Um filme ainda que não ótimo, surpreendentemente divertido, mesmo com os mesmos clichês de sempre. Vale conferir!
Um filme que merece ser visto! Não chegou aos cinemas porque simplesmente não houve lugar para ele nas salas nacionais e, claro, porque quem decide o quê entra e o que não entra em cartaz não entende muito do assunto. Mas está aí um filme ágil, extremamente divertido, tenso, assustador e, porque não dizer, sexy. São tantas características boas que elas se sobrepõem facilmente aos clichês, que não são poucos, mas convenhamos: quando o filme empolga, diverte, e os clichês não fazem o espectador de imbecil, isso é só um detalhe mínimo.
Com poucos minutos de filme um aspecto logo chamará a atenção: a montagem. Quem conhece o filme anterior do diretor Wayne Kramer – The Cooler – vai perceber que a montagem deste seu novo filme é uma grande evolução da já relativamente ousada montagem daquele filme. Aqui, Wayne abusa da ilusão de óptica (nem tudo é o que parece) e brinca o tempo todo com a imagem, criando cenas interessantes e divertidas, em sua maior parte. O diretor “pega emprestado” um pouco do estilo de David Fincher em O Quarto do Pânico, por exemplo, e segue o ritmo de um bom Tarantino. Às vezes há um visível exagero, e fica fácil notar que o estilo se sobrepõe à substância.
E realmente: o estilo de fato se sobrepõe à substância. Mas pelo menos o estilo é bem vigoroso, tanto que até os créditos finais são bem feitos, recontando em poucos minutos a história que acabamos de acompanhar, como em uma espécie de gibi animado. Quanto ao ritmo, ele é absolutamente frenético: desde a cena inicial (que na realidade é uma das últimas cenas em ordem cronológica do filme) até o seu final, vemos os personagens em situações cada vez mais cabulosas: bandidos, mocinhos, policiais, crianças, todos correndo atrás de uma só coisa: a arma do crime, que deve ser recuperada a todo custo, por várias razões diferentes.
Embora seja um tanto quanto gratuita e deslocada da história principal, uma cena em especial pode ser considerada aterrorizante, de uma forma que nem os melhores filmes de terror recentes conseguiram ser. Somados! É uma seqüência relativamente grande envolvendo um casal de pedófilos, que seqüestra uma das crianças do filme que também estava correndo atrás da tal arma. A construção dessa seqüência é absurdamente genial, e por si só vale o filme. Os sons, música, cenários e comportamento de todos durante a cena é de fazer gelar a espinha, e merece não menos que uma grande menção em qualquer texto sobre o filme. Mais uma prova de que o clima é tudo em filmes de terror (e este não é um filme de terror) – uma lição que deveria ser cumprida à risca por todos os diretores medíocres que filmam o gênero ultimamente.
O elenco não possui reais talentos, mas o roteiro ágil combina perfeitamente com Paul Walker, e as duas crianças principais muitas vezes carregam algumas cenas nas costas. E a bela Vera Farmiga, como a esposa de Walker, consegue atiçar a curiosidade dos adolescentes (obviamente o público alvo desse filme) com sua sensualidade. O filme possui classificação 18 anos na maioria dos países em que foi lançado, isso devido à sua extrema violência. Ele não poupa sangue, às vezes desnecessariamente, quase como um culto à violência. Porém, em época onde trabalhos como Jogos Mortais e O Albergue são populares, não há o que temer, pois não há aqui nada que não se tenha visto inúmeras vezes anteriormente.
No Rastro da Bala é uma boa surpresa, de onde não se poderia esperar muita coisa. Agora disponível em DVD, deve conquistar público aos poucos, pois é um filme muito recomendado para quem gosta de ação e suspense sem precisar, necessariamente, deixar de pensar um pouquinho. Há muita coisa exagerada e cenas desnecessárias, mas o resultado não é fraco mesmo com esses elementos. Bem pelo contrário, há alguns elementos e alguns momentos que podem fazer qualquer um gritar a qualquer momento: “holy shit”. No final o filme derrapa e vira quase um amontoado de cenas sem controle algum, mas aí o nível de adrenalina está no máximo, e o diretor já conseguiu conquistar seu público, então ele poderia fazer isso sem muitos problemas. E o fez, e bem feito. Recomendadíssimo!
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