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Críticas

Cineplayers

Nostalgia com gosto de novidade.

7,0

O entretenimento infantil hoje se enveredou para um caminho mais complexo de histórias intergalácticas, efeitos especiais de última geração, cinema em 3D, super heróis moderninhos, animações computadorizadas realísticas e temáticas de cunho pedagógico que visam conscientizá-los da importância de preservar o meio ambiente, entre outros deveres. Mas não foi sempre assim, e os que viveram a infância durante as décadas de 1970 e 1980 sabem que a idéia de se divertir com a televisão ou no cinema era um tanto diferente. Não seria improvável que estes se lembrem de dois programas televisivos que foram febre entre a criançada da época e que hoje são verdadeiras incógnitas para a nova geração infantil – Vila Sésamo e Os Muppets, do produtor Jim Henson.

Muito mais simplista, Os Muppets era um programa que se valia da dinâmica dos fantoches interagindo com pessoas de verdade para divertir seu público. Seu humor consistia em algo meio nonsense, e seus personagens eram de uma diversidade tão grande que é praticamente impossível não gostar de pelo menos um deles. Mas o tempo passou, e embora a trupe de fantoches tenha ganhado aventuras até nos cinemas, foi inevitável que caísse no esquecimento de uns anos para cá. Portanto, hoje em dia, quase nenhuma criança poderia afirmar que conhece Caco, o Sapo, Miss Piggy, Animal, Urso Fozzie e Gonzo, a menos que o ator e roteirista Jason Segel e o diretor Jim Bobin aparecessem com seu novo Os Muppets (The Muppets, 2011).

Mais do que tirar do baú esse conjunto de personagens icônicos, os produtores de Os Muppets têm como proposta nesse novo trabalho unir gerações de pais e filhos através de um filme de apelo nostálgico, mas ao mesmo tempo muito atual. Eles souberam manter a essência humorística do programa original e ainda assim incluir referências populares que estão em alta no momento. Por exemplo, entre os convidados que fazem uma ponta no filme, aparece desde a veterana no humor Whoopi Goldberg até o ídolo pop adolescente de hoje Selena Gomez, passando nesse meio tempo por personalidades como Jack Black e Emily Blunt (muito à vontade no papel de recepcionista de Miss Piggy).

Mas tamanha quantidade de estrelas não é o suficiente para ofuscar os nossos protagonistas fantoches, que surgem com toda a força em uma aventura empolgante que resgata aquilo de mais inocente e singelo que havia no humor infantil de outras gerações, mas sem deixar de lado o que hoje faz sucesso com a criançada. Aproveitando-se do esquecimento do público perante a figura dos Muppets, a trama se inicia com a trupe desmanchada, em que cada um seguiu um rumo diferente. Kermit (conhecido no Brasil como Caco, o Sapo) mora em uma mansão hollywoodiana em estado de depressão e nostalgia dos tempos de glória; Gonzo é um encanador de alta classe (por mais estranho que possa parecer); Miss Piggy se tornou a editora fashion da Vogue de Paris; Fozzie seguiu com uma performática banda de tributo aos Muppets; e Animal, um tipo de homem das cavernas, virou gerente de um centro de reabilitação para celebridades.

Agora que todos estão separados, o famoso Teatro Muppet entra em perigo quando o inescrupuloso magnata Tex Richman (Chris Cooper) decide comprar o terreno para explorar o petróleo que há na região. Inconformado com a idéia, o maior fã dos Muppets de todo o mundo, Walter (um boneco dublado originalmente por Peter Linz) junta forças com seu irmão Gary (Jason Segel) e sua cunhada Mary (Amy Adams) para reunir novamente os Muppets e impedir que o teatro seja demolido.

Com esse ponto de partida, o roteiro usa muito de metalinguagem e piadas afiadas para retratar o mundo do show business em Los Angeles, enquanto familiariza as crianças com os personagens já velhos conhecidos nossos, mas tão inéditos para eles. O resultado é uma história dinâmica e de bom gosto, que em momento algum perde o equilíbrio entre a nostalgia e a novidade.

Jason Segel, oriundo de comédias escrachadas como Ressaca de Amor (Forgetting Sarah Marshall, 2008), apresenta um trabalho de suavidade surpreendente, que ganha muito mais charme e inocência com a participação de Amy Adams, cujo perfil se mostra ideal para esse tipo de aventura. E o mais interessante nisso tudo é que seu objetivo não é somente começar uma nova saga com base no sucesso que os Muppets conquistaram no passado. Esse filme veio com o intuito de apresentar à nova geração um pouco da inocência e diversão genuína que tanto marcou a infância de seus pais ou avós. Ao mesmo tempo, apresenta aos adultos um pouco das novidades que andam fazendo a cabeça dos pequenos.

De todas as produções para o público infantil lançadas esse ano, nenhuma foi tão certeira quanto Os Muppets, que traz consigo um sopro de frescor que ninguém jamais imaginaria encontrar em personagens originais da década de 1970. Prova do humor atemporal e singelo deles que tanto divertiu outras gerações, e que agora está disponível mais uma vez aos mais novos, continuando assim sua trajetória de sucesso e irreverência. De tempos em tempos, é essencial que eles voltem e resgatem em nós alguns sentimentos perdidos em lembranças de infância.

Comentários (8)

Renata Scholtz | segunda-feira, 05 de Dezembro de 2011 - 20:08

Eu não conheço a série dos Muppets, mas vi os Smurfs, que também não conhecia, e achei uma graça, bem infantil, obviamente, só não pude dizer que é nostálgico pra mim.

Liliane Coelho | terça-feira, 06 de Dezembro de 2011 - 17:52

Eu só assisti Muppet Babies quando criança. Mas não pretendo ver esse filme, ao menos no cinema, porque já me disseram que a dublagem é horrível.

Luciana Pereira de Souza | segunda-feira, 12 de Dezembro de 2011 - 15:44

É puro saudosismo ou tem algo mais? Fiquei com essa dúvida...

Raphael da Silveira Leite Miguel | quinta-feira, 02 de Agosto de 2012 - 01:51

O filme tem uma primeira parte fraca, com uma jornada meio sem sal. Após recrutarem todos os Muppets, o filme dá uma guinada e fica muito bom, aí tem o show e fica muito bom mesmo.

Como comentaram aí, se não focasse o público novo, poderia ficar melhor ainda, mas conseguiu mesclar novas situações com outras um tanto nostálgicas.

Também adorei as auto-referências e participações especiais das celebridades, mas o mais legal é rever cada Muppet mostrando o melhor de sua personalidade... Pura nostalgia,

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