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Críticas

Cineplayers

Uma atrocidade do gênero "terror", que não assusta nem mosca, muito menos diverte.

2,0

Este filme pode ser facilmente definido com uma simples palavra: "horrível". É uma das maiores atrocidades lançadas para adolescentes nos Estados Unidos e que vieram parar nos cinemas brasileiros dos últimos meses. Minto: dos últimos anos. O diretor é ninguém menos que Steve Beck, o mesmo do também horripilante (mas um pouco menos) 13 Fantasmas. Esperemos apenas que Beck não resolva fazer uma trilogia "Fantasma". Nem mesmo no título o diretor consegue ser original.

A história de Navio Fantasma é sobre um competente grupo de salvamento de navios. Antes de tirarem umas férias merecidas, o grupo recebe uma proposta irrecusável: um rapaz exibe uma foto aérea de um enorme transatlântico, aparentemente abandonado, no meio do Estreito de Bering (região entre o ponto mais Oriental da Rússia e o ponto mais Ocidental do Alaska, ou vocês não gostam de Geografia?).

Chegando lá, o grupo descobre que aquele é um famoso navio desaparecido há 40 anos (hein!?) e logo já estão dentro dele procurando por tesouros, que certamente serão encontrados. Aos poucos, os integrantes separados (logicamente) vão descobrindo, um a um, segredos do que provocou o desaparecimento do navio e a morte de todos os seus tripulantes (e de outras equipes que descobriram, como eles, o navio desaparecido). Quem conta esses segredos são fantasmas. Sim, eles mesmos! O problema é que nenhum desses fantasmas assustaria nem uma criança de oito anos, quanto mais um adolescente, que é obviamente o público alvo dessa película.

O que falta mesmo é clima. Filme de terror/suspense sem clima de terror/suspense não é filme de terror/suspense. Beck não dá nenhum desenvolvimento a seus personagens e também não cria uma atmosfera fantasmagórica para o navio, o que poderia fazer o filme funcionar um pouco melhor. As imagens, os fantasmas e as situações são jogadas rapidamente à sua frente, sempre apelando para sustos auditivos mais que visuais. Se não fosse pelo título, dificilmente você saberia que estava assistindo um filme do gênero. O diretor (e muitos outros também) deveria entender que rock pesado e explosões enormes NÃO assustam de jeito nenhum, e tiram completamente o clima de terror de um filme.

A cena mais legal do filme, e a única que talvez, quem sabe, porventura, numa dessas, etc, que valha assistir é a cena inicial, um verdadeiro banho de sangue que deixaria Jason babando... Mas mesmo tal cena é ridiculamente engraçada (quando deveria ser tensa). A resolução da história, então, é outra palhaçada ainda maior. É puramente cômica e sem pé nem cabeça. Praticamente tudo no filme que tem relação sobrenatural não faz sentido. Bem, talvez seja por ser sobrenatural. Mas que não faz sentido, não faz. Qual a explicação, só para citar um exemplo, de que em dado momento uma pessoa não pode tocar um fantasma (pois ela transpassa por ele) e em outro o toque é totalmente possível e normal?

Não dá nem pra cobrar dos atores com um roteiro como esse. O principal ator do grupo é Gabriel Byrne (de Stigmata), e nem ele, competente como é, conseguiria salvar um filme assim. O único ponto positivo de Navio Fantasma (você ainda está lendo isso aqui?) é mesmo a direção de arte. O mesmo ocorreu em 13 Fantasmas, onde a casa e o desenho dos fantasmas, mesmo não sendo assustadores, eram muito bem feitos. Aqui os sets dentro do navio são muito bacanas, embora o filme não os aproveite muito bem. O transatlântico visto no filme é um belo navio. Se o filme fosse bom, deveria ser um navio aterrorizante.

Esse filme foi lançado em outubro de 2002 nos Estados Unidos, na semana do Halloween. Talvez da próxima vez seja melhor relançar no cinema clássicos reais do gênero, como O Iluminado, ou mesmo os primeiros filmes das séries Halloween ou Sexta-Feira 13. Pelo menos eles são divertidos e têm a atmosfera que o gênero exige para funcionar. Steve Beck, cuidado com o seu próximo filme... Ou melhor: pessoal, cuidado com o próximo filme de Steve Beck.

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