Muita beleza na história de um menino que quer reencontrar a sua verdadeira mãe.
Este filme russo representa a estréia do diretor Andrey Kravchuk à frente de longas-metragens. A segurança de seu trabalho é tamanha, e a qualidade de seu filme é tão impressionante, que o cineasta encanta pela sensibilidade demonstrada. O Pequeno Italiano recebeu mais de 30 prêmios internacionais, entre eles o Grande Prêmio do Deutsches Kinderhilfswerk de melhor filme, no festival de Berlim de 2005. Integrou a seleção oficial do Festival de Toronto, em 2006, e foi o representante oficial da Rússia na tentativa de conseguir uma indicação ao Oscar de melhor filme estrangeiro, também em 2006.
Vanya é um garoto de seis anos que mora em orfanato russo. Após a visita de um casal de italianos que resolve adotá-lo, ele ganha dos demais órfãos o apelido de o pequeno italiano. Enquanto espera os dois meses necessários para se juntar a sua nova família, a vida de Vanya muda completamente. Ao ver que a mãe de um ex-órfão, que fora adotado, apareceu no orfanato querendo ter seu filho de volta, o menino acredita que isso também pode acontecer com ele. Mesmo com seus amigos sendo contra a decisão do garoto, por acreditarem que ele pode ter uma ótima vida na Itália, Vanya, com a ajuda de uma adolescente, começa a aprender a ler, a fim de conseguir conhecer um pouco mais sobre seu passado e partir na tentativa de conhecer sua mãe.
O Pequeno Italiano é de uma beleza inegável. Enquanto todos invejam o provável conforto de sua futura vida na Itália, Vanya, intepretado pelo excelente Kolya Spiridonov, prefere botar tudo a perder, na tentativa de viver ao lado da sua verdadeira mãe. Tudo é muito belo, acompanhado por um sentimento de tristeza. Uma jornada de esperança encantadora. Quando a projeção chega ao fim, permanece a certeza de que a experiência de ter assistido ao filme foi maravilhosa.
O diretor tinha em mente fazer um filme sobre a situação das crianças que, em uma Rússia em crise, são obrigadas a fazer pequenos trabalhos pelas ruas do país, deixando a infância de lado. Porém, seguindo a sugestão do roteirista, ficou decidido que eles fariam um filme sobre uma matéria publicada em um jornal, sobre um menino órfão que aprendeu sozinho a ler e a escrever com a intenção de descobrir o paradeiro de sua mãe. A história vista na tela ganha mais beleza e carga emocional ao sabermos de que tudo é baseado em fatos reais. Encantador.
O tema - adoção ilegal de crianças - é universal, fato que só contribui para que a mensagem do filme chegue a diversas pessoas pelo mundo da mesma maneira. Apesar da distância, tudo parece muito próximo do nosso cotidiano. Em um lugar de jovens desacreditados por todos, e por si mesmos, em que o destino parece lhes reservar um futuro de marginalidade e prostituição, O Pequeno Italiano nos traz esta mensagem de esperança, de um pequeno herói que não cede às comodidades ou às dificuldades de sua vida. Ainda muito criança, já amadureceu devido às condições de sua vida e não desiste de alcançar seus ideais. Com apenas seis anos de idade, Vanya é muito mais do que um pequeno italiano; é, na verdade, um grande russo.
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