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Críticas

Cineplayers

Óbvio e superficial, o filme serve apenas como escapismo para um público menos exigente.

5,0

Filme adolescente. Esse é o resultado de Paranóia, produção que alcançou bons números nas bilheterias norte-americanas, ficando mais de três semanas na primeira colocação. É direcionado apenas ao público jovem e, assim, apresenta todas as limitações e problemas de um filme feito para essa faixa etária, como a necessidade de inserir um romance tolo e desnecessário que acaba por prejudicar o andamento da trama principal. O protagonista de 17 anos é um adolescente do subúrbio americano que enfrenta o tédio da reclusão, em casa.

Depois de sofrer um acidente de carro que resultou na morte de seu pai, Kale (Shia Labeouf) muda seu compartamento e passa a ser um jovem problemático. Quando um professor de espanhol faz um comentário infeliz envolvendo seu pai, o garoto agride o professor, e acaba sendo condenado a três meses de prisão domiciliar, não podendo ultrapassar 50 metros dos limites de sua residência. Depois de ter seu videogame e outras formas de diversão confiscados por sua mãe, Kale resolve, como forma de passar o tempo, espionar a vida de seus vizinhos.

Com uma câmera digital em mãos, Kale começa a praticar o voyeurismo ao filmar a rotina de sua nova vizinha, Ashley (Sarah Roemer), uma bela adolescente que agrada o jovem. Além dela, Kale filma, também, a rotina de seu outro vizinho, Mr. Turner (David Morse), que pelas imagens feitas pela lente do garoto, pode ser um perigoso serial-killer. Assim, o garoto percebe que um verdadeiro reality show está acontecendo à sua volta.

As comparações com Janela Indiscreta, de Alfred Hitchcock são inevitáveis, mas aqui, além do binóculo, acompanhamos um jovem que tem a seu favor, no que inicialmente era apenas uma brincadeira de espionar os vizinhos, um grande aparato tecnológico, incluindo câmeras, que tansmitem em tempo real as imagens captadas em vídeo para a tevê de seu quarto. A versão moderna, por assim dizer, do clássico de Hitchcock, pode até possuir uma premissa realista, apesar de não ser original na forma como o longa desenvolveu seu conteúdo. Então, por que duvidar do que é apresentado? Motivo para isso não há, mas alguma coisa saiu errada pelo caminho, e o filme não conseguiu sair do óbvio.

O grande problema é que o roteiro de Christopher Landon e Carl Ellsworth é previsível demais. A partir da metade da projeção diversos trechos podem ser antecipados pelo espectador sem maior esforço, até o desfecho totalmente esperado. Não que não seja uma obra digna, até é. Mas ficou com muita cara de uma obra mastigada para um público pouco exigente, que se contenta em ir ao cinema como forma de passar o tempo.

Porém, a atuação do elenco está de acordo com as necessidades do filme, e o jovem Shia Labeouf, que pôde ser visto recentemente em Transformers e Bobby, começa a surgir como um bom nome da nova safra de atores. Nisso, o diretor D.J Caruso acertou. Entretanto, apesar de uma direção que não compromete, Caruso vê seu filme ir por água abaixo devido às falhas de roteiro. 

No final das contas, Paranóia acabou ficando sem gênero. Suspense não chega a ser, terror também não é. Faz parte de uma nova categoria: entretenimento para adolescentes norte-americanos. De maneira geral, o filme falha: o começo é interessante, mas demora muito para chegar aonde quer e quando chega, não sai do conhecido.

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