5,0
Órfãos do Eldorado (idem, 2015) carrega consigo todo um fetichismo pelas imagens exuberantes da natureza, fotografada de maneira estilizada, dando o tom desde o início de um dos principais elementos que marcam a obra de Milton Hatoum: uma certa força vital que circunda seus autodestrutivos personagens, tragados pela loucura individual e pressões sociais, carregando um histórico de opressão atrás de si e incapazes de comungar com um elemento comum e uma natureza da qual todos inevitavelmente fazem parte.
A história do protagonista Arminto Cordovil, que volta à casa do pai que arruinou as economias da família na tentativa de construir o barco Eldorado passa bastante tempo sem carregar um fio condutor em si, com o personagem reencontrando Florita, que morou com ele e seu pai quando Arminto era criança e que acabou azedando a relação familiar, em uma disputa pela mulher que aparentemente acabou com o afeto entre os dois.
O fio condutor é encontrado quando, em um show de música, o personagem se apaixona pela cantora e passa a persegui-la, sendo o prego na tampa do caixão da família, que fadada a uma história de mulheres oprimidas e engolidas pelas loucuras e obsessões dos homens que já prejudicaram mais de uma pessoa a seu redor, acaba criando uma trama que relaciona anseios pessoais com a história do povo do Pará.
Em si, o filme tenta sumarizar enquanto segue sem rumo; após nos apresentar suas figuras centrais e desenvolver algumas das primeiras viradas, pula-se de cena em cena sem finalidade específica, não sendo um problema em si a falta de um nexo lógico mas a frequência de cenas que passam a transmitir ideias gerais de forma repetida - o amargor com o pai, o ressentimento com a mulher, a decadência social - fazendo com que o filme demore um bom tempo até encontrar seu rumo.
Com o seu rumo uma vez encontrado, o filme transfigura-se de monotonia rancorosa para perseguição obsessiva, de forma tardia e que dá um tom diferenciado para a história. A construção do filme, se por um lado pretende-se aberta, por outro não apresenta grandes vigas de sustentação dramática; o filme e o que se acompanha pode mudar a qualquer momento.
Com tudo isso posto, pode-se questionar o quanto uma obrigatoriedade dramatúrgica pode ser imposta sobre um filme, uma vez que tudo depende da proposta. E justamente: ao pretender-se narrativo, Órfãos do Eldorado não constrói grandes tensões e intenta afetar pelas grandes mudanças; com o tema da natureza constantemente repetido na cinematografia, com a paleta de cores, com a persistência de encenação de potenciais símbolos injetados na trama de maneira didática e repetitiva, o filme parece capaz de transpor o espírito do livro para a tela grande; mas parece muito encantado com as próprias ideias de tema e estilo, criando um filme que, carregando certa beleza, constrói pouco, passando a ir e tornar aos seus artifícios em uma cartilha compreendida rápida; o que parece restar, então, é um filme travado no meio do caminho em potencialidades que pouco se concretizam.
A história do protagonista Arminto Cordovil, que volta à casa do pai que arruinou as economias da família na tentativa de construir o barco Eldorado passa bastante tempo sem carregar um fio condutor em si, com o personagem reencontrando Florita, que morou com ele e seu pai quando Arminto era criança e que acabou azedando a relação familiar, em uma disputa pela mulher que aparentemente acabou com o afeto entre os dois.
O fio condutor é encontrado quando, em um show de música, o personagem se apaixona pela cantora e passa a persegui-la, sendo o prego na tampa do caixão da família, que fadada a uma história de mulheres oprimidas e engolidas pelas loucuras e obsessões dos homens que já prejudicaram mais de uma pessoa a seu redor, acaba criando uma trama que relaciona anseios pessoais com a história do povo do Pará.
Em si, o filme tenta sumarizar enquanto segue sem rumo; após nos apresentar suas figuras centrais e desenvolver algumas das primeiras viradas, pula-se de cena em cena sem finalidade específica, não sendo um problema em si a falta de um nexo lógico mas a frequência de cenas que passam a transmitir ideias gerais de forma repetida - o amargor com o pai, o ressentimento com a mulher, a decadência social - fazendo com que o filme demore um bom tempo até encontrar seu rumo.
Com o seu rumo uma vez encontrado, o filme transfigura-se de monotonia rancorosa para perseguição obsessiva, de forma tardia e que dá um tom diferenciado para a história. A construção do filme, se por um lado pretende-se aberta, por outro não apresenta grandes vigas de sustentação dramática; o filme e o que se acompanha pode mudar a qualquer momento.
Com tudo isso posto, pode-se questionar o quanto uma obrigatoriedade dramatúrgica pode ser imposta sobre um filme, uma vez que tudo depende da proposta. E justamente: ao pretender-se narrativo, Órfãos do Eldorado não constrói grandes tensões e intenta afetar pelas grandes mudanças; com o tema da natureza constantemente repetido na cinematografia, com a paleta de cores, com a persistência de encenação de potenciais símbolos injetados na trama de maneira didática e repetitiva, o filme parece capaz de transpor o espírito do livro para a tela grande; mas parece muito encantado com as próprias ideias de tema e estilo, criando um filme que, carregando certa beleza, constrói pouco, passando a ir e tornar aos seus artifícios em uma cartilha compreendida rápida; o que parece restar, então, é um filme travado no meio do caminho em potencialidades que pouco se concretizam.
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