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Críticas

Cineplayers

Saboreie o delicioso mundo dos clichês.

6,5

Mulheres – O Sexo Forte é um filme que, da primeira á última cena, é feito de imagens, idéias e personagens compostos do que chamamos de lugar-comum. Tudo que acontece no filme se enquadra no óbvio, no já-dito, no repetido. Todos os tipos são estereótipos; o roteiro cumpre metodicamente o que é pregado nos manuais (que ensinam justamente a fazer filmes iguais).

Assim, como é possível que Mulheres escape de se tornar um lixo completo e inassistível e resulte num programa agradável e interessante? É a habilidade inequívoca de trabalhar em cima do clichê e transformar o óbvio em um óbvio bacana. Será possível dizer que há inteligência e originalidade em uma produção que se apóia nos lugares-comuns, que se traduz em tudo que é batido? Sim, é possível – porque é viável dizer que o clichê feito com qualidade vale tanto quanto (ou mais) que a criatividade mal-executada.

Mulheres tem o mérito de fazer bem-feito. Em primeiro lugar, tem uma propriedade em vias de extinção no cinema de massa atual: diálogos ágeis e inteligentes. As falas dinâmicas dão ótimo ritmo ao filme e atuam com o propósito de manter o público atento, sempre ligado no que vai acontecer – e, também, envolvido com as protagonistas. É evidente: para que o texto tenha o efeito positivo que tem, é fundamental que seja interpretado de maneira adequada. Nesse sentido, vem o segundo trunfo da produção: um elenco impressionante dá vida às mulheres, e passa pelos ótimos desempenhos femininos o êxito do texto, das frases, e de tudo que é dito – sempre de forma passional, afetiva, viva.

Apesar do que possa parecer, Mulheres não é um filme apenas para mulheres. Se é calcado em conflitos de personagens femininas, isso não restringe o alcance dos temas, tratados de uma forma que os torna universais. Além disso, vale frisar – mais uma vez – que a qualidade dos diálogos faz o texto ficar agradável para qualquer gênero ou idade.

Por fim, há a interessante opção de não exibir um homem sequer em cena. Todos os personagens masculinos existem somente pelo que é dito deles, e suas ações são conhecidas apenas pelos depoimentos das mulheres. Interessante é que eles estão lá o tempo todo – inclusive, pode-se dizer que um dos protagonistas é um homem –, mas sem jamais aparecer na tela. Isso faz uma brincadeira interessante com a necessidade que as mulheres têm da presença de homens e com a auto-suficiência do universo feminino. A ironia final em relação a isso desfaz a possibilidade de leitura de um discurso feminista e termina o filme num tom adequado.

Mulheres não estará em nenhuma lista dos melhores filmes do ano, mas tem qualidades suficientes para que não haja arrependimento pelo dinheiro investido no ingresso. Afinal, seus clichês são ao menos competentes e muito divertidos.

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