de 2013 - 20:19

Isso porque você ainda não assistiu "Cidade dos Ossos", Felipe. Não vi Percy 2, mas aposto que aquele faz este filme aqui parecer um Senhor dos Anéis.

Douglas Braga | sexta-feira, 16 de Agosto de 2013 - 20:51

Ótimo ter o Tostes de volta.

Felipe Tostes | sábado, 17 de Agosto de 2013 - 16:04

Vou pensar bem antes de assistir o Cidade dos Sonhos, Thiago.

E obrigado a todos pela recepção! =)

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