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Críticas

Cineplayers

Flávio vai contra a maré e concorda com a indicação como melhor filme estrangeiro pelo Brasil.

9,0

Olga Benário foi uma mulher que lutava por seus sonhos. Ela era judia alemã e vinha de uma família consideravelmente rica, mas, insatisfeita com o mundo e com o rumo que a História tomava, largou tudo e foi à Rússia treinar táticas militares com os comunistas. O que ela não esperava era uma missão ao Brasil, na qual deveria fingir ser esposa de Luís Carlos Prestes, revolucionário brasileiro, garantindo sua segurança até o momento em que chegassem ao país.

Esta é a premissa de "Olga - Muitas paixões numa só vida", adaptação cinematográfica do livro de Fernando Morais, resultando num filme bem dosado, bem-feito e visualmente impecável, contando a trajetória da comovente Olga e sua relação amorosa.

Assim que a projeção se inicia, a protagonista está num campo de concentração, e a partir daí, vai relembrando os momentos marcantes de sua vida: a decisão de treinar com os comunistas, o momento em que conheceu Carlos Prestes, seus relacionamentos, sua chegada ao Brasil, os apuros por qual passou no país, entre outros.

A trama segue bem amarrada, desenvolvendo a história de várias personagens, mas obviamente as que mais se destacam são Olga (Camila Morgado) e Luiz Carlos Prestes (Caco Ciocler). A princípio, pode-se pensar que os dois são maus atores, porque os diálogos entre eles muitas vezes soam forçados, mas isso ocorre porque Olga é uma personagem seca e direta com as palavras. Quanto a Luiz Carlos, o máximo que se pode conjecturar é que o ator estava apenas procurando seu espaço na trama. De qualquer maneira, mais ou menos no meio do enredo os atores se firmam no filme e desenvolvem suas personagens muito bem. Camila Morgado, por exemplo, chega a surpreender em inúmeros momentos, atingindo o auge de sua interpretação numa cena que envolve Olga, uma criança e alguns soldados nazistas. A atriz nunca deixa os bons momentos escaparem, agarra-os com convicção e os repassa aos espectadores com firmeza, veemência e profissionalismo.

Outras interpretações merecem ser mencionadas. A mãe de Luiz Carlos, D. Leocádia Prestes, ficou ao encargo de Fernanda Montenegro, que, como de praxe, cumpriu seu trabalho de maneira exemplar. Osmar Prado, Floriano Peixoto, Murilo Rosa e Mariana Lima são outros nomes que também devem ser mencionados.

Mesmo com um elenco de peso e uma trama bem construída, o filme comete alguns deslizes - mínimos, que não chegam a fazer muita diferença, mas que podem ser observados por olhos mais atentos e criticados por bocas mais cruéis. Trata-se dos desagradáveis clichês, presentes em cenas mais dramáticas, como aquela em que Olga é forçada a se separar de Luiz Carlos. Eles se abraçam, sussurram palavras de amor, choram e, em câmera lenta, despedem-se. Aliás, a câmera lenta foi amplamente utilizada no filme, para reforçar os momentos mais emocionantes, mas, às vezes, seu uso poderia ter sido evitado.

Quanto aos outros aspectos técnicos do filme, observa-se um esmero incrível dedicado a figurinos, locações e fotografia, algo provavelmente nunca antes visto no cinema nacional. Pensar que tudo aquilo foi filmado no Rio de Janeiro é difícil, principalmente quando se vêem detalhes impecáveis e uma veracidade fantástica nos cenários: neve, água, todos os elementos que compõem uma locação bem-feita estão lá. A maquiagem, ainda que simples, não demonstra falhas - até mesmo a expressão cadavérica das personagens no campo de concentração é extremamente realista.

A música de Marcos Vianna cumpre seu papel dentro do filme: o de transmitir a emoção necessária aos espectadores através das melodias. Alguns arranjos são simples e modestos, mas muito bem trabalhados, assim como os mais complexos. De qualquer maneira, a essência emocional de cada cena é repassada ao público de maneira forte e ainda assim muito sutil, com melodias emocionantes e bem acabadas.

Enfim, Olga é um exemplo para a indústria cinematográfica nacional. Consta de bons atores, ótima produção técnica, ótimo roteiro, excelente direção. É importante que os brasileiros aprendam a apreciar esta peça do cinema brasileiro, para conhecerem as pessoas que tentaram revolucionar o país e entenderem um pouco mais de sua história, ou para simplesmente conferirem a magnífica trajetória de Olga Benário.

Comentários (2)

Kennedy | sábado, 27 de Agosto de 2011 - 00:25

É chato mesmo ver um filme que parece novela, mas que discriminação com novelas. Isso chega a irritar. Bom, não posso dá muito minha opinião pois nem assisti o filme.

Marcus Almeida | segunda-feira, 05 de Setembro de 2011 - 16:51

Elogia, elogia e não justifica, esse filme é um lixo!

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